Aceitou ajuda no dia em que lha propuseram, no estúdio onde estava a gravar uma novela, e foi o primeiro passo para a recuperação, mas não foi fácil deixar para trás muitos anos de consumo de cocaína — de forma diária e descontrolada, na fase final. Ator e um dos rostos mais conhecidos da televisão, Pedro Barroso reconhece que a adição o foi destruindo, na relação com amigos e com a família, no respeito dos colegas de trabalho, mas também em termos financeiros e físicos.
Nesta entrevista inserida na série “Labirinto — Conversas sobre Saúde Mental”, uma iniciativa do Observador e da FLAD, gravada no Pestana Palácio do Freixo, no Porto, conta que consumia para “não sentir”, ainda que aquilo que a cocaína lhe dava fosse precisamente a capacidade de falar sobre as coisas que antes optava por esconder. A morte da avó destapou as emoções que se esforçava para abafar e abriu caminho ao tratamento. No centro onde esteve durante cinco meses sentiu medo, tristeza e vergonha por ter de olhar para tudo o que tinha feito — e partilhá-lo com os outros doentes. Mas sentiu-se também seguro, equilibrado e feliz.
Sem rodeios, diz que é importante falar sobre recaídas: voltou a consumir alguns meses depois; e recaiu de novo depois de ter andado a viajar pelo mundo. Conta que foi sempre como se uma montanha lhe caísse em cima e é também essa a razão pela qual fala da adição sempre no presente, até porque a urgência de consumir pode não ser diária, mas o alerta está sempre lá. Se alguma coisa se desorganiza e perde o equilíbrio, “acende-se uma luz”.
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