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Entrevista a Luís Borges, modelo internacional e diretor criativo da marca Call Me Gorgeous. 24 de Fevereiro de 2023 Showpress Moda LIsboa, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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Depois dos prateados, uma "explosão de cor" irá marcar a próxima etapa da Call Me Gorgeous, a marca de acessórios que volta a marcar presença na ModaLisboa, depois da estreia em outubro passado.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Depois dos prateados, uma "explosão de cor" irá marcar a próxima etapa da Call Me Gorgeous, a marca de acessórios que volta a marcar presença na ModaLisboa, depois da estreia em outubro passado.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Luís Borges: “As críticas magoavam-me, mas eu metia Rihanna nos phones e achava-me uma estrela em Lisboa”

Aos 18, saiu de casa para ser manequim. Aos 22, tinha a cara em Times Square. Aos 34, Luís Borges ainda guarda as botas da sorte e fecha a ModaLisboa com a Call Me Gorgeous. "Gosto de pensar grande".

A altura e o cabelo tratavam do assunto sozinhos, não era preciso caprichar na extravagância. O miúdo magro, de óculos, e dente partido, demorou a ver em si o valor que outros viam. Enquanto tentava domar a sua afro com carradas de gel, a irmã inscreveu-o num concurso de manequins e o “look único” surtia efeito. De Castelo Branco para Lisboa, onde chegou pela maioridade, acumulou dois trabalhos para não pedir dinheiro aos pais. No bolso, trazia apenas o último ordenado da loja de materiais de construção onde trabalhava. Nos auscultadores, a canção certa para despistar o preconceito na capital: “Don’t stop the music”.

No próximo domingo, regressa à ModaLisboa (9 a 12 de março) para encerrar mais uma leva de desfiles com a Call Me Gorgeous, a marca de acessórios que sonha levar alto e além. “Porque não hei-de pensar em grande?”, defende o diretor criativo e pai de três filhos que aos sete anos descobriu que foi adotado, e aos 22, “ainda puto”, juntava-se ao restrito clube dos que podem dizer “foda-se, estou em Times Square!”. Pena que o seu Blackberry não produzia grandes fotos, caso contrário ter-nos ia mostrado esse e outros momentos. Como o dia em que Tom Ford lhe lavou a cabeça num casting.

Olho para os seus pés e penso: que é feito daquelas botas de verniz da Dsquared2 com que entrou no prédio da DNA, em Nova Iorque quando esbarrou na Alessandra Ambrosio?
Meu Deus! Essas botas estão em minha casa. Por acaso, foram as primeiras botas que comprei com o meu grande ordenado quando comecei a desfilar lá fora. Faz 16 anos.

O que recorda desse primeiro grande trabalho?
Foi quando desfilei para a Dior. Não vou dizer o valor, mas eles fizeram semi exclusivo, na altura não percebia bem o que era, fui atirado aos lobos, mas basicamente significa que no dia do desfile da Dior só posso fazer esse desfile, e depois eles podem escolher os outros criadores para quem vou desfilar. Ou seja, desfilei Yves Saint Laurent, Christian Dior, porque era o mesmo designer da Dior, e ainda fiz Hermès. Quando recebi esse primeiro ordenado, eu que sempre gostei de moda, fui às [Galerias] Lafayette e vi aquelas botas da Dsquared2. Foram um bocadinho carotas mas eram as minhas botas da sorte. Viajei nessa altura para Paris, Milão, Nova Iorque e de cada vez que ia aos castings ficava sempre com os trabalhos.

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Levava-as sempre, como amuleto?
Sim, sim. Houve até uma altura em que fui a um casting e me perguntaram “então e as suas botas?”. E eu: “Não trouxe”. E quando não as levava não ficava. Andei uns dois anos a fazer castings com aquelas botas porque eram de facto as minhas botas da sorte. Estão lá em casa. Há coisas… Imagina, tenho um roupeiro gigante porque há muitas marcas que me dão coisas e eu vendo muitas, mas há algumas de que não me consigo desfazer.

Como é que funciona essa relação com a roupa?
Já vendi muitas peças que me deram, porque não fazia sentido, não usava ou usaria pouco tempo; outras que guardei, porque têm valor estimativo e não consigo dar. Também tenho uma camisa YSL, que usei uma vez. Aliás, comprei duas t’shirts, uma que usei bastante até destruir, outra que era um vestido plissado. Na altura era muito over, foi há dez anos, os homens não usavam um vestido plissado. Ainda guardo, sim. Estas botas por acaso são Louboutin.

