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O vinho que é feito a pensar em momentos especiais

Fazer o melhor vinho do mundo? A Casa Relvas está mais preocupada em produzir vinhos que conquistem quem os bebe e marquem os momentos especiais da vida. É isso que persegue em cada vinho que faz.

A família está há cinco gerações ligada à terra e este é um facto bem presente na forma como todos, na Casa Relvas, estão na vida. Foi essa, aliás, uma das fortes razões que levou Alexandre Relvas, em 1995, a adquirir a Herdade de São Miguel, junto a São Miguel de Machede, no Redondo. Apesar de ter desenvolvido a sua vida profissional na área da gestão e finanças, o ambiente em que o produtor foi criado falou mais alto e a vontade de iniciar um projeto agrícola acabou por se tornar real, em 1997, com o início da Casa Agrícola Alexandre Relvas. Quem nos conta tudo isto é o filho, também Alexandre Relvas de nome, que se juntou à equipa em 2006, dando assim continuidade e sentido à missão que, hoje, sente ser de todos: perpetuar o laço sentimental que a família mantém há dezenas de anos com a terra.

Adega de Talhas, Casa Relvas

Poder-se-ia dizer que a escolha do Alentejo para a localização do projeto foi fruto do acaso, mas não seria inteiramente verdade, até porque as três gerações anteriores tinham estado em África, e o Alentejo, “em resultado da sua beleza paisagística, do património e das tradições culturais”, foi o que provavelmente mais se aproximou das memórias que Alexandre Relvas pai ainda mantinha consigo. “O Alentejo foi, desde sempre, a opção para a nossa terra, quando pudéssemos comprar uma propriedade”, diz-nos o filho.

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Embora o vinho e a vinha não lhes estivessem nos genes, este acabou por ser o caminho mais natural para todos, sem margem para grandes regateios. Afinal, estavam enraizados no Redondo, “uma terra de grandes tradições vitivinícolas”, as quais constituem “a principal atividade agrícola da região” e que “entusiasmam e apaixonam” quem com elas trabalha. “Foi o que aconteceu connosco”, remata, deixando claro que o vinho e a vinha passaram de imediato a integrar o código e a essência da família, ao ponto de ter decidido estudar viticultura em Bordéus, França, regressando em 2006 para integrar a equipa de enologia do projeto familiar. Mas já lá vamos. Antes disso, há que revelar ainda como é que da compra da primeira herdade se chega a um dos vinhos mais conhecidos — e preferidos — dos portugueses.

O milagre do vinho

“Madchas” ou “madxa” — que significa terra do senhor ou lugar santo — era como os árabes chamavam a Machede, talvez por este ser um lugar de terras férteis e viçosas, logo, sagradas. E é precisamente aqui que, no início deste século, em 2001, Alexandre Relvas (pai) planta os primeiros 10 hectares de vinha já com Nuno Franco, consultor de viticultura e enologia, ao seu lado. Ao mesmo tempo que as videiras progridem na propriedade, é construída a Adega de São Miguel, com capacidade para transformar 500 toneladas de uva, e, em 2004, as primeiras 26 mil garrafas de Herdade de São Miguel Colheita Selecionada Tinto chegam à mesa dos portugueses.

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Com o distanciamento permitido pelos 16 anos entretanto decorridos, Alexandre Relvas (filho) reconhece que “estas primeiras garrafas de vinho foram produzidas a partir de vinhas muito novas, por isso, era um vinho com alguma dureza, mas que ainda hoje está bastante vivo”. E como o tempo é sábio, mas também estruturante, o especialista confirma que “no vinho Herdade de São Miguel, o que mais tem mudado é a maturidade da vinha, a qual tem vindo a dar vinhos mais complexos e com maior intensidade aromática”.

"Não queremos fazer o melhor vinho do mundo, mas vinhos que possam fazer parte de momentos especiais de partilha e de prazer”
Alexandre Relvas

E esta é, provavelmente, uma das razões por que se trata de um daqueles vinhos que todos já bebemos e do qual retivemos uma boa memória associada. “Não queremos fazer o melhor vinho do mundo, mas vinhos que possam fazer parte de momentos especiais de partilha e de prazer”, sintetiza, acrescentando que o objetivo da equipa é cumprido em cada garrafa: “Sem dúvida que é possível contar histórias através de um vinho, aliás, cada vindima tem uma história para contar”.

