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O ramen chinês é um dos protagonistas da carta do Formosa. Também existe a versão sem caldo, sempre com noodles caseiros.
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O ramen chinês é um dos protagonistas da carta do Formosa. Também existe a versão sem caldo, sempre com noodles caseiros.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

O ramen chinês é um dos protagonistas da carta do Formosa. Também existe a versão sem caldo, sempre com noodles caseiros.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

Frango frito, ramen chinês e o mochi original: um passeio por um mercado noturno de Taiwan à mesa do Formosa

Com selo de aprovação de quem conhece a ilha, trouxemos lições do restaurante da Rua do Século onde se serve "autêntica comida taiwanesa": "O mochi não é japonês, não é chinês, é taiwanês!".

Maneki Neko repousa ao balcão e vem a dobrar. Conhecido por trazer sorte em dinheiro, o famoso “gato da fortuna” acena ininterruptamente, como quem diz “anda, és bem-vindo”. Não é ao acaso que a tradução literal do nome significa “gato que convida”.

Luzes baixas, um banco corrido que acompanha o longo corredor que termina no balcão. Um néon encarnado com caracteres chineses. Diz Formosa, nome do restaurante dedicado à gastronomia de Taiwan que abriu portas discretamente em Lisboa durante a primavera. Descreve-se não só como pioneiro, mas também como “autêntico”, facto que poderia configurar chavão, não fosse um motivo muito simples: os naturais e conhecedores desta região insular a curta distância  da China, residentes na capital portuguesa, tornaram-se nos primeiros e mais assíduos clientes da nova casa.

No Príncipe Real, mais concretamente na Rua do Século, a localização dá aso a outro facto curioso, daqueles que, para os mais crentes, poderão muito bem ser interpretados como pistas da intervenção de uma força maior: outrora a íngreme e estreita via lisboeta que desemboca na Calçada do Combro chamou-se Formosa, o mesmo do nome do restaurante. Para completar a sequência de fun facts, Formosa foi o adjetivo escolhido pelos navegadores portugueses quando pisaram a ilha, batizando assim para sempre o território.

O Formosa abriu em maio e já tem como clientes assíduos os conhecedores da comida típica dos mercados de Taiwan, conta Mei, uma das sócias.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

“Quando arrendámos o espaço não sabíamos. Mas um dos nossos vizinhos que sempre viveu aqui contou-nos que a rua antes se chamava Rua Formosa”, explica uma das sócias do espaço. Apresenta-se como Jessica, mas é só para facilitar. Os professores de português têm muitos alunos chineses e pedem que se adotem nomes ocidentais mais fáceis de pronunciar, explica. Ficamos a saber que Jessica é na verdade MeiWa. “Foi escolhido pela minha mãe e significa maravilhosa chinesa”.

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Natural de Macau, já está em Lisboa faz dez anos. Chegou quando tinha 19 e veio para estudar Direito. Licenciou-se, mas acabou por seguir pelo caminho da restauração e da gestão. Depois de uma experiência intensa no Han Table Barbecue, restaurante sul coreano presente em vários espaços de Lisboa e Porto, onde conheceu XiongWei (ou Tiago, como nos é apresentado), marido e também chef da Formosa, foi desafiada por Alistar (o nome chinês é Kim) para abrir este taiwanês. Ele é natural de Hong Kong, a mulher é que é Taiwan e a causa por que nos encontramos aqui. “A esposa do meu sócio disse que não queria sair da terra dela, porque em Portugal não há nenhum restaurante de Taiwan.”

Dos 2€ aos 9,9€, na carta há tofu bem cheiroso, kimchi agridoce e um pudim de coco em forma de coelho

Problema resolvido. Primeiro, chega o kimchi taiwanês (2€), couve coração fermentada. “Quando se fala em kimchi, as pessoas pensam logo na Coreia do Sul, mas na verdade todos os países da Ásia têm um kimchi diferente”. Pela proximidade geográfica e história comum, a gastronomia de Taiwan imprime influências profundas da cultura do território vizinho: “Toda a comida taiwanesa é uma versão diferente da chinesa”, diz Mei. No caso deste pickle de legumes, aqui é mais “doce”, “suave”, “fresco” e “menos picante”, comparativamente ao da província chinesa de Sichuan, do qual foi adaptado. O frango frito (4,5€), outra das entradas, passou pelo mesmo processo de readaptação: a batata doce é o ingrediente principal do polme — na província de Fujian é o milho ou o trigo — e há um travo muito particular a canela.