Marca aliás de que é cara.
Da makeup, sim. Sabes que foi engraçada a história porque ele [Christian Louboutin] convidou-me para um evento que houve aqui há uns seis, sete anos, e o meu booker Mário, da Central [Models] disse-me que tinha que ir a este evento. E eu “tudo bem”, estava lá com a Raquel [Strada] e a Nayma e ele chega ao pé de mim e diz “prazer em conhecer-te”. Aquilo ficou-me na cabeça. Mas como é que ele sabe quem eu sou? Liguei ao meu agente e ele “ó Luis, tu és um manequim internacional”. Passado anos, na altura da Covid, o meu booker liga-me a dizer que tinha esta opção para a Louboutin, a perguntar se queria fazer. Claro que queria. Mas achava que não ia ficar.

Porquê?
Porque tive quatro anos intensos na moda, a viajar, depois parei por causa dos meus filhos. E depois voltar não é a mesma coisa. Mas o Mário Oliveira sempre foi o meu grande apoio, também é agente da Sara [Sampaio], sempre me disse que tinha um look único, que há poucos manequins iguais a mim, e realmente é verdade. Um dia recebo uma mensagem de um Instagram que nem fotos tinha. Dizia que era o Louboutin, a pedir para ligar e falar comigo.

Pensou que era trote?
Pensei, como é que é possível? Passei para a minha agência, eles passaram para Paris, e confirmaram que era ele, e que queria certificar-se que a agência em Paris me tinha dado a opção para fazer o trabalho. Até hoje somos amigos. Quando vem a Portugal convida-me para ir lá a casa. Acima de tudo acho que é giro ver aquelas pessoas que admiramos nas revistas. Por exemplo, quando conheci o Tom Ford, nunca o imaginava assim. Eu estava no casting da Dolce&Gabanna e disseram-me que tinha que ir ao casting dele. “Mas eu quero fazer Dolce&Gabanna”, dizia eu. E a minha agência insistia para eu ir a Tom Ford. E quando eu cheguei lá ele lavou-me a cabeça.

O Tom Ford lavou-lhe a cabeça?
O Tom Ford, sim, quando fui fazer o casting. Ele queria que eu fizesse de quase gémeo com o Max Motta, que tem uns caracóis mais largos, e queria tentar perceber se o meu cabelo dava para fazer isso. Imagina, naquela altura não havia redes sociais como há hoje.

"[Quando cheguei a Lisboa] arranjei trabalho na Gardenia do Chiado. Entrava às nove e saía às cinco. E lá ia para a Stradivarius do Colombo até à meia noite. Era aquela coisa de não querer ligar aos meus pais, eles não podiam achar que tinham ganho. Desde que vim para Lisboa nunca pedi um euro aos meus pais. Sempre batalhei"

Portanto, não há foto nem vídeo desse momento.
Pois, [dava para] fotografar aquilo tudo. Achei giro porque há pessoas que achamos inalcançáveis e na verdade são pessoas normais. Fico muito feliz pelo meu percurso, acho que sempre trabalhei muito, sempre batalhei, sei bem o que quero. Hoje estou mais crescido, maduro. Há uns anos talvez não visse tão bem as coisas, o meu booker até ser ria. “Ah, já fiz dois shows está bom”. Ele dizia-me “tens este aqui da Hermès”. “Ah, mas já estou cansado”.

Achava que já chegava?
Realmente, não tinha bem noção das coisas. Acho que nunca acreditei bem no meu valor. A Ana Sofia, sim, e todos os dias me diz que tenho um valor que nem acredito. Mas hoje acredito mais, sinceramente.

São grandes amigos, mais que colegas na moda?
As minhas melhores amigas são a Ana Sofia e a Sara Sampaio. Somos amigos há uns 15 anos e ao início não gostámos muito uns dos outros. A partir do momento em que nos sentámos e começámos a falar percebemos que tínhamos muitas coisas em comum. A Ana Sofia é um pilar da minha vida, temos histórias de vida muito parecidas, conseguimos apoiar-nos uns ao outro. Para mim, amigo não é só aquele que diz que estás bem numa capa, ou giro numa foto, é aquele que diz as verdades.

Ouve-a?
Eu ouço, depois decido se devo fazer ou não, quase sempre faço, porque a Ana Sofia é como se fosse minha mãe [risos]. Ela é muito madura, para mim é uma referência o percurso dela, a moda, depois a televisão, ser uma grande atriz, tem muito valor para mim alguém que cresceu com pouco, sem grande apoio da família, é muito importante.

Falava de não acreditar muito. Tudo começou ainda em Castelo Branco, quando a sua irmã Gisela arrisca por si e o inscreve às escondidas num concurso. Na altura com 18 anos, como reagiu?
Disse que ela era maluca [risos]. Castelo Branco era um meio pequeno. Na altura usava gel no cabelo porque odiava a minha afro, usava óculos, tinha um dente partido. Alguma vez ia ser manequim? Quando vim fazer o casting da Elite, só via miúdos bombados, com grandes corpos.

