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Na primeira vez que acontece em Portugal, o Sónar, festival que começou em Barcelona em 1994, quer ser também palco de criação artística mais ambiciosa e de reflexão
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Na primeira vez que acontece em Portugal, o Sónar, festival que começou em Barcelona em 1994, quer ser também palco de criação artística mais ambiciosa e de reflexão

lais pereira

Na primeira vez que acontece em Portugal, o Sónar, festival que começou em Barcelona em 1994, quer ser também palco de criação artística mais ambiciosa e de reflexão

lais pereira

Esta realidade não é virtual: além da música, o Sónar é um festival que quer ver o futuro da arte

Palco privilegiado para a música eletrónica, a partir de hoje abre-se também para a interseção entre ciência, arte e tecnologia. Falámos com Túpac Mártir, Francisco Vidal e os Semiconductor Films.

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Um piscar de olhos e está dado o sinal do pintor Francisco Vidal para a equipa responsável pelo Festival Sónar em Lisboa: tudo está a correr bem. Afinal, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, tinha acabado de pedir ao seu staff para que ficasse com o número do artista português de 38 anos. A sua instalação “Casulo — Still Free” foi uma das escolhidas para apresentar na conferência de imprensa, que juntou jornalistas internacionais, políticos, artistas, figuras públicas e outras menos públicas no Hub Criativo do Beato. Um piscar de olhos que diz que a tal Nova Lisboa quer, de uma vez por todas, fazer parte do jogo.

Num dos andares, com construção inacabada, a pequena entourage presente, mais vestida de gala do que de festival, é convidada a colocar uns óculos de realidade virtual para entrar no Casulo de Vidal, que faz parte do Sonar +D, a parte diurna deste festival com conferências, instalações e experiências imersivas durante os próximos três dias. Uma viagem de quatro minutos, feita em colaboração com Beat Laden e Xullaji, programado por André Louro, com cenografia de Mica Costa e fotografia de Nhadimnelo. É pintada a preto e branco, com palavras fortes, cirúrgicas, brutas, sobre a gentrificação da cidade que apontam o dedo à revolução turística dos últimos anos que tanto subiu as rendas, trocou padarias por hotéis, como permitiu um catapultar da cena cultural lisboeta tão forte que abriu portas a um Sónar catalão em solo português — ou  a um “safari por Lisboa”, como estranhamente apelidou no início um dos fundadores e ex-secretário de Estado, João Meneses.

No outro lado do Sónar, além da música, junta-se uma pitada de ciência, outra de tecnologia e, quem sabe, uns pós de neurociência e medicina

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Toda esta paisagem pode não ser estranha a quem se desloca todos os anos a Barcelona desde 1994, altura em que nasceu o festival. O Sónar é, desde sempre, um espaço de criação e de reflexão. Mas em Portugal, onde nos últimos dois anos não houve nem pezinhos de dança nem copos na mão, não é habitual juntar à música uma pitada de ciência, outra de tecnologia e, quem sabe, uns pós de neurociência e medicina. Ou ouvir um autarca a citar uma conversa que teve sobre os cruzamentos destes campos com Brian May, guitarrista dos Queen, na Noruega. Ou ver esse presidente da câmara sem saber o que dizer, pasmado, sobre a primeira instalação  portuguesa no recinto, quando questionado por Francisco Vidal. “São muitas linguagens”, disse Carlos Moedas, sentando-se, para que o pintor lhe fizesse um retrato, proposto pelo artista.

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Uma realidade nada virtual sobre a Nova Lisboa que gentrifica

O resto da conversa ficará para os dois. Carlos Moedas teve de seguir com a enchente para a próxima instalação, “Haíta” de Tupac Martir, uns metros à frente. Mas como o Observador também experimentou os óculos de realidade virtual, o melhor é esclarecer com um dos autores, neste caso Francisco Vidal, como foi trabalhar com esta tecnologia, o que é afinal esta peça e para onde deve ir toda esta vontade coletiva de levar a Nova Lisboa aos quatro cantos do mundo. Fica só pelo Sónar? Melhor que não. Comecemos pela cor. Ou pela sua ausência. É que o artista, filho de mãe cabo-verdiana e pai angolano, aluno das Caldas da Rainha e de Nova Iorque, gosta de cores, punk e banda desenhada. Gosta de Basquiat e de Picasso. Gosta de hip-hop dos anos 80 e de Cubismo. “Tivemos a sorte que desde o início tudo fez sentido. No atelier começámos com um quadro negro e usámos giz. Percebemos que estávamos perto destes novos lugares de Lisboa, do talho, da hamburgueria e dos brunchs. Uma mudança na língua, no sotaque lisboeta para um preto e branco do mercado da Ribeira. Uma uniformização das cores da cidade para que fossemos melhor entendidos”, conta.