“Sem dúvida que é possível contar histórias através de um vinho, aliás, cada vindima tem uma história para contar”
Alexandre Relvas

Muitos vinhos com gente dentro

O Herdade de São Miguel foi o primeiro vinho do projeto a ser criado exclusivamente a partir de uvas desta herdade, as quais são resultantes de solos franco-argilosos derivados de xisto e rodeados de uma floresta de sobreiros. Este contexto, aliado às quase 3 mil horas de sol alentejano por ano, faz deste um terroir especial, capaz de produzir uvas com carácter, originando vinhos robustos e rigorosos. Mas este é apenas um lado da equação. Do outro lado, está gente. “Cada garrafa produzida pela Casa Relvas é o reflexo do trabalho das mais de 90 pessoas que integram a nossa equipa”, diz Alexandre Relvas, destacando que, entretanto, mais um elemento da família se juntou também, em 2017: o irmão António Relvas, diretor agrícola. Este não é um mero pormenor, já que “ser um projeto com forte presença da família” faz parte dos objetivos perseguidos desde o início. Não só porque na família se sentem apoiados e todos rumam no mesmo sentido, mas até por razões bem mais pragmáticas, como revela o enólogo: “Entre as grandes vantagens contam-se a rapidez de decisão, que muito ajuda na qualidade da viticultura e da enologia”.

Os vinhos da Casa Relvas

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São cerca de 11 as marcas de vinhos produzidos na Casa Relvas, dos quais destacamos alguns:

Herdade de São Miguel – O primeiro de todos os vinhos produzidos na casa, oriundo de um terroir especial e a beneficiar de um forte laço emocional com a família que o faz.

Art.Terra – Recupera tradições ancestrais, como o uso da talha, fermentação no lagar de bagos inteiros e pisa a pé, com o objetivo de permitir que a terra se exprima com pouca intervenção.

Herdade da Pimenta – Vinho aromático, elegante e de frescura única, provém de fruta nascida em solos graníticos e arenosos à beira da ribeira da Pardiela.

Segredos de São Miguel – Vinho que invoca tempos imemoriais, em que o consumo de vinho era proibido na região do Alentejo, sendo o conhecimento da sua produção passado como um segredo de geração em geração.

Ciconia – Significa cegonha branca em latim e, por estas aves terem em Portugal – mais especificamente no Alentejo – um dos seus habitats privilegiados, serviram de inspiração a este vinho suave e maduro.

Monte dos Amigos – Criado para celebrar a amizade, é um vinho frutado, simples, muito fácil de beber e ideal para momentos de convívio.

Atualmente com duas adegas a laborar, “a Casa Relvas tem uma capacidade de vinificação de cerca de 3 milhões de quilos de uvas e, após o ciclo de investimento acabado no final de 2019, a capacidade de enchimento é de 8 milhões de garrafas por ano”. São várias as marcas produzidas na casa — no portefólio contam-se 11 chancelas (ver caixa Os Vinhos da Casa Relvas) — e “todas as marcas têm uma enorme importância para a Casa Relvas”, salienta.

“A Casa Relvas tem uma capacidade de vinificação de cerca de 3 milhões de quilos de uvas e, após o ciclo de investimento acabado no final de 2019, a capacidade de enchimento é de 8 milhões de garrafas por ano”
Alexandre Relvas

“A nossa empresa é assumidamente, desde o início, uma empresa multimarca e que faz, por vezes, produtos taylor-made para os seus clientes”, revela. Mas confessa: “A marca Herdade de São Miguel, por ter sido a primeira, e pela ligação que a nossa família tem a esta herdade, acaba por ser a que mais nos desperta sentimentos”.

Lá fora como cá dentro

Quem gosta de fazer vinho gosta de ter quem o aprecie — é uma regra universal —, e os responsáveis da Casa Relvas não são exceção. Em 2019, produziram 6 milhões de garrafas, 70% das quais se destinaram a exportação para mais de 30 países. Mas o sucesso além-fronteiras mede-se não só através destes números, mas também das inúmeras distinções, prémios e referências em publicações especializadas do setor. Com mais de 500 medalhas obtidas em concursos internacionais, a empresa orgulha-se ainda de inúmeras classificações Best Buy e dos mais de 90 pontos conseguidos nas revistas “Decanter”, “Wine Spectator”, “Wine Enthusiast” ou “Wine & Spirits”.

Online para garantir a aproximação também nos vinhos

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Como forma de fazer face aos contratempos trazidos pelo isolamento, a Casa Relvas criou, logo no início desta fase, uma plataforma online — www.umdiaemsaomiguel.pt  —, com o “principal intuito de estar próximo” de quem gosta dos seus vinhos. Como explica Alexandre Relvas, a empresa “tem uma distribuição muito dispersa, sem depender demasiado de um país ou de um canal e vendas, o que tem sido uma enorme vantagem neste momento”. E ainda que não acreditem nem queiram que o online substitua as formas convencionais, a verdade é que desta forma têm conseguido chegar ao consumidor habitual.

