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"Referências? Figo, Conceição, Deco... São tantos que não quero dar ideia que me esqueço dos outros"

Reza Ghoochannejhad, ou Gucci, é uma das caras do novo Irão de Queiroz. E uma figura interessante, que toca violino e fala/percebe sete línguas. Ao Observador, mostrou-se fã dos jogadores nacionais.

Enviado especial do Observador à Rússia (em Saransk)

O encontro do Irão com Marrocos acabou por ter um final perfeito depois de 90 minutos de tensão onde havia uma estratégia e a mesma foi cumprida à íntegra: aguentar o primeiro impacto dos africanos nos minutos iniciais, não sofrer golos, começar a levar a bola em transições, perturbar o discernimento do jogo contrário com o tempo a passar, arriscar um pouco mais para alcançar a vitória. No banco, Reza Ghoochannejhad, mais conhecido por Gucci, um dos nomes mais próximos aos nossos ouvidos pelos golos decisivos que marcou na equipa de Carlos Queiroz, fez a festa; cá fora, não deixou de ter um gesto que correu mundo, ao deixar na sua página do Instagram uma mensagem para Aziz Bouhaddouz, autor do autogolo decisivo em São Petersburgo.

“Não te conheço pessoalmente mas, na vida, às vezes ganhas, outras vezes perdes. Não deixes que este autogolo te deixe abaixo. Somos todos profissionais do desporto e isto faz parte do futebol. Estou muito feliz e orgulhoso pela minha equipa e pelo meu país, mas quero desejar-te também o melhor para a tua carreira”, escreveu Reza. Podia estar chateado por não ter começado de início nem ter entrado, podia estar triste por deixar de ter a influência que um dia teve no conjunto do Irão mas, pelo contrário, não só mostrou a alegria pelo triunfo da Team Melli como não esqueceu o azar de um companheiro de profissão. E no dia a seguir foi treinar como se, aos 30 anos, tivesse alguma coisa para provar. É também por isto que Gucci será sempre mais do que o jogador dos golos decisivos ou antiga grande figura da equipa – é um exemplo para todos os outros.

https://www.instagram.com/p/BkDtJlUHY0n/?hl=pt&taken-by=rgucci16

Nascido em Mashhad, Gucci (alcunha que vem ainda do Irão, por ter um apelido demasiado comprido e quase indecifrável) foi muito cedo com a família para a Europa, chegando à Holanda com apenas quatro anos. Começou a dar os primeiros pontapés mais a sério na bola no LAC Frisia 1883 e no Cambuur, tendo depois encontrado outro protagonismo quando se transferiu para as camadas jovens do Heerenveen, por onde passaram outros grandes avançados como Ruud Van Nistelrooy, Huntelaar, Bas Dost, Kalou, Andone ou Samaras. Com 18 anos, o avançado foi chamado pela primeira vez ao conjunto principal mas a história podia ter acabado ali quando, em 2009, decidiu abandonar o clube para se dedicar apenas aos estudos.

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Gucci, que estudara violino a um nível mais alto, colocava então o objetivo de tirar uma licenciatura em Direito e Teoria Política em Amesterdão mas acabou por ser convencido por uma grande figura do futebol holandês, Marc Overmars, de que poderia fazer isso depois de terminar uma carreira que tinha tudo para ser prometedora. Acabou por aceder, mudou-se para o Go Ahead Eagles, e passou a representar a Holanda nas camadas jovens, onde foi internacional Sub-19. Mais tarde, e com a possibilidade de chegar ao conjunto principal complicado, aceitou o convite de Queiroz para representar o seu país de nascença enquanto passava por outros clubes como Emmen, Sint-Truiden, Standard Liège e Charlton, onde jogava no Mundial de 2014.

Reza fez grande parte da formação no Heerenveen, onde jogaram Van Nistelrooy, Huntelaar ou Bas Dost

Getty Images

Os seus golos foram determinantes para o apuramento do Irão para o Campeonato do Mundo realizado no Brasil (nomeadamente o que definiu o triunfo por 1-0 frente à Coreia do Sul), onde a Team Melli, após um nulo a abrir com a Nigéria, perdeu depois apenas nos descontos com a Argentina de Messi, o autor do golo (seguiu-se uma derrota com a Bósnia por 3-1, quando a qualificação já era pouco mais do que uma ilusão). Mais tarde, na Taça das Nações Asiáticas, voltou também a marcar golos importantes, não evitando ainda assim a derrota nas grandes penalidades frente ao Iraque, em jogo dos quartos de final. Em termos de clubes, e antes de regressar ao Heerenveen, passou por Al-Kuwait e Al-Wakrah, ambos por empréstimo.