Olhemos para as vacinas. Abrimos esse portal, em que cientistas usam máquinas, das sete da manhã às oito da noite, para fazerem tudo o que precisavam. As máquinas aprendem quando são alimentadas. Se alimentamos com guerra, dão-nos guerra. Se lhes damos amor, encontram-no", diz Tupac Martir.

Do quadro negro partiu-se para a poesia, aquela que se ouve, forte e profunda, na animação VR, de quem ergue o pincel, ou a tecnologia que simula o pincel, e de quem usa as palavras como Xulajji. É que a cor, ou o seu excesso, pode criar um problema artístico: “abrir demasiado o universo do tema que está a ser tratado”. Pois bem, o grupo de seis pessoas que fizeram o “Casulo — Still Free”, queria algo “cirúrgico, inteligente”, e por isso, “nada melhor do que usar o quadro negro da escola primária, quando começámos a comunicar”. “A pintura tem de ir direta ao ponto para mim, gosto muito do Raymond Pettibon, que fez a famosa capa dos Sonic Youth, tem toda essa estrutura punk rock. Ele fala sempre a verdade com um desenho cool. É muito ‘in your face’, típico dos anos 70/80. Acredito nesse tipo de acting, mesmo que digam que é panfletário”, acrescenta.

O processo criativo está compreendido. Mas, tal como Francisco Vidal tinha dito aos jornalistas na semana passada — “a minha tecnologia é o pincel” — fica outra dúvida no ar: como é que um pintor se ajusta a um festival tecnológico? “Adoro tecnologia, uso muito o Photoshop e o Ilustrator. Mas com o VR tu danças, és um bailarino, é físico. É incrível. Brincar e aprender. Com o telemóvel ou com o computador, chateia-me. Aqui percebes a escala temporal. Andar para trás e para a frente”, diz.

Durante a conversa, em jeito de provocação, que não é mais do que um piscar de olhos a esta junção de forças entre o lado político e o lado criativo, surge uma pergunta: não há um certo aproveitamento de “vender” estas novas vozes de que Francisco Vidal faz parte, só para “inglês ver” (atenção, a expressão também surge na instalação)? Ou só para os cerca de 60% de (bilhetes) estrangeiros que vão ocupar as três salas do Sónar. O pintor encara toda essa realidade com otimismo. E relembrando que a tal expressão já vem do tempo de Eça de Queirós ou de próprio Fernando Pessoa. Ou seja, o que é preciso é saber o que cada um vai fazer com esta Nova Lisboa.

Francisco Vidal: "Se tivermos uma boa relação com signos como o Padrão dos Descobrimentos, pode ser incrível. O espaço colonial, essa parte histórica, faz parte de nós. Já existe distância suficiente"

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Ou embarca na viagem e aceita a oportunidade, ou ficará pelo caminho. “O Casulo é sobre uma verdade que está a acontecer e queremos refletir. Há uma estética de Lisboa que também está a acontecer e nós vimos daí. Dos Dead Combo, dos Mata Ratos, do João Paulo Cotrim, de ilustradores lisboetas muito bons que também trabalham esta estética. Ela pode partir fronteiras e muros, construir pontes entre música, escultura, cinema e banda desenhada. Precisamos de uma comunhão maior entre classes sociais, entre as diferenças, o preto e o branco, binário e não binário, todas estas palavras que estamos agora a prestar mais atenção e a dar um significado”, explica o pintor.

Essa comunhão criativa que Francisco Vidal quer ver a acontecer, ocorre também numa cidade, ainda com marcas de um passado — e de toda uma conversa difícil sobre as memórias do colonialismo português — que pode levar a uma maior resistência dos lisboetas. Mesmo que, no Beato, haja toda a liberdade para progredir nessa abertura de mentes. “Se tivermos uma boa relação com esses signos, como o Padrão dos Descobrimentos, pode ser incrível. O espaço colonial, essa parte histórica, faz parte de nós. Já existe distância suficiente. Podemos dar passos em frente para perceber se o nosso espaço, a nossa dimensão humana, é mesmo incrível ou se somos só uma praga no planeta, como as baratas”.