Tinha a altura, os 1,88 metros do seu lado.
Mas lá está, é aquela coisa… Quem me fez o casting disse “ah tu tens uma grande cara”. Só que pensei que devia dizer aquilo a todos. Quando vou no comboio e me ligam a dizer que fui selecionado para o concurso, começas a acreditar mas é aquela coisa em que não acreditas bem. Sempre fui um bocado assim, pelo menos até vir para Lisboa, porque aí tive que acordar para a vida. Aí é que percebes quem é amigo e quem não é, quem dá facadas nas costas.

Como era o grupo de amigos em Castelo Branco? E como era o Luís?
O Luís portava-se um bocado mal na escola (risos). O Edu [um dos três filhos] é muito reguila e quando me fazem queixa dele lembro-me que já fui assim. Era rebelde, gostava de chamar a atenção.

Também através da roupa?
A minha irmã Gisela, que na verdade é minha prima, trabalhava na Danone e era ela que me dava dava dinheiro para comprar as calças e sapatos de que gostava. Aí comecei a descobrir a minha identidade. Quando vim para Lisboa, sozinho e sem ter os meus pais que me controlassem, já usava coisas mais fora da caixa. Calças com cores, botas até ao joelho, coisas que os homens na altura não podiam usar.

Hoje fala-se muito do cruzamento de géneros, algo que o vimos a fazer desde sempre. Apesar de Lisboa ser muito mais cosmopolita que o meio de onde vinha, como reagiu a cidade quando veio para cá?
Bastava ter este metro e 88 e esta afro para as pessoas olharem para mim.

Não era preciso muito mais?
Pois, mas sabes que eu metia os meus phones, ouvia o “Please Dont Stop The Music”, da Rihanna, e achava-me uma estrela em Lisboa, sou muito sincero. As críticas a mim magoavam-me um bocado na altura, não tinha a estrutura que tenho hoje. “Olha ali o gay com umas calças de cor”.

Entrevista a Luís Borges, modelo internacional e diretor criativo da marca Call Me Gorgeous. 24 de Fevereiro de 2023 Showpress Moda LIsboa, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Era o tipo de comentários que ouvia?
Era isso que ouvia, sim. Mas isso só me tornou mais forte. Hoje já têm mais respeito e noção, mas já não me incomoda se ainda ouvir. Na altura era diferente quando um miúdo aparecia com umas calças vermelhas e um crop top. Hoje é mais normalizado. Ficava triste, pensava porque é que as pessoas não haveriam de aceitar aquilo.

Nunca pensou que o problema era seu e que tinha que mudar?
Não, isso nunca na vida! Então, eu saí de Castelo Branco porque os meus pais não queriam que eu fosse manequim.

A iniciativa da irmã foi também à revelia dos seus pais?
Sim, ela encobriu-me, depois é que eles descobriram que tinha vindo a Lisboa fazer o casting. Fingi que estava a fazer um trabalho de grupo em Castelo Branco só que o autocarro atrasou-se imenso, cheguei para aí às nove da noite, houve uma discussão e tive que contar. Quando souberam que a Elite me tinha dado um contrato. Na altura eles achavam que o mundo da moda era só droga e não sei quê. “Queres ser manequim? Então sais de casa.” E eu saí de casa. Sempre soube bem o que queria.

E lá veio para Lisboa.
Vim para Lisboa, sozinho.

Com algo nos bolsos?
Trabalhava na Só Ferragens, em Castelo Branco, que vende materiais de construção. Era o meu último ordenado. Lembro-me de vir com esse dinheiro no bolso, para casa de um amiga chamada Natacha, e depois tive que ir ver de trabalho cá. Trabalhei na Stradivarius do Colombo das sete da tarde até ao fecho, entretanto também arranjei trabalho na Gardenia do Chiado. Entrava às nove e saía às cinco. E lá ia para a Stradivarius.

Acumulou dois trabalhos?
Eram dois, sim. Era aquela coisa de não querer ligar aos meus pais, eles não podiam achar que tinham ganho. Vou ter que sobreviver sem pedir nada. E consegui. Desde que vim para Lisboa nunca pedi um euro aos meus pais. Lá está, sempre batalhei, trabalhei.

