Quando, pelas 21h30, a assessora do PS Açores avisa os jornalistas, em Ponta Delgada, que é em Lisboa que vai ser feita a primeira declaração sobre a noite eleitoral, alguma coisa não estava bem. Por essa altura já era claro que um terramoto político tinha atingido os Açores: 25 na escala de Richter. Longe dos 29 deputados que o PS precisava para ter maioria absoluta, mais longe ainda dos 30 deputados que o PS tinha até aqui, os socialistas ficaram-se pelos 25 deputados, e pela pior prestação de sempre em regionais desde que chegaram ao poder em 1996 (aí tiveram 45,8%, agora tiveram 39,1%)

No quartel-general do PS no Teatro Micaelense reinou o silêncio durante toda a noite. A direita passou a ter maioria no Parlamento, a esquerda perdeu o PCP e o BE, sozinho, não é suficiente. Ninguém fecha as portas, todos abrem janelas. O PSD, que foi a segunda força política mais votada, pode governar numa espécie de vingança açoriana da “geringonça” nacional. É hora de pegar no telemóvel e na calculadora: é tempo de negociar.

Vasco Cordeiro esteve sempre resguardado no andar de cima, com a família e o núcleo duro do PS Açores, e só apareceu na sala onde estavam os jornalistas mesmo ao cair do pano. O plano era simples e consistia em repetir o que António Costa já tinha feito minutos antes no Largo do Rato, em Lisboa — dizer o óbvio. “Matematicamente, o PS ficou em primeiro, matematicamente o PSD ficou em segundo”, disse Costa, chutando o resto para a “autonomia regional”. Vasco Cordeiro usou outras palavras para dizer o mesmo: “Foi o PS que ganhou as eleições”, “o projeto político do PS foi o mais votado” e “as eleições nos Açores não são um plebiscito ao governo”. O PS ganhou em votos, em mandatos e em sete das nove ilhas, foi repetindo Vasco Cordeiro.

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