Durante o próximo mês provavelmente não vai ouvir falar de muito mais coisas que não o Mundial de futebol no Brasil. Quem joga, quem marca, quem passa, quem se lesiona, quem é prejudicado, quem é beneficiado, quem vai vencer. Tudo isto vai ser discutido na comunicação social, nas ruas, nas casas e nos cafés. Mas se é daquelas pessoas que não suporta futebol ou, pelo menos, não durante um mês inteiro, também há vários tópicos que pode atirar durante uma discussão sobre a prova. O Le Figaro fez uma lista e nós decidimos fazer um resumo.

  1. O Brasil assiste à maior contestação social de sempre. Os brasileiros reclamam acesso a uma saúde e educação de qualidade “padrão FIFA”, uma expressão que se tornou comum durante os protestos para chamar a atenção para os gastos do país na construção ou requalificação de estádios e outras infraestruturas. No total, o Mundial custou ao Brasil 11 mil milhões de euros e até os bispos criticaram a organização por aquilo que consideram ser um excesso de gastos. Se lá no Brasil criticam, por que não criticar cá?
  2. A FIFA também atravessa uma das suas fases mais conturbadas, no meio de suspeitas de corrupção relativamente à escolha do Qatar como país anfitrião do Mundial em 2022. Joseph Blatter, o presidente da organização, tem estado debaixo de fogo, sobretudo dos patrocinadores, mas ainda assim anunciou a sua recandidatura ao cargo que ocupa desde 1998. Ora, se a FIFA organiza e perdeu credibilidade, quem garante que o campeonato se joga pelas regras?
  3. Os mundiais de futebol são alturas tipicamente propícias ao aumento exponencial da prostituição e, em particular, da prostituição de menores. No Brasil, estima-se que existam mais de um milhão de prostitutas, um número que deverá aumentar durante o mês da competição, à semelhança do que aconteceu na África do Sul em 2010 e também na Alemanha em 2006. Os bordéis brasileiros investiram em aulas de inglês para as suas trabalhadoras, só por causa da competição. Eis uma crítica que ninguém contestará.
  4. A pegada ecológica do Mundial será de 2,7 milhões de toneladas de CO2 – estima a FIFA -, provenientes sobretudo das viagens internacionais de avião para o país e das deslocações entre as cidades. A organização do futebol mundial comprometeu-se com medidas especiais de sustentabilidade para a competição e também garantiu que arranjaria formas de compensar essas emissões. Mas parece uma promessa verde.
  5. Portugal não deverá passar dos quartos-de-final, a acreditar num estudo da Goldman Sachs, que dá o Brasil como campeão, batendo a Argentina na final. A Argentina é, aliás, o carrasco previsto para a seleção das quinas. Chegados aqui, das duas uma: ou encontramos aqui a razão certa para atirar setas à empresa norte-americana, ou arranjamos um programa alternativo para evitar um desgosto. Vamos a isso:

Outras coisas a passar-se neste mês

Ainda antes do fim do Mundial, outros eventos desportivos vão ter lugar. É o caso, por exemplo, do torneio de ténis de Wimbledon, que se realiza entre 23 de junho e 6 de julho. Também a 101ª edição do Tour de France tem início durante a Copa, a 5 de julho, em Yorkshire, no Reino Unido, prometendo as habituais emoções fortes aos fãs de ciclismo.

Fora do âmbito desportivo, os acontecimentos também são muitos e variados. Entre 25 e 29 de junho decorrerá o Festival de Glastonbury, com um cartaz de peso: Arcade Fire, Kasabian, Metallica, Massive Attack e muitos outros, alguns dos quais passarão pelo português Optimus Alive, que será entre 10 e 12 de julho, acabando precisamente na véspera do fim do Mundial. Ainda na música, decorre já este fim de semana o festival ERP Remember Cascais, com nomes nunca esquecidos como Lena d’Água, Bananarama ou Billy Ocean.

E, claro, junho é mês de Santos Populares de norte a sul do país. As Festas de Lisboa, que têm o seu ponto alto na noite desta quinta-feira, mantêm-se até 3 de julho. Também o Porto já está em festa, apesar de a noite mais longa da cidade Invicta só se comemorar a 23 de junho, véspera do dia de São João.

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