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O avançado português fez apenas 45 minutos pela equipa principal do FC Porto, em 2007/08, numa partida da Taça da Liga contra o Fátima
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O avançado português fez apenas 45 minutos pela equipa principal do FC Porto, em 2007/08, numa partida da Taça da Liga contra o Fátima

LUSA

O avançado português fez apenas 45 minutos pela equipa principal do FC Porto, em 2007/08, numa partida da Taça da Liga contra o Fátima

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Rui Pedro, o português há mais tempo no futebol magiar. "O presidente da Hungria investiu muito no futebol, é um apaixonado"

Rui Pedro joga na Hungria desde 2017 mas revelou ao Observador que vai voltar a Portugal. Nunca aprendeu a falar húngaro e garante que o futebol do país evoluiu e melhorou muito nos últimos anos.

Enviada especial do Observador em Budapeste, Hungria

Foi já em 2017, há quatro anos, que Rui Pedro aterrou na Hungria pela primeira vez. Tinha 29 anos e passara a época anterior no CSKA Sófia, na Bulgária, depois de uma primeira aventura internacional relativamente bem sucedida nos romenos do Cluj e duas temporadas na Académica. Quando chegou a Budapeste, na altura, era o único português — já não estava lá o contingente que incluiu Caneira, Evandro Brandão, Filipe Oliveira e Paulo Sousa como treinador e não estava lá o contingente que ele próprio começou. Nada disso, porém, o assustou.

“Quando cheguei à Hungria, não sabia muito sobre o país, sobre o futebol do país. Já tinha tido algumas experiências em países do Leste, portanto, sabia que não ia ser muito diferente daquilo que tinha encontrado, especialmente na Roménia e na Bulgária. Como já tinha essas experiências, nesses países que ficavam perto, tive algum conforto na hora de encarar esse desafio”, explica o avançado, agora com 32 anos, ao Observador.

Aterrou em Budapeste vindo então da Bulgária e para assinar com o Ferencváros, o melhor clube da Hungria e o campeão nacional em quatro dos últimos seis anos. Na primeira época, fez apenas um golo em 11 jogos e acabou por ser emprestado ao Haladás em 2018/19. Os cinco golos que fez no clube da cidade de Szombathely não foram suficientes para convencer o Ferencváros, que chamou o jogador português de volta para o ceder a título definitivo ao Diósgyör. Aí, entre 2019/20 e a primeira metade de 2020/21, Rui Pedro marcou quatro vezes em 41 partidas e acabou por saltar para outro emblema no passado mercado de inverno, aceitando o quarto desafio no país através do modesto Mezőkövesdi SE.

Ferencvarosi TC v Mezokovesd Zsory FC - Hungarian OTP Bank Liga

O avançado português chegou à Hungria em 2017 para representar o Ferencváros

Getty Images

“Diria que tive a oportunidade de entrar no melhor clube do país logo à partida, no Ferencváros. Depois, entrando lá e tendo boas prestações, é normal que nós, jogadores, sejamos mais vistos naquele país. Porque estamos bem e porque assim é mais fácil para nós continuar o percurso, se gostarmos de estar lá. E foi isso que me aconteceu. Sempre fui bem recebido, sempre me senti bem no país, é um país muito bom, super desenvolvido, muito organizado, muito estruturado. Sempre me senti bem e foi por causa disso que me senti confortável e que consegui estar tantos anos”, diz-nos Rui Pedro que, contas feitas, é nesta altura o jogador português a atuar há mais tempo na Hungria.

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Ainda assim, nem isso ajudou na aprendizagem de uma língua complexa. “Não consigo falar húngaro. É uma língua muito complicada. Tive a sorte de encontrar sempre pessoas que falavam inglês fluente, nem todos os clubes têm mas nas melhores equipas já existem pessoas que falam e eu tive a oportunidade de estar na melhor equipa e de encontrar pessoas que falavam bem inglês. Passado algum tempo, tornou-se mais fácil”, revela o avançado, que não esconde que a adaptação à Hungria teve uma “fase complicada” precisamente devido à barreira linguística e também à gastronomia, que “é um bocadinho diferente”.

"Quando cheguei à Hungria, não sabia muito sobre o país, sobre o futebol do país. Já tinha tido algumas experiências em países do Leste, portanto, sabia que não ia ser muito diferente daquilo que tinha encontrado, especialmente na Roménia e na Bulgária. Como já tinha essas experiências, nesses países que ficavam perto, tive algum conforto na hora de encarar esse desafio"
Rui Pedro

Pelo meio da conversa, Rui Pedro dá-nos uma novidade: não aceitou a renovação de contrato que lhe foi proposta pelo Mezőkövesdi SE no final da temporada e quer voltar ao futebol português, que já deixou há cinco anos. “Tive sempre contrato com os clubes húngaros por mais de três anos e nunca tive a oportunidade de voltar. Agora sim, tive a hipótese de renovar com o clube onde estava e não aceitei porque quero oferecer maior estabilidade à minha família. E não aceitei mesmo como intuito de voltar. Só agora é que tive mesmo essa vontade de voltar. Neste momento, estou livre e a ideia passa por ficar em Portugal”, explica Rui Pedro, que foi internacional Sub-21 e acabou por estar envolvido numa polémica, em 2009, quando foi suspenso por Rui Caçador (a pedido do selecionador Carlos Queiroz) em conjunto com Pereirinha depois de ambos tentarem um penálti a dois toques, à Cruyff, durante um jogo contra Cabo Verde no Torneio Internacional da Madeira.

