É a primeira a chamar-se “maluquinha” para arrumar a conversa. Marta Rebelo é atualmente consultora de comunicação, mas foi no tempo de deputada que sentiu da forma mais dura o preconceito e o estigma da doença mental. Estava no pico da depressão, tinha episódios cada vez mais recorrentes de ansiedade e, após uma tentativa de suicídio, percebeu que mesmo o seu círculo de amigos próximos teve a reação que menos esperava. Quiseram protegê-la — e escondê-la —, mantendo o secretismo e aumentando o estigma: “E se se souber que a senhora deputada da Nação se tentou suicidar? Maluquinha de pedra, não é?”.

Nesta entrevista inserida na série “Labirinto — Conversas sobre Saúde Mental”, uma iniciativa do Observador e da FLAD, gravada no Pestana Palace, em Lisboa, Marta Rebelo confessa que, a dado momento, deixou de saber se era o tabu imposto pela sociedade que lhe alimentava o estado depressivo ou se era a doença que ia à frente. Conta que, durante mais de uma década, foi ao fundo e aprendeu a “disfarçar” o sofrimento com a estratégia da “cara alegre e bola para a frente”. Mas agora pensa: “Como raio é que não perceberam?” “Por melhor atriz que eu pudesse ser, não devo ter disfarçado assim tão bem.”

Preocupa-se com o estado da nova geração, os zoomers, a quem não se tem dado qualquer atenção, e não tem dúvidas de que “o  problema da saúde mental só se resolve quando der votos”.

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