Ia fazendo castings, entretanto?
Quando vim percebi que o mundo da moda não era assim tão rápido. Não é fazer um casting, ficar e pronto. Ainda por cima em Portugal, não havia muito trabalho. Quando vou lá para fora é que as coisas começam a acontecer. Mas estive aí dois anos a sofrer porque não trabalhava muito. Não havia negros na moda em Portugal. Tinhas a Ana Sofia, a Nayma, mas depois colocar pessoas novas a desfilar na ModaLisboa era um filme de terror. Lembro-me quando fui fazer o casting para a Modalisboa e me disseram “ah, o Luís Borges não sabe andar”. E passados três meses estava a fazer a Paris Fashion Week, e já todos me queriam a desfilar.

Tem aquele célebre discurso nos Globos de Ouro, quando vence o prémio de melhor manequim, em que critica muito isso, com o seu fato Tom Ford.
Gosto de mandar bicadas [risos]. Mas é verdade. Eu estava a andar da mesma maneira, o que é que mudou? Era porque comecei a fazer desfiles internacionais? Parece que tens que ir lá fora para mostrar que és bom para depois te valorizarem aqui. Não me contive. Ainda por cima estava vestido de Tom Ford, que ele fez questão de me vestir.

Sente que mudou um pouco essa cultura? É mais fácil para um miúdo que chega hoje de fora?
Vou ser sincero, a mim chateia-me um bocado aqueles miúdos que acham que ser manequins é ser famoso. Não é isso. Moda é arte, o que os designers fazem é arte.

E muitos manequins nem são conhecidos.
Muitos, mas eles acham que fazes uma campanha e já és famoso. É importante teres uma estrutura familiar boa, porque o mundo da moda não é fácil. Na altura, tinha o apoio do Mário, que era o meu conselheiro, chorava quando perdia um casting. Hoje olho para trás e penso, “Luís, eras ridículo”, porque os “nãos” fazem parte do crescimento. Mas a moda hoje está muito mais aberta. Por exemplo, tínhamos o show da Victoria Secret, com mulheres lindas, magras, maravilhosas. A partir do momento em que aparece uma Rihanna e o seu show cheio de diversidade, o mundo da moda muda completamente. Em Portugal claro que é mais lento mas há mais abertura, hoje já desfilam trans, há muitos modelos negros.

O desfile/evento Call Me Gourgeous que marcou a estreia da marca na ModaLisboa, em outubro passado. No próximo domingo, há mais.

MELISSA VIEIRA/ OBSERVADOR

O seu desfile Call Me Gorgeous, na passada edição, só teve modelos negros.
Porque acho que fazia sentido. Quando comecei na moda não havia negros, ia lá fora e achavam que o meu cabelo era falso. Não, tenho um mix, a minha mãe é negra, o meu pai é branco. Por isso tenho esta pele tão clara.

Tem uma história curiosa de lhe puxarem o cabelo na rua. Acontecia?
Sim, uma miúda, uma vez no Colombo. Para ver se era verdadeiro. Aquela coisa de termos voz na internet, porque é que não podia passar isso para a passerelle? Porque não hão-de ser só negros quando muitos dão dez a zero a muitos brancos a desfilar? E a energia, é muito importante.

Mas quando começou sentia que havia assumidamente uma discriminação?
Acho que achavam que o que funcionava era meter os meninos louros de olhos azuis. A partir do momento em que lá fora há novos critérios e são obrigados a incluir negros, asiáticos, etc, aqui também tem que acontecer. É o mesmo que pensar nos designers. Se alguns lá fora fazem coisas em grande porque é que eu também não hei-de pensar e tentar fazer coisas em grande? Claro que depois recebo críticas porque acham que me estou a armar, mas é a realidade. Não temos que pensar pequeno só porque estamos em Portugal. Gosto de pensar grande.

Falava do design. As pessoas conhecem-no sobretudo como manequim. No Instagram, por altura da última ModaLisboa, escreveu “call me designer, bitches!”. Já se sente assim?
Sou um creative director, não desenho. A Victoria Beckham também não desenha. Temos também o exemplo da Vuitton e do Pharell Williams. Tu tens é que mostrar a tua criatividade, não tens que saber desenhar. Se fores criativo o suficiente podes ser bom. Não é essencial ter um curso para ser bom.

O essencial para si é o conceito e depois logo vem a operacionalização?
Sim, como é óbvio. As pessoas acham mesmo que os designers trabalham sozinhos? Não trabalham. É difícil porque venho da moda e entrar na ModaLisboa como designer pode parecer estranho para os outros mas eu tenho valor. A Call me Gorgeous tem um ano, entrei passados seis meses, esta edição vou fechar, o que me faz muito feliz. Acho que estou a fazer um bom trabalho.

