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Carlão, do hardcore em Almada ao bem bom dos 40: “Não quero ser moralista”

Tem um novo álbum, "Entretenimento?", e foi por aí que esta entrevista começou. Depois, passámos pela Margem Sul, os Da Weasel, pouca mão para os negócios e o bom jeito para a família.

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Depois de Quarenta, disco editado em 2015 que devolveu Carlão ao grande público, chega agora outro trabalho, em forma de pergunta: Entretenimento?. Um objeto que se desfaz em latitudes e vestes, rock, pop, texturas mais dançáveis, com colaborações de Manel Cruz, António Zambujo ou Slow J, tudo cabe aqui.

Carlão, 43 anos. Ou então o puto de 11 anos que saltava as grades da escola para ir ter com a malta mais velha, que tanto lhe dava livros como páginas prematuras para a sua idade. Era baixista quando o seu irmão Jay-Jay lhe disse que ele seria a voz de uma banda que viria a mudar o jogo da música portuguesa: os Da Weasel. A solo fez Os Dias de Raiva, a pedir distorção, Algodão, música declamada, por assim dizer, e mais dois discos. Carreira não lhe falta, embora lhe custe dizer a palavra. Carlão, pai de duas filhas, na bela casa dos quarenta, onde ainda se curte, está, como sugere na faixa-título Entretenimento? entra a lenda e a lêndea: “Sou uma lenda na minha cabeça / sou uma lêndea na tua cabeça”.

A capa de “Entretenimento?”, de Carlão

Já alguma vez fizeste música cedendo à lógica do entretenimento, isto é, previamente orientada para atingir as massas?
Acho que já terei feito coisas dentro desse género, sim. Agora por exemplo fizeram-me um convite para criar a música do genérico da nova novela da SIC e quando a faço obviamente que faço algo com o meu ADN, mas a pensar no público de uma telenovela. Nos meus discos… epá, é uma coisa em que penso sempre, olhar para os singles e pensar o que pode furar mais ou menos.

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Mas não negas que essa estratégia é importante.
Se quisesse fazer música para mim era para mim, faço música para as pessoas, até porque acho que nunca sabes muito bem o que as pessoas querem.

E não achas que há uma espécie de fórmula neste momento da música em que se um artista fizer x…
Tens mais hipóteses de… Sim, acho que sim. Aliás, quando coloco a questão do entretenimento é mesmo para meter isso tudo na balança. Tudo atualmente é entretenimento, coisas mais ou menos sérias, como o Trump, por exemplo, que é o líder da nação mais poderosa da Terra em termos culturais e económicos, e que é objecto de memes, de gifs, já se quebraram os limites todos do pessoal e do impessoal. Quando faço um disco, claro que me acossa pensar se o que estou a fazer é entretenimento.

É essa a pergunta que fazes no título do disco?
É uma das perguntas. Se uma canção de amor é entretenimento será que uma canção sobre depressão é entretenimento? Se o entretenimento é algo menor ou não? Faço mais perguntas do que dou respostas.

[“Contigo”:]

Mas deduzo que te interessem, as respostas.
Um bocado. Alguém agora comentou num dos meus posts com algo que tinha escrito n’Os Dias de Raiva, que é um tema que é o “Sanguessuga”, onde digo: “Isto para ti é entretenimento, mas para mim é uma coisa séria, necessária”. E é, é a minha maneira de estar aqui. Foi a música que até certo ponto me salvou e fez com que conseguisse continuar aqui lúcido, a viver uma vida relativamente normal. Provavelmente ter-me-ia desgraçado.

Em que medida?
Epá… nem vale a pena entrar muito por aí, mas tinha feito uma vida menos social, menos integrada, e provavelmente estava aí num beco qualquer, não sei.