Francisco Vidal: "O Casulo é sobre uma verdade que está a acontecer e queremos refletir. Há uma estética de Lisboa que também está a acontecer e nós vimos daí. Dos Dead Combo, dos Mata Ratos, do João Paulo Cotrim, de ilustradores lisboetas muito bons que também trabalham esta estética."

Apesar da esperança, Francisco Vidal não tapa os olhos. E, para isso, relembra um fado de Amália Rodrigues, que cantava sobre uma Lisboa que não devia ser francesa. É aí que a sua veia punk vem ao de cima. E uma alfinetada, com mea culpa, à tal gentrificação que se encontra no seu Casulo. “Esse fado da Amália é contemporâneo. Nós, artistas, estamos a trabalhar para a gentrificação. Por exemplo, duvido que exista uma ZDB no Beato, vai ser outra coisa, diferente. É por isso que acho que este tipo de trabalhos tem de ser punk, tem de ser crítico”. Ponto final.

Uma instalação sobre migrações, uma experiência visual sobre o som dos sismos

Entre pinturas, cigarros e copos, a política foi embora. Mais à frente está um homem sorridente. É Tupac Martir. Vive há ano e meio em Portugal, onde começou uma residência  no Centro de Investigação Champalimaud. É artista multimédia, fundador do Satore Studio, uma carola daquelas que começou a estudar código aos seis anos. Não é cientista, mas é cientificamente fascinado pelo mundo, focando-se sempre, mas sempre, na parte humana da tecnologia. Estudou religião e filosofia. Elton John, Danny Boyle, Coachela, são nomes que fazem parte de colaborações no seu currículo. Um dos seus trabalhos mais badalados, “Cosmos Within Us”, é uma experiência imersiva sobre a doença de Alzheimer, que o faz sempre chorar na mesma parte.

[uma palestra de Tupac Martir:]

Este ano apresenta “Hátia”, que significa rio, uma viagem visual através do corpo e da mente de uma bailarina. Sem fazer spoilers e sem complicar, expliquemos o que se vê naquela sala escura, com um coro de vozes perfeitamente harmonizadas a ecoar lá dentro: a captação de movimentos da bailarina — e a captação da sua vontade de se movimentar — através de uma leitura visual, através de uma ressonância magnética da bailarina. Muita ciência? Tupac Martir explica. “Esta peça é uma montanha russa. Começou na Champalimaud, esteve no Maat, e agora está aqui, ao pé do rio, que é muito importante para mim porque sou mexicano. O rio simboliza a migração. E aqui temos essa viagem. Como sou também indígena, usei canto gregoriano, com variações, para trabalhar o conceito de manter estas tradições que estão a morrer”, afirma.

Porque, na verdade, essa tal migração, que atravessa os quatro cantos do mundo e que agora se torna mais visível — e mais grotesca — por causa da guerra na Ucrânia, é uma história comum. E mesmo usando os meios tecnológicos mais avançados, Tupac Martir quer constantemente contar uma história. “Há muita gente a tentar atravessar a água. Cada um dos movimentos da peça começa com um homem que deixou a sua vida, mas depois existe outra camada em que a mulher vê o seu amor partir. E outra em que não sabes para onde vais, corres pela tua vida. Vais para o mar, morres. E outra em que a pessoa se despede, com uma flor, onde se relembra quem partiu, lágrimas nos olhos, pede-se que não se vá embora. Há, em tudo isto, o elemento humano”.

Tupac Martir acredita então que a tecnologia é, além de uma extensão do ser humano, um protagonista. Como um ator escolhido durante um casting para um filme. É assim que a encara em qualquer um dos seus projetos. "Se uso uma determinada tecnologia, todas as decisões são tomadas como se fosse um ator."

De Elon Musk ao “Exterminador Implacável”, todos debatem os benefícios e malefícios das tecnologias. Inteligência artificial, dependência excessiva da maquinaria substituindo a força humana ou uma qualquer Skynet que um dia será descoberta nas páginas dos jornais. Ainda que noutro espectro de onda, tal como Francisco Vidal, Tupac Martir esteja otimista. Será, talvez, por ter passado os últimos 25 anos de vida também a meditar. Ou porque acredita na Protópia, teoria que diz que todos os anos ficamos 1% melhores como seres humanos. Utópico? Irrealista? Sonhador? O artista explica com ciência. “Parte desse crescimento foi feito com computadores. Olhemos para as vacinas. Abrimos esse portal, em que cientistas usam máquinas, das sete da manhã às oito da noite, para fazerem tudo o que precisavam. As máquinas aprendem quando são alimentadas. Se alimentamos com guerra, dão-nos guerra. Se lhes damos amor, encontram-no”, diz.