Entrevista a Luís Borges, modelo internacional e diretor criativo da marca Call Me Gorgeous. 24 de Fevereiro de 2023 Showpress Moda LIsboa, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O que planeia fazer a longo prazo? Esta dimensão mais empresarial é um objetivo?
Sim, a moda é uma coisa que quero fazer até conseguir, mas faço trabalhos limitados, coisas que acho que me trazem valor em termos de curriculum, que sejam bem pagos acima de tudo. A marca é uma coisa que espero levar para a vida, é o meu investimento, estou sozinho. Não criei uma marca para brincar às marcas. Mas tenho mais objetivos.

Por exemplo?
Quero ter uma loja, uma agência de modelos. Sei lá… Não penso pequenino, tenho vários sonhos. A marca era um deles, mas sou muito relaxed nas coisas. Tudo acontece no tempo certo.

Não foi o tempo certo para outros projetos que ficaram pelo caminho? Recordo-me por exemplo da B488, ou mesmo da loja que chegou a ter no cabeleireiro do Eduardo Beauté.
Acho que tudo isso aconteceu para eu perceber e crescer, e para ver o caminho a seguir. Cometi erros que aqui não quero cometer. A Ana Sofia diz que eu agora sou um homem de negócios. Ela vai a minha casa porque também lhe faço o styling e diz que eu estou muito sério. “Agora a quem é que vou dar na cabeça?” Levo mesmo a minha marca mesmo muito a sério e acho que está no bom caminho. O meu objetivo é chegar a uma fashion week internacional.

Sente que é possível?
Lá está, se acho que posso chegar vou trabalhar para isso. Pode não acontecer mas eu vou trabalhar para isso. Se quero chegar a Paris, vou fazer por isso.

Que peso têm as redes e o influencing na marca Portugal e em marcas portuguesas como a sua?
A marca cresce graças às embaixadoras que tenho, tenho amigas que gostam realmente da marca e que partilham sem ter que o pedir. Não obrigo ninguém a usar. Há dias falávamos e a Sara dizia que nunca mando coisas minhas. “Ó Sara, vai ao site e escolhe”. Não gosto de estar a chatear as pessoas. Quero mesmo que gostem do produto. Portanto, a marca cresce porque há várias figuras respeitadas que usam a marca e o público gosta e depois compra. É essencial para crescer.

O Instagram é uma montra. Também já escreveu sobre o glamour que ali se encontra, por contraste com a vida real. Como se gerem e equilibram estas duas identidades?
Fui casado com o Eduardo [Beauté], logo ali houve muita polémica, por ser um homem 20 anos mais velho. E depois a história da adoção (dos filhos). Parecia que todo o trabalho que tinha feito em moda foi esquecido. Só existia o Luís, o marido do Eduardo Beauté.

Sentiu muito isso?
Sim, sim, e era muito injusto. Tenho uma carreira. É difícil teres que estar sempre a provar que és bom, e claro que pessoas se esquecem que somos pessoas como elas, e que os comentários que escrevem ou fazem chegam até mim. Sou muito sensível a isso e levo muito  a peito. Não conheço as pessoas mas por vezes sinto que acham que sou uma bitch, quando na verdade sou o oposto. Na minha intimidade sou divertido, sou louco, gosto de aparvalhar.

Ainda se envolve muito em polémica, responde à letra?
Hoje sou mais ponderado, não vale a pena dar resposta a quem nem conhece a minha vida e o que sou. O mais importante é a opinião de quem conhece mesmo a minha história. São poucas pessoas que conhecem os meus maiores segredos, pessoas em quem confio. Tenho um bom suporte. É importante, porque hoje qualquer pessoa se aproxima por seres o Luís Borges e eu fico a pensar se é genuíno.

"Não criei uma marca para brincar às marcas. Mas tenho mais objetivos. Quero ter uma loja, uma agência de modelos. Sei lá… Não penso pequenino, tenho vários sonhos. A marca era um deles, mas sou muito relaxed nas coisas. Tudo acontece no tempo certo."

Desconfia muito?
Sou Touro, não é? (risos). Sou muito desconfiado, fico logo a pensar se quer tirar algum partido. Mas é como tudo na vida.

Tem bom olho clínico?
Tenho, por isso é que depois acham que sou bitch porque não consigo disfarçar [se não gostar]. Mas já tive boas surpresas. Como também há quem se aproxime de mim e diga que achava que eu era uma bitch e afinal sou bué querido. Prefiro ter essa imagem, é mais divertido.

Em que momento sentiu, mesmo antes da relação com o Eduardo, que era famoso, que o conheciam, não apenas por dar nas vistas pela altura e cabelo?
Lá fora é muito mais interessante. Sabes, isso é que me dava gozo. As fashion weeks lá fora têm centenas de manequins e há imensos fotógrafos e eles já sabiam todos o meu nome. Fogo, como é que aquela gente sabia o meu nome? Era sinal que estava fazer bem o meu trabalho. Claro que também é bom ser reconhecido em Portugal mas quando acontece lá fora é importante. Isso deu-me força. Tal como o Models.com me ter incluído nos ranking dos 50 melhores manequins do mundo.