Esta pergunta do entretenimento tem também muita sátira. Na faixa título chegas a dizer: “Continuo a ser palhaço”.
Exatamente, é um bocado aquela coisa de as pessoas se alimentarem de aspetos menos importantes ou que para ti são menos importantes, e tu até certo ponto tens que entrar no jogo, tens que jogar. Claro que faço essa sátira, aliás esse tema não tem o ponto de interrogação, é uma visão minha do entretenimento, que é no primeiro verso sou o dono do mundo, o maior, pondero tudo, tenho uma auto-estima gigante, e no segundo verso é quase o oposto, estou a questionar tudo e acabo a dizer “sou uma lenda na minha cabeça / sou uma lêndea na tua cabeça”.

Bela frase essa.
Tudo o que faço… é meio complicado, passo a vida a questionar-me.

Daí o binómio lenda-lêndea.
Sim, e daí a escolha do MaisMenos para a capa do disco, ele também anda sempre nisso.

"Sei que tenho uma... carreira, até custa dizer, tenho que admitir, tenho algumas canções que estão no imaginário de muita gente, seja com Da Weasel, seja em nome próprio, mas sou muito inseguro, sempre."

Mas permite-me que te pergunte: sabes que não és só uma lêndea, certo? Ou seja, tens uma carreira feita.
Mas é tudo tão relativo, passa tudo tão rápido. No dia em que me levar como uma lenda deixo de fazer música. Estou sempre à procura do disco perfeito ou da canção perfeita, no dia que isso acontecer se calhar arrumas, vais para agricultura ou assim. Sei que tenho uma… carreira, até custa dizer, tenho que admitir, tenho algumas canções que estão no imaginário de muita gente, seja com Da Weasel, seja em nome próprio, mas sou muito inseguro, sempre.

Demoraste muito tempo a fazer este disco?
Olha, entre tudo, talvez um ano e meio. Demorou foi um bocado até estar pronto, a ser lançado.

Esse período em que um disco está pronto, mas não está cá fora, é chato?
É. Apetece tê-lo cá fora e começar a tocá-lo.

Apeteceu-te mudar muita coisa?
Não, porque o arrumei. Agora é que o vou ouvir. Levando isso a um extremo é pensar no disco do Kanye West, “The Life of Pablo”, em que ele fez updates constantes às músicas durante um mês. Isso antes era impensável. É uma coisa muito deste tempo, mas eu percebo de alguma maneira.

Farias isso?
Não, porque é um processo tortuoso, de pessoa completamente louca, não há descanso.

Falavas destes tempos… o teu novo single, a segunda faixa do disco, “#Demasia”, é uma crítica a este geração instagramada.
Já sou muito apanhado por isto, mas na minha adolescência não havia telemóveis. A malta da minha idade viveu sem isto, portanto consegue colocar as coisas em perspetiva e na devida proporção. Agora, muitos putos que cresceram já com isto, compreendo que seja difícil não viver da forma como eles vivem. Uma vez estava a fazer um showcase numa discoteca e um puto – o estrado era tão curto que ele conseguia meter-se ao meu lado –, a meio de uma música, estava a tentar tirar uma selfie comigo. Está tudo trocado. Para mim é um bocado “#Demasia”. Ao mesmo tempo, admito que também sou influenciado por esta realidade e se há coisa que não quero ser é moralista e vestir o papel de padre.

Carlão e a camisa de Carlão, durante a entrevista com o Observador, em Lisboa

HENRIQUE CASINHAS / OBSERVADOR

Como é que geres isto tudo com as tuas filhas?
É complicado. Não estamos preparados, mas tento gerir as coisas, não barrar o acesso, elas vivem nesta sociedade é bom terem as ferramentas para se inserirem nela, para singrar. Custa-me muito ver a minha miúda a vir com moves das séries da Disney que ela vê, às vezes é falares com uma miúda norte-americana com aquele trejeitos todos e ela só tem oito anos, isto não está certo. Ao mesmo tempo que ela vê isso tudo, vê coisas do Miyazaki que lhe digo para ver.

Quando apareceu a internet havia aquela coisa de os pais deixarem os filhos estar na internet durante x horas ou minutos. É mais ou menos a mesma coisa.
Sim, não é para vidrarem naquilo. Ter filhos não é fácil, mas não podemos atribuir a sua educação à música, à televisão, ao cinema, temos que ser estruturais e importantes.

