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Costa deixou recados a Marcelo Rebelo de Sousa e 'malhou' na direita
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Costa deixou recados a Marcelo Rebelo de Sousa e 'malhou' na direita

Rui Oliveira/Observador

Costa deixou recados a Marcelo Rebelo de Sousa e 'malhou' na direita

Rui Oliveira/Observador

Com protestos à porta, Costa prometeu "nervos de aço" e tentou matar fantasma das eleições antecipadas

Na festa pelos 50 anos do PS, Costa ouviu elogios dos colegas europeus e avisos do histórico Alegre. Entrou em modo de combate sobre eleições antecipadas, enquanto se ouviam protestos na rua.

No Palácio de Cristal estava tudo pronto para a festa desde cedo. Uma “festa popular”, como o PS prometeu nos cartazes e folhetos em que promoveu o seu evento de aniversário. Havia roulottes, cachorros e hambúrgueres. Havia bancas de cerveja (finos, no caso) e balões com as cores de Portugal. E até havia sinais a apontar para o local onde se devia mostrar o “bilhete” para entrar, qual festival, ou não fizessem parte do alinhamento, ao lado do histórico Manuel Alegre ou do primeiro-ministro espanhol, os nomes de Quim Barreiros, GNR ou Bárbara Tinoco, para dar música ao povo socialista.

Mas só dificilmente se poderá dizer que o ambiente que o PS vive é de festa. Sufocado pelos casos que dificultam ainda mais a vida aos socialistas desde que a comissão de inquérito que a TAP começou e com a contestação social a aumentar, só dentro do Pavilhão Rosa Mota, com Quim Barreiros a pôr ministros a dançar ao som de “A Cabritinha” e Rui Reininho a fazer piadas com Lula da Silva (“comi lulas ao almoço”, justificaria), foi possível abafar o desconforto.

Abafar muito literalmente: os decibéis dos concertos foram conseguindo calar, para quem estava dentro da sala cheia ocupado a dançar ou a agitar bandeiras do PS, os decibéis dos manifestantes que gritavam lá fora pelos motivos mais diversos — havia professores, oficiais de justiça, representantes do alojamento local, num mix de reivindicações concretas e pedidos de demissão do Governo à mistura, barrados pela polícia. Mas António Costa subiu ao palco com a consciência de que os tempos estão difíceis bem viva e levou ao PS uma mensagem de mobilização — com a promessa de manter “nervos de aço”.

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Os tais “nervos de aço” são fruto de um conselho que António Guterres costumava dar sobre os tempos difíceis que se vivem na governação, explicou. Esta é uma das expressões que mais repete quando está apertado. Depois, recorreu a outra frase clássica dos socialistas para assinalar, por várias vezes, que está pronto para a luta: “Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS”.

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E deixou claro que essa luta também é travada contra o Presidente da República e os que agitarem o fantasma das eleições antecipadas: “Quando se põe em causa os mandatos conferidos pelo povo, está a pôr-se em causa a democracia“. Costa foi ao Porto falar ao povo socialista, que estava em modo de festa — mas o primeiro-ministro, neste caso no fato de líder do PS, mostrou-se sobretudo em modo de combate.

Quim cantou, Alegre avisou PS contra “sobranceria”

Ao princípio, tudo corria como planeado. Quim Barreiros abriu a festa e animou as hostes: se ao início os socialistas se mostraram tímidos e os lugares sentados não ajudaram, quando chegou a vez de êxitos como “Chupa, Teresa” ou “A garagem da vizinha” já os convivas estavam de pé a dançar, a cantar ou a ensaiar uma tentativa de comboio humano.

Os motores estavam aquecidos e o público mostrou-se pronto para ouvir as mensagens de força dos convidados: o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a elogiar profusamente o exemplo e a inspiração do “farol” Costa, tal como o Presidente dos Socialistas Europeus, Stefan Lofven, faria mais tarde; a presidente dos autarcas socialistas, Isilda Gomes, a garantir que com Costa “os melhores dias” do PS ainda estão por vir; e o líder da JS, Miguel Costa Matos, a assegurar que o PS não está a atravessar crise nenhuma e que a mobilização deste domingo foi prova disso mesmo.

Mas não seria preciso o tumulto à chegada de Costa, quando se cruzou com os manifestantes que marcharam Avenida da Boavista abaixo, para que os próprios socialistas fossem admitindo que nem tudo está bem no universo do PS (nem no país).

