Halim Shirzad estava habituado a observar o aeroporto de Cabul. Da casa onde morava com a mulher e o filho bebé ouviam-se as zoadas dos aviões que por ali se agitavam antes do local se tornar num apinhado de aflição. Halim foi obrigado a conformar-se com a ideia de se tornar vizinho do desespero. No verão de 2021, os talibãs ocuparam o Afeganistão e levaram milhares de pessoas a tentarem fugir do país e do regime opressivo que os extremistas se preparavam para impor 20 anos depois de terem perdido o controlo sobre a região.
Poucos acreditaram nas promessas de maior abertura feitas pelos novos líderes políticos ou não fossem eles os mesmos que um ano antes assinaram um acordo com os EUA em que se comprometiam a não atacar o país. “A nossa casa era muito próxima do aeroporto. Nós vimos tudo. Muitas pessoas estavam a atravessar a nossa casa para irem para o aeroporto”, contou Halim ao Observador. Para muita gente, morrer a tentar fugir parecia um cenário mais animador do que acabar nas mãos dos talibãs. Notava-se isso na forma como os civis se agarravam às asas dos aviões que procuravam descolar numa pista preenchida por pessoas entregues aos impulsos da sobrevivência.
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