Alexandre Relvas reconhece que “todas as medalhas e pontuações são importantes para construir uma marca a longo prazo”, até porque “em alguns mercados, esses reconhecimentos são muitas vezes importantes para ajudar à escolha do consumidor”. Além disso, são também — assume — alimento que nutre quem se dedica de corpo e alma à missão de vinificar.

Olival e enoturismo

Terra que dá uva dá azeitona, sabe-se disso. E por sabê-lo, também, a Casa Relvas lançou-se, em 2016, na senda de plantar olival. Foi precisamente para esse movimento de expansão que António Relvas se juntou à equipa, concretizando-se o intuito com a aquisição da Herdade dos Pisões, situada em Alcaria da Serra, concelho de Vidigueira. Neste momento, o olival representa aqui cerca de 290 hectares, num total de 1200 hectares de área agrícola. Por se tratar de um local com solos argilo-calcários e argilo-xistosos, este é também um terroir com qualidade e fama, rapidamente aproveitado igualmente para a vinha, com especial destaque para as castas de vinho branco, que encontram aqui condições excecionais.

E porque o vinho está desde tempos imemoriais associado a hedonismo e descontração, outra das vertentes desenvolvidas pela família tem sido o enoturismo, com a organização de eventos personalizados, que vão desde a tradicional visita à adega com prova de vinhos incluída, passando por diversas outras atividades que acompanham o ciclo de vida do processo vinícola. “Na Casa Relvas, tentamos oferecer experiências únicas, adaptando sempre as visitas ao nível de conhecimento e interesse dos visitantes. Abrimos a nossa casa de forma transparente, para que as pessoas possam ter uma perceção real do que é uma empresa vitivinícola”, sumariza Alexandre Relvas.

"Na Casa Relvas, tentamos oferecer experiências únicas, adaptando sempre as visitas ao nível de conhecimento e interesse dos visitantes. Abrimos a nossa casa de forma transparente, para que as pessoas possam ter uma perceção real do que é uma empresa vitivinícola”
Alexandre Relvas

Se é verdade que, devido à Covid-19, todas as iniciativas de enoturismo têm estado suspensas, também é verdade que a criatividade de quem confere alma a este espaço não sofreu qualquer interrupção. Bem pelo contrário: “Neste momento, temos muitas ideias, mas ainda é cedo para as divulgar, até porque ainda não sabemos quando vamos reabrir. Contudo, sabemos que queremos continuar a praticar um enoturismo que não seja de massas, continuando a permitir que as pessoas sintam o tempo a passar devagar e em boa companhia.’’

Projetos sustentáveis, hoje e sempre

O projeto vinícola da Casa Relvas integra atualmente três herdades — Herdade de São Miguel, Herdade da Pimenta (onde se localiza a sede da empresa) e a Herdade dos Pisões —, sendo ainda de referir a Herdade da Alápega, em Alcácer do Sal, onde crescem o pinhal e o montado de sobro.

Adega Pimenta — Enoturismo, Casa Relvas

Mas apesar de distribuído por vários polos, há um espírito agregador que domina e reúne tudo o que é feito na casa, que é o da sustentabilidade. Ao ponto de serem mesmo pioneiros no Programa de Sustentabilidade de Vinhos do Alentejo, no qual alcançaram uma excelente classificação (3,8 pontos em 4).

Com o objetivo de continuamente contribuírem para uma empresa que se projete no futuro, os responsáveis têm vindo a adotar medidas e a estabelecer parcerias que o garantam. Desde logo, a nível ambiental, com a implementação de sistemas de rega inteligente, redução do consumo energético, preservação de espécies vegetais e animais autóctones, e até aproveitamento de recursos naturais, como as ovelhas de raça Merino, que não só contribuem para controlar o crescimento da erva como também para a fertilização natural das terras.

Ovelha de raça Merino, para controlar o crescimento da erva e fertilizar naturalmente as terras

Focados estão igualmente na sustentabilidade social, através do apoio a instituições locais e garantindo a proteção das cerca de cem famílias que dependem da empresa. Para estas, especificamente, têm em prática, por exemplo, uma bolsa de estudos, destinada aos filhos dos trabalhadores que pretendam evoluir na vida académica. Por fim, há ainda que assegurar a sustentabilidade económica do projeto, porque garantir o futuro implica necessariamente um equilíbrio financeiro e resultados positivos.

“Para a Casa Relvas, o grande objetivo é sempre produzir vinhos que sejam apreciados por quem os bebe”
Alexandre Relvas

Acima de tudo, o que os responsáveis pretendem é continuar a fazer o que lhes dá prazer e realização, é pôr em prática a missão que tem sido a da família há mais de 20 anos: “Para a Casa Relvas, o grande objetivo é sempre produzir vinhos que sejam apreciados por quem os bebe.”

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