Conhecido também no Irão por ser casado com a irmã da atriz Sareh Bayat e sobrinho de um treinador de voleibol da Primeira Liga, Gucci é um dos principais destaques da imprensa internacional neste Mundial da Rússia, mesmo tendo perdido o protagonismo que um dia chegou a ter. Fluente em várias línguas como inglês, holandês, farsi ou francês, percebe alemão, estudou italiano e também diz as suas coisas em português, neste caso por influência de alguns amigos que fez quando cresceu na Holanda (com a ajuda agora também de grande parte da equipa técnica). Sobre o futuro, garante que voltará aos estudos “por ter imensas ideias para colocar em prática”. “Nem sei por onde começar”, atira, apontando agora para vertentes mais empresariais. “Quem me conhece sabe que sou mais do que um jogador de futebol, é assim que quero ser recordado”, disse em entrevista à FIFA, antes de abordar também o uso recorrente das redes sociais: “Por causa do meu trabalho é algo que preciso ter mas não vou mentir, as redes sociais são um bocado como um mundo fake. As páginas que tenho existem por respeito aos nossos adeptos, fazem parte da minha vertente de jogador profissional de futebol”.

Gucci em conversa com os jornalistas antes de mais um treino do Irão antes do jogo com Portugal

AFP/Getty Images

Antes do jogo com Portugal, passámos por Bakovka e falámos com Gucci. Em inglês, porque assim preferiu, mas sem evitar um grande sorriso quando lhe falamos dos amigos na Holanda. Em termos de línguas percebemos que é um pouco como se quiser; para ele, entre as perguntas que conseguimos fazer, difícil foi escolher apenas três grandes jogadores de Portugal…

Para começar, vemos nas notícias que as mulheres puderam assistir num estádio em Teerão ao jogo com a Espanha. Como um dos maiores defensores da causa, algum comentário?
Sim, só posso agradecer porque temos muita, muita gente no Irão que adora futebol e fico feliz que as mulheres se tenham juntado para nos apoiar no estádio. Espero que continue no futuro.

Tens alguns amigos em Portugal que são teus amigos. Já falaste com eles?
Por acaso não, é verdade que tenho muitos amigos portugueses na Holanda mas agora tenho estado mesmo concentrado no estágio, no Irão, no futebol. Depois teremos tempo para falar sobre isso.

E consegues falar português?
Sim e não… Ou seja, consigo falar mas não falo há algum tempo e isso torna mais difícil. Mas consigo perceber as palavras.

Porque é que, de repente, paraste o futebol e foste estudar? E porquê Direito, alguma explicação?
Não… Porque é que tu foste estudar jornalismo?

Muitas influências à minha volta, acabei por ir por aí…
Isso, e bem. Para mim o Direito era algo interessante, que me puxou além do futebol.

Consideras que és um dos grande ícones do futebol, até pelo golos importantes que marcaste na seleção?
É verdade que marquei muitos golos importantes, mas o mais importante ainda é e sempre foi fazer as pessoas do Irão felizes. Não quero colocar um estatuto especial por isso, sou apenas um jogador de futebol que quer fazer as pessoas felizes.

És um fã confesso do Overmars. Tinhas ou tens outras referências no futebol?
O Overmars é um grande nome, trabalhámos no passado juntos e foi muito importante para mim, devo-lhe muito por me ter ajudado numa altura a conciliar estudos e futebol. É um bom amigo, agradeço mesmo. Há muitos jogadores que tenho como referência, tenho muitos…

Algum de Portugal?
Ooooohhhh, tantos… Luís Figo, Conceição… Quando eram mais novo, eram mais esses… Deco… Portugal teve tantos jogadores e tão bons que não consigo só dar três nomes, não quero dar ideia que me esqueço dos outros e não quero esquecer os muitos jogadores que Portugal teve e tem que são de classe mundial e na história do futebol.

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