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Pedro Santos Frazão é vice-presidente do Chega. Entre Rangel e Rio, diz que prefere o primeiro, que tem "um discurso mais de direita e mais conservador"
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Pedro Santos Frazão é vice-presidente do Chega. Entre Rangel e Rio, diz que prefere o primeiro, que tem "um discurso mais de direita e mais conservador"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Santos Frazão é vice-presidente do Chega. Entre Rangel e Rio, diz que prefere o primeiro, que tem "um discurso mais de direita e mais conservador"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Santos Frazão. "No dia a seguir às eleições, qualquer líder do PSD estará a falar com o Chega"

Em entrevista ao Observador, vice-presidente do Chega garante que o partido não se deixa "manietar" pelo PSD e é a única alternativa a um bloco central.

Assegura que o Chega preferia deixar cair um Governo de direita a ser “manietado” pelo PSD, ri-se quando fala das outras forças de direita e deixa uma garantia: no dia a seguir às eleições, diz Pedro Santos Frazão, vice-presidente do Chega, o PSD será obrigado a conversar com o partido — seja o líder Paulo Rangel (cujo discurso, mais “de direita e conservador”, lhe agrada mais) ou Rui Rio (que arruma na “ala esquerda” do PSD).

Nos Açores, o acordo entre os dois partidos esteve por um fio e acabou por ser salvo pelo deputado regional do Chega, contra as indicações de André Ventura. Mas Frazão, entrevistado na Vichyssoise, programa da rádio Observador, não vê aqui nenhuma “fragilização” do líder, embora reconheça que o Chega atravessa um período de “dores de crescimento” e soma alguns erros de casting — o antigo presidente da Mesa Nacional do Chega, Luís Graça, é alvo do ataque mais direto: “Se tivesse vergonha na cara continuava desaparecido na mapa”.

O outro ataque fica reservado para Joacine Katar Moreira, que atacou de forma polémica no Twitter, há semanas. Nesta entrevista, diz que até era capaz de pedir desculpa à deputada, mas insiste que a culpa foi da ex-Livre por se “manifestar contra a portugalidade” e “destilar ódio contra o próprio país”.

Há umas semanas esteve envolvido numa polémica que começou no Twitter, onde publicou uma fotografia relativa à deputada Joacine Katar Moreira. Onde se lia descolonizar passou a ler-se “desconizar”. O que queria dizer com “desconizar” a Assembleia da República?
Isso não é uma Vichyssoise, é um gaspacho frio, já com quatro semanas e muito azedo. É daqueles fait divers que acontecem e já passou. O Twitter é uma rede onde por vezes se escrevem coisas um bocadinho no limite; eu falei e expliquei e da minha perspetiva é um episódio que está fechado.

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"Joacine passou dois anos a destilar ódio contra a própria casa onde estava a servir, o próprio país, manifestando-se contra a portugalidade e atirando epítetos contra o meu partido e o nosso presidente, André Ventura, dizendo que era racista, xenófobo, homofóbico..."

Portanto, “humor no limite”. Mas o que quer dizer “desconizar”? 
É uma ironia quanto ao descolonizar e uma tentativa de resposta, utilizando algum humor, a uma deputada que passou dois anos a destilar ódio contra a própria casa onde estava a servir, o próprio país, manifestando-se contra a portugalidade e muitas obras de arte, incluindo na casa da democracia, e atirando epítetos contra o meu partido e o nosso presidente, André Ventura, dizendo que era racista, xenófobo, homofóbico…

Também recebeu alguns “convites” para ir para a “terra dela”, entre outras expressões.
Em resposta ao que foi dito.

Já percebi que estava a usar uma expressão humorística, no seu entender. Mas o que queria mesmo perceber é o que significa à palavra “desconizar”.
A palavra não é essa, tinha lá dois asteriscos no meio. Queria dizer que a doutora Joacine Katar Moreira está de saída do Parlamento, apenas isso.

"Quem fica em xeque-mate é o PSD: se as exigências foram feitas pelo deputado José Pacheco, nos Açores, e o PSD as aceitou democraticamente, quer dizer que o Chega não é assim tão antidemocrático e não há nenhuma linha vermelha"

Avancemos. André Ventura deu ordens para que o Chega retirasse o apoio a José Manuel Bolieiro, nos Açores, e acabou desautorizado publicamente. Isto não fragiliza André Ventura a dois meses das legislativas? 
Não me parece.

As ordens foram dadas.
Não foram ordens, foram indicações. André Ventura, quando fez a conferência de imprensa no Parlamento, frisou que eram indicações. Quem fica em xeque-mate é o PSD: se as exigências foram feitas pelo deputado José Pacheco, nos Açores, e o PSD as aceitou democraticamente, quer dizer que o Chega não é assim tão antidemocrático e não há nenhuma linha vermelha.

