Para lá das fronteiras. Se no Twitter o movimento #VermelhoemBelem teve eco em países como Espanha ou Luxemburgo, esta terça-feira foi o dia de Marisa Matias receber um apoio do outro lado do Oceano Atlântico. Foi no fim do discurso de Pilar Del Rio, que esteve no Capitólio ao lado da candidata bloquista, que Chico Buarque surgiu num curto vídeo para demonstrar apoio a Marisa.

A mensagem do artista brasileiro surge no dia em que a bloquista esteve no Cinema de São Jorge para dar voz aos trabalhadores precários da cultura, numa sala vazia há muito e onde nas cadeiras se mantêm as marcas do desconfinamento. Lugar sim, lugar não, um pano com a palavra ‘reservado’. Hoje, aquelas cadeiras estão todas à espera de nova data, os palcos estão interditos e a cultura suspensa. Catarina Côdea e João Monteiro, técnica e ator, viram a vida do avesso e consideram os apoios do Governo “insuficientes” para o setor.

Mas o dia não ficou por aqui já que Marisa Matias trouxe novamente para a campanha o tema da violência doméstica. Um a um, disse o nome de todas as mulheres que foram assassinadas em 2020. E à boleia da defesa das mulheres, envia novamente uma crítica a André Ventura sem nunca referir o nome do candidato apoiado pelo Chega. “As mulheres não são ‘coisas de brincar'” e um homem que “insulta uma mulher” chamando-lhe isso mesmo por “usar batom vermelho” tem a “resposta que merece”. Pedro Filipe Soares também fez críticas duras a André Ventura, com o Bloco a não ter problemas em centrar os ataques no candidato do Chega.

.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O momento mais alto do dia de Marisa foi aquele vídeo de poucos segundos em que Chico Buarque aparece com um batom vermelho na mão e a pedir #VermelhoemBelem. Depois do vídeo, Pilar Del Rio, já no final do comício, fez uma videochamada para o artista brasileiro e colocou-o frente a frente com Marisa. A candidata agradecia repetidamente e não controlava a emoção. “Pareço uma criança”, brinca, já depois de desligar a chamada.

.

Se a resposta de Marisa Matias a André Ventura devido aos insultos tinha sido curta, desta vez a candidata usou todas as armas possíveis para atacar o líder do Chega. A bloquista usou o tema da violência doméstica para voltar ao assunto que gerou uma onda de apoio devido ao batom vermelho e falou do medo de ser mulher, mas também da força que levou a esta “solidariedade”. “As mulheres não são coisas de brincar. São gente a lutar. E sim, olhos nos olhos e de cabeça erguida, estas mulheres estão já a derrotar quem as quer humilhar”, acredita Marisa Matias, acrescentado que há um “vermelho que caminha para Belém” e que Ventura está com “medo”.