A primeira campanha da Tommy foi o grande momento de viragem, em 2010?
Sim, foi sem dúvida a minha rampa de lançamento. Estive quatro seasons a fazer Tommy. Lembro-me perfeitamente de chegar a Nova Iorque para fazer um trabalho e a minha cara estava em Times Square. Na altura tinha um Blackerry que tirava mal fotos e estava nos táxis, estava em todo o lado. Quando vi, pensei, “foda-se, estou em Times Square!” (risos). Eu era um puto, não tinha bem noção das coisas. A campanha foi muito falada, tinha muitos manequins conhecidos. Depois chegou a Portugal e aí começaram a dar-me mais valor.

Entrevista a Luís Borges, modelo internacional e diretor criativo da marca Call Me Gorgeous. 24 de Fevereiro de 2023 Showpress Moda LIsboa, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Nessa altura a família já percebia que o trabalho era sério?
Não sei se percebiam bem o que estava a acontecer. Lembro-me de um comentário do meu pai quando saí de Castelo Branco, “ai, eu não quero paneleiros na minha família”. Pronto… E depois saiu a notícia de que eu estava com o Eduardo.

Eles souberam pelas revistas?
Sim, foi ótimo, foi mais fácil assim, acho. Mas sabes que depois, mais tarde, perguntou-me se eu estava feliz e disse que me ia apoiar. Hoje temos uma relação super boa.

Como é que se encaixa aquele comentário inicial?
O meu pai era jogador da bola em Castelo Branco, imagina aquele meio tão pequeno, onde todos conhecem o Semedo. Hoje acho graça quando conta que ia ao café e me defendia se mandavam alguma boca. Eu acho que foi aquele desabafo que muitos fazem, mas depois quando acontece em tua casa, tens que saber lidar. Gostava que muitos pais lidassem assim, porque há muitos miúdos que são postos fora de casa, guerras que não consigo entender.

Não foi algo que tivesse assumido alguma vez em casa?
Não, nunca. Tinha medo, pensei que ia levar uma sova. Mas aconteceu. Ainda há dias o meu pai esteve com os netos, em minha casa, em Lisboa. Se calhar foi bom como aconteceu, desta maneira. Ele conheceu o Eduardo, tinham uma relação super boa, tornou-se uma coisa normal.

E como vê ele o Luís no papel de pai de 3 filhos?
Adora. E ele adora ser avô, é muito babado. E o Edu quer jogar à bola. Deixa-me ainda mais feliz porque passei muito em Castelo Branco, tive muitas discussões com os meus pais, e é bom perceber que hoje gostamos de estar juntos e nos respeitamos. Acima de tudo somos uma família.

"Não acreditava bem que [o street casting para o próximo desfile] resultasse. Foi o mesmo com a ModaLisboa, lá está. Quando vi o vídeo da apresentação e me disseram que a sala estava cheia e havia fila cá fora para entrar…. Achava que não ia encher a sala. Às vezes sou um bocado parvo (risos). É aquela parte humilde do Luís Borges."

Quando volta a Castelo Branco é um regresso tipo Tieta, em grande e em bom?
[risos] Isso é uma coisa muito engraçada. Era impossível não dar sempre nas vistas. O Mário dizia-me uma coisa, quando eu ia a Nova Iorque e ainda nem visto tinha: “Luís, vai discreto”. E eu ia de fato de treino e eles paravam-me na mesma. Não dá, não conseguia baixar o cabelo. Quando ia a Castelo Branco ia sempre ao supermercado com a minha mãe e ela dizia, está aqui a Maria, não te lembras dela? Claro que me lembrava, mas quando lá vivia essas pessoas tratavam-me mal, então fingia que não me lembrava. Só porque sou famoso já sou diferente? Não, sou o mesmo Luís. Acho graça lá voltar a reencontrar quem não gostava de mim ou me chamava paneleiro. Mas vou sobretudo para ver o meu pai e os meus irmãos, mal saio de casa. Tenho lá a São, que trabalhava na Só Ferragens e me dava sempre boleia. Foi o Rúben Borralho, o cunhado, que me tirou aquelas primeiras fotos.

As tais que deram o pontapé de saída.
Que a minha irmã enviou para o Elite Model Look. Há pessoas que sim, faço questão de ir visitar e dar um beijinho.

A sua mãe tinha um cabeleireiro. Passava lá muito tempo?
Sim, eu ia para lá. Vivia praticamente no salão. Quando tinha muita gente eu ajudava a meter tintas nos cabelos da clientes.