Como é que elas se relacionam com a tua música?
Bem, bem. É claro que há certas coisas que prefiro não lhes dar a ouvir porque elas não vão perceber, porque não têm ainda vida para perceber certas coisas. Outras que percebo que conseguem entender mostro, claro que sim. Ainda agora no Avante elas estavam a ver o concerto, e na “Viver para Sempre”, que é uma música que elas gostam muito, disse-lhes para subirem ao palco, é uma coisa inexplicável estares ali a dançar e a cantar com as tuas filhas perante aquele povo todo.

Há sempre aquela coisa constrangedora para os músicos, quando têm que ouvir a sua própria música. Com as tuas filhas também ficas incomodado?
Elas conhecem muito porque a mãe mostra no carro e cantam e afins. Claro que gosto quando elas cantam e estão a curtir, mas confesso que fico assim meio incomodado.

"Quando trabalho com pessoal mais novo faz-me um bocado confusão que acordem às duas da tarde ou ao meio-dia... man, já te passou ao lado uma parte importante no dia. Mas sei que naquela altura é assim, é assim que deve ser feito."

Antes deste “Entretenimento?” fizeste um disco chamado “Quarenta”. O que tens encontrado aos 40 anos?
Devo dizer que entrei com muito mais gás do que agora. Tenho encontrado uma maneira de estar muito fixe, estou numa altura boa, consigo selecionar bem as coisas que faço na minha vida, consigo curtir quando quero curtir.

Ainda se curte muito aos quarenta?
Então não, claro que se curte.

Pergunto porque ainda não cheguei lá.
Quando fazes o que gostas é como seres criança a vida toda, é um privilégio do caraças.

Mas não é um bocadinho aquela coisa dos almoços serem as novas saídas à noite?
Também… mas a noite não é assim tão fixe como isso. Quando trabalho com pessoal mais novo faz-me um bocado confusão que acordem às duas da tarde ou ao meio-dia… man, já te passou ao lado uma parte importante no dia. Mas sei que naquela altura é assim, é assim que deve ser feito. Para mim não me faz muito sentido ir sair até às sete da manhã numa base regular, para já porque fico todo fodido durante três ou quatro dias, porque a minha capacidade para recuperar de uma ressaca já não é a mesma. Ficaria lixado se não tivesse passado por isso, mas passei, curti, ‘tasse bem.

Queria que me falasses das colaborações que tens no disco. E o facto de procurares pessoas de espectros diferentes, que levam a que o disco tenha muitas vestes distintas, do rock à pop e ao hip-hop.
Cada vez mais tento rodear-me de pessoas que admiro, mas também pesa a pessoa, a parte humana. O Manel Cruz é um gajo que conheço há muitos anos, em quem me revejo em muitas coisas, e sabia que ia sair um objecto meio alien, o “Cerejas, só isso” é muito difícil de rotular. O Zambujo foi uma pessoa que vim a conhecer num registo fixe que é enquanto convidado de alguns concertos, de várias pessoas, onde só vais cantar um tema, uma coisa muito descontraída, gosto muito dele e do seu timbre.

E ele possibilita-te uma canção que também foge um bocado ao resto do disco, muito falada, quase um regresso ao teu projeto Algodão.
Sem dúvida. Foi aquilo que a canção me sugeriu, se não tivesse feito o Algodão não teria feito isto, mas é um registo de que gosto bastante. Deixa-me dizer-te que as colaborações neste disco não são aquela coisa do vem aqui cantar um refrão. Atenção, isso funciona e é porreiro, mas não era isso, era mais para trabalharmos juntos, criando. Faz-me falta essa coisa antiga de se gravar um disco com toda a gente em estúdio.

[#Demasia]

Em relação à faixa com o Slow J?
Epá o Slow já tinha o esboço da canção feita. Revejo-me muito naquilo que o Slow comunica, na sua forma de estar, o disco dele é incrível, o posicionamento dele no hip-hop é bastante periférico, vem de uma escola de tocar guitarra com a malta.

