Esta terça-feira foi o primeiro dia oficial das eleições primárias e os dois candidatos quiseram assinalar o dia, de maneiras diferentes, mas à mesma hora. António Costa marcou para a sede do partido, em Lisboa, um desfile de personalidades independentes que se foram inscrever como militantes e elogiar o trabalho do autarca. António José Seguro tinha marcada uma reunião na Assembleia da República, para meia hora depois, sobre o mapa judiciário. No fim, os dois candidatos tinham o mesmo objetivo em mente: assinalar o arranque das eleições primárias para chamarem o maior número de simpatizantes ao voto.

No Rato, António Costa preparou uma cerimónia de entrega de fichas de várias personalidades que o elogiaram pelo trabalho desenvolvido ao longo da vida enquanto responsável político, desde o trabalho no Governo ao de autarca de Lisboa. E foi essa a mensagem que quis passar: de alguém que já teve responsabilidades e que por isso pode dar mais garantias do que quem não teve, numa indireta a Seguro. Disse Costa que “os políticos concentram-se em prometer o que querem fazer para futuro, [eu] posso prometer para futuro a garantia do que fiz no passado”.

E para elogiar esse trabalho do passado (e do presente), o autarca ouviu José Sá Fernandes garantir que mantém a independência, mas que apoia Costa para primeiro-ministro porque “consegue unir coisas que aparentemente são antagónicas”. Antes mesmo de a conferência começar, a candidatura de António Costa deu a conhecer nomes de simpatizantes “independentes” que vão participar nas primárias e votar em António Costa. É o caso de José Sá Fernandes, atual vereador da Câmara de Lisboa, do escritor António Mega Ferreira ou da antiga presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Simonetta Luz Afonso. Além destes nomes, constam da lista de quinze nomes dois ex-secretários de Estado de Governos socialistas (de António Guterres e José Sócrates), como é o caso de Maria Manuel Leitão Marques ou Diogo Lacerda Machado. Os simpatizantes inscreveram-se no primeiro dia, simbolicamente.

Seguro satisfeito

Ao mesmo tempo, António José Seguro falava no parlamento. O líder do PS e agora candidato às eleições primárias socialistas esteve reunido com uma delegação da Associação Nacional de Municípios sobre o novo mapa judiciário antes de estes se manifestarem em frente à Assembleia da República. Sobre a política do Governo, o líder do PS defendeu que se devia repensar a distribuição da “rede” da justiça pelo território e deixou a proposta de em vez de se fecharem tribunais, passarem a ser os magistrados a deslocar-se a mais do que um tribunal, consoante o número de processos. “Também se poupava dinheiro”, frisou.

Quanto às eleições primárias, e já enquanto candidato, Seguro quis referir que está “muito satisfeito” com o facto de uma ideia que tinha sido tão contestada ser agora aceite por todos. Disse Seguro, até, que nota “uma certa adesão a uma nova forma” de fazer política. E concluiu: “isso deixa-me muito satisfeito”. Apesar de o secretariado nacional do partido decidir hoje qual o orçamento que o PS vai disponibilizar para a campanha às eleições primárias, António José Seguro recusou esclarecer qual é o valor que pretende remetendo a decisão para os responsáveis da área financeira.

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