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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pacheco Amorim: "Com Montenegro, PSD e Chega podem estar mais perto de criar uma aliança"

Em entrevista ao Observador, fundador e dirigente do Chega elogia Montenegro, ataca Marcelo, afasta qualquer tipo de apoio a Portas ou Marques Mendes e garante que Ventura será presidenciável em 2026.

Diogo Pacheco Amorim acredita que a eleição de Luís Montenegro pode ser uma nova oportunidade para a direita. “Podemos estar mais perto de criar uma aliança”, reconhece o fundador, ideólogo e dirigente do Chega. “O novo líder do PSD tenderá, pelo menos, a refletir sobre isso.”

Ainda assim, no programa “Vichyssoise”, da Rádio Observador, Pacheco Amorim volta a defender que, com ou sem Montenegro, o Chega dificilmente aceitará apoiar qualquer solução à direita sem fazer parte do governo. Mesmo que isso signifique perpetuar o PS no poder.

“Ir para um apoio parlamentar para depois acontecer que todas as nossas bandeiras e tudo aquilo pelo que nos batemos seja sucessivamente abandonado pelo Governo, sem poder estar no conselho de ministros, seria péssimo para o partido”, argumenta.

Sobre Marcelo Rebelo de Sousa, só críticas. “Uma maioria absoluta do PS precisava de um Presidente da República mais interventivo e mais vigilante. Nada mudou. Nada. Infelizmente”, diz. Quanto ao futuro, Diogo Pacheco Amorim não tem dúvidas: “André Ventura vai ser candidato às presidenciais de 2026”.

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[Ouça aqui a Vichyssoise]

BelémWars: Cavaco Silva contra-ataca

“Fundadores julgam que a antiguidade é um posto. Não é”

É o único dos dez primeiros militantes do Chega a manter-se ao lado de André Ventura, o único que se mantém alinhado e o único que faz parte do núcleo duro. Com tantas pessoas que fundaram o partido a afastarem-se, o ADN do Chega vai-se perdendo?
Um partido não é uma filarmónica da aldeia, em que os fundadores estão ali e vão ficando 20, 30 anos até morrerem. Um partido como o Chega cresce muito e muito depressa. A seguir aos fundadores começam a entrar imensas pessoas. Um fundador não tem direito de prioridade sobre tudo mais. Não tem direito a estar em cargos, a estar nas listas para deputados ou para as assembleias municipais ou vereações. Quando começam a entrar mais pessoas, o mercado alarga. O que se passa é que há uma distorção em que os fundadores julgam ou consideram que por serem fundadores estão ali como na tropa, em que a antiguidade é um posto. A antiguidade não é um posto.

Têm crescido as críticas à direção do partido, há acusações de falta de democracia interna e até de perseguição aos que pensam de forma diferente. Existe falta de pluralidade de pensamentos dentro do Chega?
Não, claro que não.

Essas críticas são infundadas?
Sim. O Chega é dos poucos partidos em que o líder é eleito em diretas, tem a legitimidade que lhe dão os eleitores. Todo o processo de funcionamento do partido cumpre as regras, os estatutos, a Lei dos Partidos e a Constituição. Não há perseguição política. Não há questões políticas nenhumas. Há questões de insultos pessoais e à família de variadíssimas pessoas que não podem ser toleradas e não são toleradas em partido nenhum. Mas nunca ninguém foi suspenso ou teve um processo em Conselho de Jurisdição por dissonâncias políticas. Agora, é evidente que se as discordâncias são de fundo, só há que sair do partido.

Recentemente, em entrevista ao Observador, Nuno Afonso disse que havia um problema de mediocridade no Chega. Concorda com o afastamento de uma pessoa apenas por não assumir publicamente que é leal à direção ou que está incondicionalmente ao lado da direção?
O Nuno Afonso ou qualquer militante do partido está livre de discordar de tudo, das orientações, da direção, dos órgãos. Faço parte da direção e nas reuniões muitas vezes não estou de acordo com variadíssimas coisas e ponho o meu desacordo em cima da mesa. Depois da discussão, se o meu ponto de vista não é seguido, eu acato. É um órgão colegial e aceito as decisões. Se ao fim de um tempo a minha perspetiva é completamente diferente, tenho de tirar a devida ilação e dizer ‘vou embora’.

No Conselho Nacional vários membros da direção abriram a porta a Nuno Afonso para que saísse. Concorda que Nuno Afonso não deve estar na direção se não está alinhado em André Ventura?
Disse ao próprio Nuno Afonso que se está em desacordo com as políticas da direção, com o presidente do partido, tem toda a legitimidade para estar em desacordo, não lha nego.