O Slow J diz: “Acordo viciado no eu antigo/ nem sei se é meu amigo/ café cigarro tá repetido”. Há um cansaço aqui acumulado?
Sim, é um bocado aquela coisa das resoluções que tu fazes, para a semana é ir para o ginásio, é deixar de fumar, mas pronto acorda no dia a seguir é tudo igual, é o café, é o cigarro. É uma coisa que toca a muita gente, mas nem toda a gente escreve sobre ela. Essa é a cena. Mas sim, há um cansaço, isso ouve-se na última canção, por exemplo, cansa-me não ter possibilidade para estar um ano fechado em residência a fazer um disco. Mas sei lá, tu nunca estás contente, vais estando.

Quando te entrevistei, com o Regula e o Fred, a propósito dos 5-30, disseste, respondendo a provocações deles, algo como “népia, eu agora rimar já não”. Como as coisas mudam…
Cansei-me muito da estrada, cansei-me de fazer aqueles grandes concertos, dessa vida toda, da máquina que às vezes consegue ser um bicho complicado de lidar. E houve uma altura, com o término dos Da Weasel, passava por fazer um disco que nunca tinha feito a sério num registo hardcore, que foram Os Dias de Raiva. Depois virei-me para a cena do Algodão, pegar em textos que não foram escritos para serem cantados e não estava nada numa de voltar a rimar.

Isso seria mais uma fuga ao que tinhas feito antes ou a escrita não saía, era o quê?
Não estava para ali virado, no fundo era isso. E depois com 5-30 quando dou por mim, o primeiro concerto até é uma queima das fitas, que era um coisa que já estava ali com uns anticorpos, mas correu muito bem e curti. E em menos de nada dou por mim a fazer o “Quarenta”. Eles de certa forma, estarem ali a picar-me, devolveu-me esta forma. O que não quer dizer que daqui a cinco anos não volte a fazer Algodão.

Alguma vez depois do fim dos Da Weasel pensaste desistir da música?
Pensei nisso, mas não consegui. Do fim dos Da Weasel ao “Quarenta” fiz dois discos com Os Dias de Raiva e dois com Algodão, portanto não consegui mesmo.

"Lembro-me do meu irmão dizer para fazermos uma cena. Estávamos a ouvir muito Public Enemy, N.W.A., The Disposable Heroes of Hiphoprisy que juntava elementos diferentes ao hip-hop, os gajos têm uma versão de Dead Kennedys. Lembro-me de dizer: 'Então quem é que canta?' e ele 'cantas tu'."

Mas chegaste a ter uma loja em Almada…
Sim, tive uma loja de street wear e fui sócio de um restaurante.

Isto foi uma tentativa de seres empresário.
Pois… sou muito mau negociante.

Passam-te a perna?
Se quiserem ya, se tiver um sócio intruja não é difícil passarem-me a perna. Não funciona muito bem nessa coisa do comerciante, dou cenas, e depois não tenho aquele lado metódico de contas e tudo mais.

Os Da Weasel nasceram em 1993, estamos em 2018, já lá vão 25 anos. Ainda te lembras do início?
Lembro-me do meu irmão dizer para fazermos uma cena. Estávamos a ouvir muito Public Enemy, N.W.A., The Disposable Heroes of Hiphoprisy que juntava elementos diferentes ao hip-hop, os gajos têm uma versão de Dead Kennedys. Lembro-me de dizer: “Então quem é que canta?” e ele “cantas tu”, porque eu tocava baixo na altura. Lembro-me dessa conversa.

Porque é que aceitaste?
Sempre andei a reboque do meu irmão, tenho um bocado esse espírito de experimentar coisas diferentes, a malta encontrava-se nas salas de ensaio, aquilo estava-nos a bater muito e experimentámos. Quando fomos ao primeiro Sudoeste percebi que aquilo podia ser sério, fomos substituir uma banda que cancelou e portanto ficámos com um horário que não era nada normal para uma banda a aparecer. Correu muito bem.