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O próprio Costa Matos fez questão de avisar o partido de que os socialistas não podem virar-se “uns contra os outros” em tempos difíceis; Isilda Gomes deixou um recado contra os manifestantes — o PS governa para as pessoas e não para ordens profissionais e sindicatos; e o presidente da federação do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, admitiu que o PS comete erros “aqui e acolá” mas garantiu que não há alternativa aos socialistas.

A autoridade de Manuel Alegre serviria para deixar uns quantos avisos mais concretos ao partido, que não deve agarrar-se nem ao “conformismo” nem à “sobranceria”: “Devemos manter um espírito crítico e vigilante em relação ao que se passa à nossa volta e por vezes em relação a nós próprios”, alertou.

Com 86 anos, mas assegurando que não está cansado, deixou várias mensagens que galvanizaram a audiência, da garantia de que em Portugal “ninguém dá lições de democracia ao PS” à de que, com Costa, o Chega não passará pelo PS. E sem o PS, ou contra o PS, profetizou, “não há soluções de esquerda em Portugal”, nem sequer um “futuro estável”.

O recado de Costa: “Quem quer democracia forte, respeita mandatos”

António Costa agarraria precisamente uma citação de Manuel Alegre para se dirigir aos socialistas que o ouviam: “É preciso respeitar a vontade popular”. A escolha da frase será tudo menos inocente: foi daí que o líder do PS partiu para tentar matar o fantasma que paira da dissolução da Assembleia da República — e que Marcelo Rebelo de Sousa voltou a agitar na sexta-feira, quando disse que “dispensa” dissolver o Parlamento mas que, se essa “má notícia” tiver de acontecer, que seja o mais tarde possível.

Ora Costa, que, como recordou, estava no mesmo espaço onde terminou a campanha eleitoral que no ano passado acabaria por lhe dar a maioria, deixou claro que não quer essa espada em cima da cabeça, depois de este mês ter assegurado que fica como primeiro-ministro até ao fim da legislatura: “Em democracia temos o dever de honrar os nossos mandatos e cumprir os compromissos. Quando se põe em causa os mandatos conferidos pelo povo, está a pôr-se em causa a democracia. Quem quer democracia forte respeita os mandatos”.

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De resto, animou o público em dois pontos. Um: as inúmeras mensagens de luta, como uma espécie de comandante das tropas. “Não temos medo da luta”. Aplausos. “Quanto mais aquece mais força tem o PS”. Ainda mais aplausos. “Sempre que nos desafiaram fomos à luta e sempre que fomos à luta soubemos ganhá-la”. Idem aspas.

Depois, malhando na direita: “Sabemos bem que Roma e Pavia não se fazem num dia e que o PRR não se executa num ano. Mas cá estaremos os quatro anos para executar até ao último ano e liderar a maior oportunidade que temos tido nos últimos anos. Acho que é por isso que eles têm bastante pressa de se verem livres de nós. Tentam tudo… Já tentaram com o diabo, agora até tentam com o Chega, mas não chegam para nós e nós chegaremos para eles porque connosco eles não passam!”. E o público cada vez mais entusiasmado.

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Ao PS, Costa esforçou-se por pedir para desvalorizar os casos e trapalhadas no Governo, frisando uma e outra vez que o Executivo não está preocupado com a agenda mediática e que está cá para “resolver” os problemas das pessoas.

Por isso, falou da reforma do SNS; falou das mudanças no modelo de contratação dos professores, mas sem falar da questão que levou dezenas deles à porta do Pavilhão Rosa Mota (a contagem do tempo de serviço); falou das pensões, que acabou de voltar a atualizar, acusando a direita de “mentir” sobre supostos cortes para os pensionistas; e falou do IVA zero, que entrou em vigor esta semana.

Para acabar, o tal conselho de Guterres: é preciso ter “nervos de aço”. Costa promete tê-los e responder com “serenidade à agitação” e com “persistência às dificuldades”. Mas a quem tem “pressa” de se livrar do PS — para ficar com os louros da execução do dinheiro associado ao Plano de Recuperação e Resiliência, sugeriu — aconselhou que espere sentado.

Que as dificuldades existem é uma evidência, como reconheceu e ouviu dos manifestantes à entrada. À saída, e depois de a polícia ter bloqueado a entrada ao camião que encabeçava os protestos, já terá ouvido apenas gritos eufóricos dos ‘jotas’ que se juntavam à porta do Pavilhão.

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