Era ela que lhe cuidava do cabelo?
Era ela, eu chorava imenso porque ela cortava imenso o cabelo, odiava. Os cabeleireiros são sempre assim. Fui cortar à Lena da Griffe [Helena Vaz Pereira, da Griffe Hairstyle] e disse lhe que qualquer dia lhe corto o cabelo a ela para ver o que eu sofro. A minha mãe cortava-me quase sem caracóis. Infelizmente já faleceu, e o meu pai manteve o salão, apesar de estar fechado. Foi uma vida. Quando penso nas coisas que fiz, sinto que fui muito feliz em Castelo Branco; sair à noite sem os meus pais saberem, começar a fumar aos 14 anos, na varanda. Passei bons e maus momentos, mas faz tudo parte da vida.

É público que o seu começo de vida esteve longe de ser fácil. A sua mãe biológica deixou-o na Santa Casa, ainda bebé.
Tinha meses, não me lembro, só de fotos. Os meus tios foram-me buscar para adoção com um ano, por aí.

Sempre demonstrou um otimismo enorme, sem se vitimizar.
Acho que não tenho que me fazer de vítima. A vida continua. Tenho 3 filhos adotados, que percebem tudo, quero que cresçam crianças fortes e percebam que ser adotado não é uma coisa má.

Tiveram noção do percurso deles desde cedo?
Sim, sim, eu descobri que era adotado com sete anos.

Descobriu por acaso?
Através de uma conversa que escutei, ouvi os meus pais a falarem. Tu começas com coisas na tua cabeça. Será que sou mau? Será que me querem? Não quero que os meus filhos passem por isso. Têm que saber a história, e é impossível não saberem. Os pais são dois homens. Têm que crescer com a história verdadeira. A Lu (11 anos) é mais sensível, o Edu (8 anos) é mais forte. E o Bernado tem 13. O Eduardo no outro dia veio da escola e disse-me: “Disseram-me que o meu pai é gay”. Disse-lhe para responder. Não és orgulhoso do papá? Sabes que tens dois pais. Percebes, é um miúdo de oito anos.

Que têm perfeita noção de tudo, incluindo a sua história?
Já percebem tudo, claro. E sabem da minha história, que os avós são meus tios e que me adotaram. Vitimizar não é comigo. Tenho uma história que me deixou marcas, como em todas as pessoas.

Entrevista a Luís Borges, modelo internacional e diretor criativo da marca Call Me Gorgeous. 24 de Fevereiro de 2023 Showpress Moda LIsboa, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Chegou a reencontrar-se com a sua mãe.
Sim, mas hoje não temos relação. Lá está, a família somos nós que a escolhemos e para mim não faz sentido. Alguém que te procura passados vinte anos e só quer saber de roupas e não sei quê. Para mim não é mãe nem é amor. Não é o que passo aos meus filhos. Também não sou nenhum herói por ter adotado três crianças. Adorava que todos os casais hetero pudessem adotar uma criança, há tantas que precisam. Nem eu nem o Eduardo fizemos as coisas para sermos o primeiro casal gay a casar ou a adotar, fizemos sempre tudo por nós, porque queríamos fazer.

Estava pronto para a exposição mediática que teve na altura?
Não, nada. Quando saiu que eu andava com o Eduardo estava em Nova Iorque; tinha ido a fazer a campanha da Tommy, não tinha estrutura. Fiquei na merda, foram tempos difíceis.

Podia ter quebrado?
Sim, podia ter sido tudo diferente, mas tive a sorte de ter a Ana Sofia e a Sara. É difícil para um miúdo de 22 anos ver certas coisas escritas na imprensa, que te magoam. Mas tornou-me mais forte. Podes ser fantástico mas depois outro dia estás lá em baixo. Também te mostra que o mundo dos famosos não é só cor de rosa como as pessoas pensam. Agora com a internet e o  cancelamento, mais ainda.

Já sabemos que as amigas são um bom ombro. Também são inspiração para estas coleções?
Não, elas não são nada uma boa inspiração (risos). Claro que a Ana Sofia é uma grande inspiração, juro-te. Admiro pessoas que lutam. A Sara também, ela sempre me disse que queria ser uma VS [anjo da Victoria Secret] e nunca mais esqueci disso. Pensei na minha cabeça que ela ia ser, mas…

A Sara Sampaio já tinha esse desejo e convicção?
Sim, e foi mesmo. Viajámos pela primeira vez juntos com 18 anos, para Londres, na campanha da Paul Smith. Ela disse-me isso e foi ver agências. Tem um metro e 70 mas sempre acreditou. Os pais sempre foram um grande pilar. Ela também sempre lutou. As pessoas acham que é linda e não teve que fazer nada. Não, teve.