Tupac Martir acredita então que a tecnologia é, além de uma extensão do ser humano, um protagonista. Como um ator escolhido durante um casting para um filme. É assim que a encara em qualquer um dos seus projetos. “Se uso uma determinada tecnologia, todas as decisões são tomadas como se fosse um ator. É o mesmo processo. Vou dar um exemplo: no Teatro Nacional de Londres, um encenador queria que os seus atores reagissem à vinda de um dragão, mas eles reagiam da mesma forma. Mesmo sendo cada vez maior. Decidiu pedir que metessem um dragão em realidade virtual. Como os atores sabiam onde estava o animal, de onde vinha, que tamanho tinha, reagiram muito melhor. O que é preciso é saber usar a tecnologia!”.

“A arte serve para mudar os nossos preconceitos”

Subindo mais uns degraus, e passando por outra instalação de um português, André Gonçalves, que envolve bolas de ping pongue e madeira para criar “máquinas escultóricas que se comportam como um modelo metafórico para conceções simplistas do mundo”, é a vez de ir ao encontro de Joe Gerhadt. Britânico que, ao lado de Ruth Jarman, criou o Semiconductor Films, que anda a explorar as interseções entre a arte, a ciência e a tecnologia pelo menos desde os anos 90. Nesta primeira edição do Sónar, trazem uma instalação sonora e visual, com animação, “The View From Nowhere”, criada há seis anos em Barcelona. O lado nenhum, traduzido para português, é, nada mais, nada menos, um lugar que poucos vemos: o sítio, ou neste caso o pedaço de terra (ou de gelo), de onde surgem os sismos.

Joe Gerahdt: "Estudei escultura. A arte serve para mudar os nossos preconceitos, para os desfazer"

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Tudo está ligado ao som e à animação e a muita, muita, muita, pesquisa. Neste caso, à mais primária, a dados não tratados. Dando um exemplo prático, para estes “semiconductors” o fascinante não é explorar uma imagem a cores da Via Látea tirada pela NASA, não. É todas as imagens anteriores, a preto e branco, porque é o mais próximo do início dos tempos, da natureza. E logo começam a reconstruir à sua maneira. E o que verá o público no Sónar? “Fomos recolher sons de atividade sísmica, terramotos, vulcões, e também os sons da atividade humana que criam sismos, que mudam a face da terra”, conta Joe Gerhadt. Certo. Então, apesar do fim ser artístico, e ao contrário de Tupac Martir e de Francisco Vidal, estamos, finalmente, perante dois cientistas. A resposta é: não. “Não, isto não é ciência. A ciência olha para a natureza e traduz para algo que nós, humanos, percebamos. Nós aqui queremos uma nova experiência, que pode não ter narrativa como uma história. A atividade sísmica acontece a uma frequência muito baixa que nós não ouvimos, ou seja, aqui estás a senti-la. Nem tens de perceber. É uma forma de interpretar a natureza. Queremos que o espetador faça a sua história enquanto vê o nosso trabalho”, explica Joe Gerhadt.

E esse trabalho já foi bem visto, por diferentes laboratórios e por diferentes públicos. Pela NASA, com quem trabalharam. Ou pelas ilhas Galápagos, onde a dupla passou uma temporada no Charles Darwin Research Station. Os seus métodos, ainda que ambos não sejam cientistas — vieram os dois de artes — estão bem explicados no site. Mas Joe Gerhadt, como qualquer bom não cientista, é bem capaz de descomplicar o que fazem. E porquê. No fundo, os dois são apaixonados pela natureza e resolveram materializar isso em algo único. “Estudei escultura. A arte serve para mudar os nossos preconceitos, para os desfazer. Perceber a natureza é encontrar novas maneiras de pensar o mundo”, conta.

Para quem nunca viu um dos trabalhos dos Semiconductor Films, pode ficar curioso para saber qual é o som de um sismo. “É sublime”. Calma. “É bonito e assustador”. Calma outra vez. “É arrebatador, mete-te em perspectiva, sentes-te pequeno. São sons microscópicos, mas muito grandes”. Sem piscar de olhos.

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