MeiWa veio para Portugal há dez anos para estudar Direito. Acabou por ganhar experiência no setor da restauração e gestão.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

A carta, concisa, com preços de amigo (absoluta raridade, considerando sobretudo a localização) e executada por Xiong, parceiro de Mei, é inspirada na tradição dos mercados de noite de Taiwan. A par do dragão ou do Parque Nacional Taroko, este é dos elementos da cultura taiwanesa retratados no mural assinado por Sofia Zoko, que percorre a parede direita do corredor do restaurante. Uma das iguarias mais famosas que encontramos nestes mercados é o “tofu fedorento”: embebido numa salmoura fermentada, utilizando um processo que é muitas vezes secreto, variando de vendedor para vendedor, é conhecido pelo odor muito forte, descrito mesmo como desagradável. O que nos chega à mesa Formosa é diferente: cheira bem. “É o único prato que não é autêntico e é o mais criativo da carta. O tofu (2,9€) é frito duas vezes e leva uma molho caseiro de sésamo”, conta Mei. “Os portugueses nunca iam aceitar o cheiro do original”, brinca.

Depois das gyosas (3,5€) estaladiças, fritas três vezes, com recheio com vegetais (também há de porco e vaca), a tigela mais pequena (ou média) de arroz frito à moda taiwanesa com entremeada (8,9€) marca o meio da refeição. A taça está bem abastecida e o conteúdo deve ser bem misturado, alerta Mei.

Em cima, kimchi e frango frito; no meio, gyosas vegetais e tofu frito; em baixo, arroz frito com ovo e entermeada; ramen com carne de vaca, noodles caseiros e pak choi.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

Numa enorme tigela de metal, a derradeira estrela da carta, de nacionalidade originalmente chinesa e não japonesa, nota a proprietária: um ramen de vaca (9,9€), com noodles artesanais, feitos ali, e um caldo que “usa oito ervas diferentes e é cozido durante mais de três horas, com ossos da carne de vaca”. Leva repolho chinês, ovo cozido e pak choi. Um prato que nasce na China com o nome de “liao-men” e que chega ao Japão como “ramen” ou “lamen”, fruto das trocas culturais e sociais geradas pelos períodos de colonização entre as diferentes nações.

“O ramen chinês tem várias diferenças em relação ao japonês”, explica Mei. Dá alguns detalhes: “Uma delas é o caldo, que na China é mais claro, mais líquido. O caldo chinês tem muitas propriedades boas para a saúde, por utilizar ervas da medicina chinesa. O japonês fica mais espesso e é mais creme”, descreve.

A doçaria promete chuva de estrelas nas redes sociais. O pudim de coco, de consistência gelatinosa, doçura q.b — “é menos doce do que as sobremesas portuguesas”, adverte Mei — é branquinho e tem forma de coelho. Os clientes, diz enquanto exemplifica, gostam dar um toque ao animal com a colher, notando que o doce apenas abana, sem que a camada exterior seja perfurada ou desmanchada. Sobre o delicioso mochi (3,9€), que aqui surge com interior de gelado de matcha (geralmente tem um creme) e revestido pela doce e viscosa massa de arroz, é preciso esclarecer: “Não é japonês, não é chinês. É taiwanês!”, exclama Mei.

À esquerda o pudim de coco; à direita o mochi com gelado de matcha.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

O que interessa saber:

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Nome: Formosa

Abriu: maio de 2023

Onde fica: Rua do Século 149A Lisboa

O que é: um restaurante de comida típica de Taiwan

Quem manda: MeiWa e Kim

Uma dica: não deixe de experimentar as duas sobremesas

Contacto: 915 399 266

Horário: Quarta-feira a segunda-feira, 12h30 às 15h; 19h às 22h30

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