Ainda se pensa que basta ser bonito?
Há muitos manequins bonitos mas depois não têm aquele fator, garra, personalidade, estrelinha. Lá fora, quando vais a um evento, tens que dar nas vistas, falar com as pessoas. Não basta seres giro. Vi manequins que estiveram dois anos na berra e desapareceram, não souberam gerir. Os meus filhos também são uma grande inspiração.

"O segredo é mesmo a atitude. Podes estar cheio de marcas mas não brilhas se não tiveres aquela atitude. E isso, desculpem, sou muito humilde, mas sei que tenho"

E querem usar isto tudo? Pelo menos na roupa já têm um estilo muito próprio.
A Lu já escolhe o que veste e quer os colares. É engraçado porque tem 11 anos, no outro dia pediu-me para comprar soutiens. Eu tento ser o pai cool mas é muito difícil ser criado por um homem, há coisas que acontecem no corpo feminino que é mais fácil ser uma mulher a explicar. Mas eu sou muito descontraído. Ela adora moda, quer ser manequim, e já lhe disse que tem que estudar primeiro. O Edu vai atrás da irmã, tudo o que ela faz. Puxam ao pai mas com as minhas regras. As coisas custam, eu sustento sozinho a minha casa, têm que perceber isso. Sou muito ponderado.

Ponderação menos na passerelle. Que pode adiantar da próxima coleção?
A primeira apresentação era para ser só os bailarinos. Queria fazer algo diferente. Tu chegas à ModaLisboa, vês muitos desfiles mas…

Falta espectáculo?
Falta espectáculo e a moda é isso. É o que se faz lá fora, são eventos, era o que queria fazer, teria todos os olhos postos em mim. Quando me desafiaram, pensei que a marca era muito comercial e isso até era um bom desafio. Inicialmente, seriam só os bailarinos, mas depois era muito tempo e pensei incluir manequins negros porque dava power. Decidi usar só os prateados porque são o best seller da marca. Realmente, não é por serem meus mas metes o brinco e uau! Esta próxima vai ser uma explosão de cor, aqui já há uma viragem na Call me Gorgeous, posso adiantar que vamos ter peças em acrílico, pérolas e Swarovski em várias cores. E o que vai tornar tudo mais interessante é o street casting que fiz.

Como correu?
Vou ser sincero, convidei a Ana Sofia e o Luís Pereira, expert em castings da ModaLisboa. Não acreditava bem que resultasse. Foi o mesmo com a ModaLisboa, lá está. Quando vi o vídeo da apresentação e me disseram que a sala estava cheia e havia fila cá fora para entrar.

Achava que ninguém ia?
Ya, que não ia encher a sala. Às vezes sou um bocado parvo (risos). É aquela parte humilde do Luís Borges. Esse casting correu super bem, tivemos imensas pessoas. Havia miúdos normais de 1,60 que nunca desfilaram nem sabiam andar de saltos. Estava lá uma miúda desde as oito da manhã. Ok, estou a fazer um bom trabalho. Escolhi 12, quero mesmo levar pessoas muito diversas para a passerelle. Depois há o styling, não tendo roupa tens que construir o outro lado. Quero fazer do último dia na ModaLisboa um bom espectáculo, quero deixar marcar na ModaLisboa todas as seasons, e na minha humilde opinião acho que vai acontecer, não me matem!

Começámos com botas da sorte. E uma peça de que se tenha desfeito, por estar a mais?
Isso não, mas tenho lá uns sapatos da Chanel, do Pharell, que os meus amigos me ofereceram no aniversário, que quase nunca uso porque os queria muito, mas não os experimentei, e apertam-me um bocado.

É daqueles que gosta tanto que usa na mesma?
Só consigo usar com meia, e tem que ser grossa. Quando compro algo é porque gosto. Sabes o que me chateia muito? Quando me estragam roupa. Tinha umas calças que adorava, que comprei na Latte, que foram para limpar, toda a gente me gabava, e vieram completamente encolhidas. E tinha um casaco da H&M Studio, lindo, curto, um dia desapareceu. Sou apegado à roupa, mesmo que tenha custado 20 euros. Tenho montes de roupa e às vezes ando quase sempre com o mesmo.

Misturar barato e caro é a melhor das fórmulas?
Brincar à moda é isso. Lembro-me de estar com a Sara em Paris e ela me dizer para ir a uma festa e eu apareci com um look H&M. O segredo é mesmo a atitude. Podes estar cheio de marcas mas não brilhas se não tiveres aquela atitude. E isso, desculpem, sou muito humilde, mas sei que tenho (risos).

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