A questão é que André Ventura fez uma indicação e dois dias depois surge um deputado a não seguir as indicações. Isto não fragiliza André Ventura?
Não penso, de todo. A fragilizar alguém, fragilizaria o PSD. O PSD diz que não fala com o Chega. O Chega leva aos Açores condições que são aceites pelo PSD. Essas recomendações da direção nacional partiram de um pressuposto de que o PSD dizia que não conversava e andou a destratar…

O PSD nacional é que dizia que não falava com o Chega. Nos Açores o acordo estava feito.
O PSD é apenas um partido. Não pode dizer no continente que não fala com o Chega e nos Açores falar. Somos um país.

Se o PSD é o mesmo, o Chega também é o mesmo. Se André Ventura tomou a decisão de retirar a confiança política e não foi aceite…
Ventura e a direção disseram para retirar a confiança política no pressuposto de que o PSD não conversava de todo com o Chega.

Mas o PSD Açores nunca disse isso.
Mas está a representar o PSD nacional. Aliás, quando foi feito o acordo para o apoio parlamentar nos Açores, Rui Rio esteve implicado nesse acordo, em conversações com Ventura. A partir do momento em que o PSD corrige o seu discurso e diz “afinal podemos conversar”, quem voltou atrás foi o PSD.

O Chega não corre o risco de sair descredibilizado? É mais fácil votar num partido mais estável do que arriscar o voto num partido mais novo e com tantas questões internas. 
Não. O maior aliado do Chega é a verdade. Os portugueses e os nossos eleitores sabem isso. Veja-se o laboratório de Santarém, onde fui agora eleito vereador: a minha eleição é histórica, o CDS nunca elegeu lá. Como exigimos ao PSD, a quem tirámos a maioria absoluta, a criação de um gabinete anticorrupção e uma auditoria externa às contas da câmara, o PSD virou-se para o PS e formaram um bloco central em nome de uma suposta estabilidade. Só se for a estabilidade da contratação pública para os amigos dos partidos deles.

"Devo estar na estratosfera, não sei como é que um presidente eleito com 90 e tal por cento pode estar a perder o controlo do partido"

O nosso ponto é que o Chega perdeu um deputado nos Açores, casos houve em que o partido deu a mão à esquerda em alianças locais contra a indicação da direção nacional, agora este novo episódio nos Açores… André Ventura está a perder o controlo do partido?
Não há nenhum partido em Portugal ao qual não possa apontar isso.

Mas André Ventura não está a perder o controlo do partido?
Acabou de ser eleito com 94,7% em eleições diretas. Vamos ter um congresso que começa hoje em Viseu. Não está a perder minimamente o controlo.

Precisamente. Neste congresso, há cerca de 80 congressistas que contestam a direção. Isto não é mais um sinal de que há cada vez mais contestação interna?
Devo estar na estratosfera, não sei como é que um presidente eleito com 90 e tal por cento pode estar a perder o controlo do partido.

Mas chega a ter dificuldades em fazer passar a sua direção em congresso, como aconteceu em Évora.
Sim, mas passou. É a democracia interna. Queria acabar de responder sobre os eleitos do partido Chega: elegemos 390 autarcas, 19 vereadores. Não há nenhum partido da democracia onde não se possa apontar dissidências.

Mas nos Açores eram dois eleitos, perdeu um. Já perdeu um vereador. Todos estes episódios não são sinónimo de instabilidade?
Somos um partido novo, que se está a implantar. Algumas das escolhas podem não ter sido as mais felizes, mas faz parte das chamadas dores de crescimento. Temos um crescimento fulgurante.

O Chega é talvez também o partido com mais congressos em tão pouco tempo. Este congresso resulta de uma decisão do Tribunal Constitucional (TC) e de um erro já assumido por Luís Graça, na altura presidente da mesa do Chega. O ex-dirigente tem uma versão diferente da direção sobre o que aconteceu. Não é mais um sinal de falta de organização dentro do partido?
Temos tido vários congressos, o que bem custa às contas do partido, mas acatamos as decisões do Tribunal Constitucional e vamos ratificar todas as decisões. A convocatória de Évora não estaria bem efetuada. O que aconteceu foi que quando recebemos a primeira notificação do TC o gabinete jurídico preparou uma resposta e, espante-se, o presidente da Mesa enviou e-mail ao TC sem anexo.

Luís Graça? "Se tivesse vergonha na cara devia remeter-se à transparência política, que foi o que fez depois de cometer esse erro crasso, desapareceu do mapa. E se tivesse vergonha na cara continuava desaparecido do mapa"

Foi um erro de casting?
Pior que o erro de casting foi a reação que ele teve a seguir, que foi abandonar o barco. A verdade está do nosso lado.

Luís Graça fez acusações duras ao partido.
Se tivesse vergonha na cara devia remeter-se à transparência política, que foi o que fez depois de cometer esse erro crasso, desapareceu do mapa. E se tivesse vergonha na cara continuava desaparecido do mapa.

Ele diz que apresentou demissão.
Ele não apresentou demissão. Há duas realidades: ele era presidente da mesa e funcionário do partido. E em nenhuma apresentou a demissão: desapareceu. Como funcionário ficou automaticamente demitido porque não apareceu durante mais de 5 dias sem qualquer justificação. Como presidente da mesa, os colegas não receberam nenhum pedido de demissão de Luís Filipe Graça. Luís Filipe Graça esfumou-se e o partido teve que tomar medidas que o substiuíssem.