Tem legitimidade para sair, não tem legitimidade para ficar?
No lugar dele, pediria a demissão de chefe de gabinete do grupo parlamentar, da direção e passava a militante de base. Aí sim, teria toda a liberdade para discordar, para me opor. Não se pode estar simultaneamente no cargo de uma direção com a qual não estamos de acordo.

"Um partido não é uma filarmónica da aldeia, em que os fundadores estão ali e vão ficando 20, 30 anos até morrerem. Um partido como o Chega cresce muito e muito depressa. Os fundadores julgam ou consideram que por serem fundadores estão ali como na tropa, em que a antiguidade é um posto. A antiguidade não é um posto"

“Uma das razões do péssimo resultado de Moreira da Silva foi a postura anti-Chega”

O PSD acabou de eleger Luís Montenegro para a liderança do partido. Sendo um líder que se posiciona mais à direita, existe o risco de o PSD vir a travar o crescimento do Chega?
Existe um risco, mas os riscos também são uma oportunidade. Neste momento, para o Chega, o mais grave problema que temos de enfrentar é uma maioria absoluta do PS que se está a transformar numa maioria absolutista. Começa a haver indícios de que se está a entrar num caminho muito complicado, temos alguns sintomas disso.

A pergunta era sobre Luís Montenegro. A eleição pode ser um risco para o crescimento do Chega?
Pode ser um risco ao crescimento…

Ou uma oportunidade.
Ou pode ser uma oportunidade. O presidente do partido ainda há pouco tempo  fez um apelo aos partidos de direita se juntassem.

Que Luís Montenegro ignorou.
Não sei, vamos ver.

Acha que vai dar a mão ao Chega?
Não faço ideia, não estou no lugar do Luís Montenegro. Acho que ele tenderá a, pelo menos refletir sobre isso. Parece-me.

E a Iniciativa Liberal? Acredita que a eleição de Montenegro, um líder, em teoria, mais vocal na oposição do que Rui Rio, pode ofuscar André Ventura e o Chega?
É a tese que corre na IL. Tanto pode prejudicar a afirmação de André Ventura como a da Iniciativa Liberal. Sendo um líder mais assertivo do que foi Rui Rio, embora se aproxime até certo ponto da postura de combate de André Ventura, ainda está a uma distância grande. Portanto, parece-me que a leitura da IL não está muito correta.

Com Montenegro, Chega e PSD estão mais perto de criar uma aliança?
Entendo que podem estar mais perto de criar uma aliança. Essa questão das linhas vermelhas ao Chega vem de uma parte do PSD e da área da IL. Dizem que o Chega foi inventado pelo PS, que dá um jeito imenso ao PS. Contudo, faço notar o que se passou nas legislativas: António Costa estava permanentemente a agitar a possibilidade de uma ligação pós-eleitoral entre o PSD e o Chega…

E teve maioria absoluta. 
Mas Luís Paixão Martins, o grande guru da comunicação da campanha eleitoral do PS, veio dizer candidamente que se compreendia que o PSD tenha perdido, tendo em conta a postura em relação ao Chega. Os eleitores potenciais viram que dali não podia sair uma maioria de governo e abstiveram-se ou votaram no PS. O PSD caiu nisto com uma ingenuidade espantosa.

Agora, com Luís Montenegro, não cairá?
Acho que Luís Montenegro deve ter dado alguma atenção a isto.

E clarificou essa parte?
Aliás, julgo que uma das razões do péssimo resultado que teve o derrotado nas internas do PSD se deve exatamente à postura [anti-Chega].

Jorge Moreira da Silva teve este resultado por ter dito não ao Chega?
Não digo que foi uma causa única, como é evidente. Mas deve ter pesado alguma coisa.

"Para o Chega, o mais grave problema que temos de enfrentar é uma maioria absoluta do PS que se está a transformar numa maioria absolutista. Começa a haver indícios de que se está a entrar num caminho muito complicado, temos alguns sintomas disso"

“Preferia deixar o PS no poder a não integrar um governo de direita”

Quanto à aliança Chega/PSD. Que condições exigiria o Chega para a construção desse acordo? Fazer parte de um futuro Governo é uma questão inegociável?
Não repetiremos a experiência dos Açores, ou seja, mero apoio parlamentar sem participar no Governo. Estas questão dos Açores é um case study para nós.

É uma lição?
É uma lição.

O Chega preferia que o PS continuasse no poder ao invés de viabilizar um governo PSD sem ter lugar no executivo?
É muito complicado. Teríamos de pensar muito sobre isso.