O movimento do hardcore em Almada foi essencial para ti e para a banda?
Quando o hardcore começou a bater, aquele movimento de bandas Margem Sul Hardcore, já eu estava noutra. O que me bateu mesmo foi o metal. O meu primeiro concerto foi Iron Maiden, em Cascais, com 11 anos. Havia pessoal na minha rua… os pais não os deixavam ir, tive sorte porque o meu irmão disse que cuidava de mim. Sempre andei com pessoal mais velho, ia sempre ter com o meu irmão e os amigos, saltava as grades da escola. Isso era bom e mau. Tinha acesso a livros, música, filmes, mas também tinha acesso a outras merdas que não eram bem da minha idade. E também não tinha sorte nenhum com as miúdas, porque era o puto de 11 anos, o miúdo queridinho. Mas não se passava grande coisa em Almada nessa altura, essa foi uma das razões porque a malta começou a fazer música, não havia nada para fazer, siga fazer música. Comprei o meu primeiro baixo com 13 anos. Arranjei um part-time.

5 fotos

Part-time onde?
Numa loja de discos e escola de música no Centro Comercial M Bica. Se bem que… acho que comprei o baixo com a guita dos primeiros part-time, num restaurante, não tenho a certeza. Tive alguns trabalhos, que era uma cena meio fora, um gajo com essa idade não devia trabalhar, mas pronto. Tive bandas de tudo, era o que se fazia.

Desse universo aparece uma banda que veio a ter uma importância enorme na música portuguesa.
Estava demasiado ocupado a curtir a coisa para pensar sobre isso, não analisei muito. Acho que só percebi a dimensão dos Da Weasel depois de terem acabado, um ano depois.

A sério?
A sério, a sério. Percebi que era uma coisa que estava a correr bem, mas a dimensão que tinha não sei bem… quando a banda acabou e aquilo que ouvi as pessoas dizerem…

Não esperavas?
Não, acho que não. Há alturas da tua vida que ouves um certo disco ou artista e que aquilo vai ficar ligado para sempre ao que eras naquela altura, se essa pessoa é um eu que tu gostas muito, vais fazer o possível para te apegares àquela pessoa ou música. Digo isto da parte dos fãs, é muito difícil gostares de uma banda durante muitos anos, vais querer que aquilo fique sempre igual e não pode ser.

No primeiro EP.
Exato, isso é que era bom.

Mas então não te apercebeste do peso dos Da Weasel durante a sua vida.
Sabes que vivia muito na minha, havia também uma proteção e lá está, estava sempre na minha casa a ver os meus filmes, era o gajo que ia ao clube de vídeo de Almada todos os dias.

A famosa Disco Europa.
Nem mais, morava em cima da Disco Europa. Foi um bocado também para não me deslumbrar, não é muito difícil um gajo deslumbrar-se e correr tudo mal.

Os Da Weasel mudaram alguma coisa na música portuguesa.
Sim, acho que sim, fomos importantes como passagem das pessoas para o hip-hop, as pessoas nos anos 90 não estavam preparados para uma banda de DJ e voz, e nós éramos uma banda com DJ, ou seja, foi uma passagem mais gradual para outra cultura. Mas o que dizia antes é que a partir do momento em que os Da Weasel acabaram, para muita gente na praça foi menos competição. De repente, até já podiam falar sobre isso, é um bocado como quando as pessoas morrem, “o gajo era muito fixe”. Quando a banda acaba houve muita gente a dizer “era alta banda”.

Gente do meio?
Sim, claro. E depois é aquela coisa do tempo, agora há o Revenge of the 90s, por exemplo. Nós passámos por muitas merdas que eram fatelas de ouvir – não o caso de Da Weasel porque a música era boa – mas agora que já está datado já é fixe. O tempo tem este tipo de efeito, não podes avaliar uma coisa na altura em que ela sai. Há outras coisas que não sobrevivem ao teste do tempo.

Foi o tempo que matou os Da Weasel?
Ainda não se falou do que matou, não é agora que o vou fazer. Sendo que para mim não há morte nenhuma, há uma paragem, mas o nosso corpo de trabalho fala por si, paramos de fazer coisas, mas a música está lá e é eterna.

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