"O Chega é a única alternativa para quem não quer um bloco central. Toda a gente já percebeu que tanto se ganhar Rui Rio como Paulo Rangel, haverá um bloco central"

Nesta antecâmara das legislativas, tem-se falado muito em bipolarização e voto útil. Teme que o Chega seja prejudicado?
Pelo contrário. O Chega é a única alternativa para quem não quer um bloco central. Toda a gente já percebeu que tanto se ganhar Rui Rio como Paulo Rangel, haverá um bloco central. Rui Rio já disse que faria um acordo de meia tigela com o PS, a dois anos. Paulo Rangel diz que com o Chega não faz.

Dizer “com o Chega não” não é exatamente um bloco central.
Então qual é a alternativa? Toda a gente percebe que se o PSD conseguir descolar nas sondagens e conseguir uma pálida maioria vai precisar do Chega para fazer o resto dessa maioria. Sem o Chega não consegue. Ou está à espera da Iniciativa Liberal e do CDS? É de quem não sabe ler as sondagens. As sondagens tendem sempre a dar uma certa vantagem ao lado esquerdo. Mesmo assim, mesmo que o CDS e o IL tenham um pouco mais, nunca vão chegar a terceira força política. Semana após semana, vemos o Chega retumbantemente em terceiro lugar. É irreal Rangel dizer que vai fazer um governo de direita sem o Chega.

Entre Paulo Rangel e Rui Rio, não há então nenhum que seja melhor que fique aos comandos do PSD, de acordo com os interesses do Chega.
Não vou qualificar os candidatos.

Mas qual dos dois oferece melhores condições ao Chega, até do ponto de vista concorrencial?
Qualquer um deles, ganhando as eleições internas, no dia 31 de janeiro vai estar a falar com o Chega.

O PSD está obrigado a entender-se com o Chega, é isso?
Se quiser um governo de direita, obviamente.

"O Chega prefere sempre entender-se com a direita. Se não se entender, a responsabilidade será do PSD. Mesmo que vamos a eleições outra vez"

O PSD ganha sem maioria absoluta, mas recusa-se a falar com o Chega. O Chega está disposto a deixar cair um governo de direita mesmo que isso signifique que o PS vai ficar a governar?
O Chega será sempre fiel ao seu mandato. Foi o que fiz agora em Santarém: apresentei ao presidente, do PSD, nove páginas de propostas e o PSD virou-se para o lado esquerdo e foi fazer um entendimento com PS. Vamos respeitar o nosso programa.

Mas se o PSD se recusar a falar com o Chega, admite que o Chega prefira que o PS se mantenha no poder?
O Chega prefere sempre entender-se com a direita.

E se não se entender?
A responsabilidade será sempre do PSD.

No PSD assume-se que o Chega terá uma obrigação moral de apoiar o PSD, há muita gente a contar com isso. O Chega não vai ceder?
Não. O Chega não se deixa manietar.

Mesmo que isso signifique ir a votos novamente?
Mesmo que isso signifique novas eleições, porque isso seria trair os nossos eleitores.

Admite um lugar no Parlamento, enquanto deputado?
Esse assunto ainda é um bocadinho tabu, porque fomos ultrapassados, foi um tsunami que caiu sobre o Chega, esta decisão do TC.

Mas tem vontade pessoal?
Estou disponível para o meu partido e para o que os órgãos quiserem.

Vamos avançar para o segundo segmento da nossa refeição, “Carne ou Peixe”. Preferia ser ministro de um Governo de Rui Rio ou de Paulo Rangel?
Penso que preferia ser ministro com Paulo Rangel. Assumiria a pasta da Agricultura porque é a minha formação académica. Quem tem funções executivas deve sempre desempenhar funções na sua área académica. Rangel tem um discurso mais conservador e de direita do que Rio, que é mais centrista e da ala esquerda do PSD.

Preferia estar num Chega que ficasse sempre na oposição com André Ventura ou ser líder de um Chega que conseguisse integrar um governo de direita?
Essa é difícil… Neste momento acho que André Ventura é líder incontestável, o Chega não existiria sem André Ventura.

Houve aí uma pequena hesitação. A liderança do Chega é algo que ambiciona?
Não, de todo.

É médico veterinário. Preferia dar uma consulta ao cão de António Costa ou de Pedro Nuno Santos?
Ambos. A minha missão é prestar cuidados de saúde aos animais e nunca neguei por causa de nenhum dono, ainda que haja uns mais difíceis de consultar do que os próprios animais. Mas talvez António Costa, que tem ar de ser mais conversador.

Preferia fazer-se acompanhar numa missa por Mariana Mortágua ou Joacine Katar Moreira?
É igual, talvez a doutora Joacine Katar Moreira, para poder ser um momento de catárse e perdão mutuo.

Mas pediria desculpa?
Podia pedir. Não me cairiam os parentes na lama.

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