Mas há instantes disse que uma presença nesse governo era inegociável. Agora está a admitir que, se o contrário permitir a permanência do PS no poder, já pode não fazer parte do executivo.
Vamos cá ver. Não me quero estar a substituir ao presidente do partido. É uma questão crucial que tem de estar nas mãos do líder do partido. Na minha posição pessoal, que acompanhei a solução dos Açores, tendo visto o que vi, preferia claramente que deixar o PS [no poder]. Ir para um apoio parlamentar para depois acontecer que todas as nossas bandeiras e tudo aquilo pelo que nos batemos seja sucessivamente abandonado pelo governo, sem poder estar no conselho de ministros, seria péssimo para o partido.

"Não repetiremos a experiência dos Açores, ou seja, mero apoio parlamentar sem participar no Governo. Estas questão dos Açores é um case study para nós"

“No momento que acharmos adequado, estaremos na batalha contra o aborto”

Na próxima semana, o Chega vai apresentar uma proposta de referendo à eutanásia – que será, ao que tudo indica, chumbada. Seja como for, os partidos vão apresentar proposta para a despenalização da morte assistida que afronta diretamente Marcelo Rebelo de Sousa. Espera que o Presidente da República vete o diploma?
Pela experiência que tenho tido, e pelas posições que o Presidente da República tem tido em relação a tudo o que se tem passado, acho que não vai vetar nada.

Dos sinais que tem visto, acha que Marcelo Rebelo de Sousa está mais vigilante e interventivo na relação com António Costa neste início de legislatura?
Nada mudou. Nada. Infelizmente. Uma maioria absoluta do PS precisava de um Presidente da República mais interventivo e mais vigilante.

Ainda sobre Belém. Em 2026, o Chega terá de decidir se apresenta um candidato próprio ou se apoia uma personalidade que venha da direita. Vê o partido apoiar uma figura como Paulo Portas?
Não.

E Marques Mendes?
Não.

A propósito do que está acontecer nos Estados Unidos mas também no nosso Tribunal Constitucional, a discussão em torno do aborto voltou a ganhar alguma dimensão. O Chega vai agarrar essa bandeira?
O Chega tem uma posição programática clara: a vida é inviolável desde o momento da conceção até ao momento da morte.

Mas vai fazer alguma proposta?
Estaremos atentos e na altura que atendermos que é a mais adequada pensaremos nisso.

Pode estar em cima da mesa?
Poderá estar em cima da mesa ou não estar. A política é feita de momentos. As questões de princípio são fundamentais, o caminho para lá chegar é que depende da meteorologia. Mas reafirmo: no momento que acharmos adequado, estaremos nessa batalha.

Vê com agrado o facto de ter voltado a ser uma discussão? Acredita que o debate nos Estados Unidos pode abrir portas para retomar o tema em Portugal?
Vejo com todo o agrado.

E acredita que pode abrir essa discussão no nosso país?
Acredito que pode abrir uma discussão em toda a Europa.

"Uma maioria absoluta do PS precisava de um Presidente da República mais interventivo e mais vigilante. Nada mudou. Infelizmente"

“André Ventura vai ser candidato às presidenciais de 2026”

Vamos avançar para a segunda fase da nossa refeição, o “Carne ou Peixe”, em que só pode escolher uma de duas opções. Preferia ser ministro de um Governo de Luís Montenegro ou de Carlos Moedas?
É uma decisão difícil. Por umas razões preferia ser ministro de Carlos Moedas, por outros motivos de Luís Montenegro. É muito complicado. Tenho o máximo apreço por Carlos Moedas, que conheço há muitos anos. Conheço mal Luís Montenegro, mas pelo que sei dele, não veria algum problema. Mas não lhe sei responder.

Já agora: tem alguma pasta que gostasse de ocupar?
Já não tenho idade para ser ministro.

Quem levaria à marcha do 25 de novembro, organizada pelo Chega: Mariana Mortágua ou Pedro Nuno Santos?
Pedro Nuno Santos.

Com quem passaria uma semana de férias: Marine Le Pen ou Matteo Salvini?
Isso é uma pergunta muito complicada.

Gosta muito dos dois?
Gosto imenso dos dois.

Imagine que era presidente da Assembleia da República. Quem preferia ter como a primeira figura de Estado: Paulo Portas ou António Costa?
Também é uma pergunta complicadíssima. Confesso que não gostaria de ter nem um, nem outro.

Gosta assim tão pouco de Paulo Portas?
Não. Conheço muito Paulo Portas, tive sempre ótimas relações com ele quando estava no CDS com Manuel Monteiro…

Mas Presidente da República nem pensar.
Não.

Negou as duas hipóteses mais discutidas à direita. Tem alguma sugestão para apresentar como candidato à Presidência da República?
André Ventura. Já foi candidato e voltará a ser seguramente.

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