Ora, falar em Portugal obriga-nos a puxar a fita atrás. Nascido em Vila Nova de Gaia, o avançado entrou na formação do FC Porto em 2001, há duas décadas e quanto tinha apenas 13 anos. Depois de subir pelas camadas jovens dos dragões nas seis épocas seguintes, Rui Pedro acabou por ser promovido à equipa principal em 2007/08, quando Jesualdo Ferreira era o treinador e o plantel contava com nomes como Lisandro López, Ricardo Quaresma ou Raúl Meireles. A única oportunidade que teve apareceu em setembro, num jogo da terceira ronda da edição de estreia da Taça da Liga — e não correu muito bem para o clube. Contra o Fátima, na altura na Segunda Liga, o FC Porto não foi além de um empate sem golos e acabou por ser surpreendente eliminado nas grandes penalidades, traído pelos falhanços de Lino e de Mariano González. Rui Pedro fez 45 minutos, não marcou nenhum golo e não voltaria a jogar pela equipa principal dos dragões.

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Em 2012, na fase de grupos da Liga dos Campeões e ao serviço do Cluj, Rui Pedro marcou o primeiro hat-trick da carreira contra o Sp. Braga

AFP via Getty Images

Ainda a meio dessa temporada, o então jovem avançado foi emprestado ao Estrela da Amadora, onde acabou o ano. Seguiram-se outras cedências ao Portimonense, ao Gil Vicente e ao Leixões até que, no verão de 2011, Rui Pedro acabou por rescindir contrato por mútuo acordo com o FC Porto e assinou pelo Cluj. Na Roménia, foi treinado por Jorge Costa e encontrou os compatriotas Beto Pimparel, Nuno Claro, Cadú, Camora e Nuno Diogo, acabando por cumprir aí o período mais bem sucedido da carreira, com alguma regularidade e a conquista de um campeonato. Para a história, fica o hat-trick que marcou contra o Sp. Braga na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2012/13, o primeiro que assinou enquanto jogador profissional.

Esse momento, em novembro de 2012, é ainda hoje recordado por Rui Pedro como um dos mais bonitos da carreira — a par da estreia na equipa principal do FC Porto, cujo resultado negativo não estraga a boa memória.  “Quanto tive a minha oportunidade de me estrear pelo FC Porto, na Taça da Liga, foi mesmo o momento mais marcante. Internacionalmente, sim, foi quando fiz três golos ao Sp. Braga na Liga dos Campeões, quando estava no Cluj. Não pensei muito no facto de ser contra uma equipa portuguesa, não ia fazer melhor ou pior só por isso. Mas obviamente que é sempre especial. Fui falado no meu país. Mas pronto, foi um jogo normal que acabou por me correr bem”, diz o avançado, que continua a acompanhar de perto a Primeira Liga. Até porque, naturalmente, quer regressar.

Depois de subir pelas camadas jovens dos dragões nas seis épocas seguintes, Rui Pedro acabou por ser promovido à equipa principal em 2007/08, quando Jesualdo Ferreira era o treinador e o plantel contava com nomes como Lisandro López, Ricardo Quaresma ou Raúl Meireles. A única oportunidade que teve apareceu em setembro, num jogo da terceira ronda da edição de estreia da Taça da Liga — e não correu muito bem para o clube.

“Acompanhei tudo. É um campeonato com muita qualidade. E o facto de o Sporting ter sido campeão vai tornar o campeonato ainda mais competitivo, põe mais uma equipa ao barulho. Foi importante o Sporting ser campeão, para mostrar que isto não é só FC Porto e Benfica. Mas, globalmente, parece-me um campeonato super competitivo. Como se viu, vai até à última jornada, tanto na frente a lutar pela Europa como cá em baixo a lutar para não descer. Demonstra que é um campeonato super competitivo”, defende o jogador, que deixou o Cluj em 2014 e cumpriu então duas épocas na Académica, incluindo aquela em que a equipa de Coimbra acabou por descer à Segunda Liga. Seguiu-se a Bulgária, através do CSKA Sófia, e só depois a Hungria.

E é à Hungria que voltamos, pelo menos na conversa, para perceber qual é a perceção que os clubes húngaros têm nesta altura sobre os jogadores portugueses. Afinal, uma pesquisa rápida permite perceber que Rui Pedro estava no Mezőkövesd, que Tiago Ferreira está no MTK, que Mauro Cerqueira está no Újpest, que Rúben Pinto está no Féhervár e que Sandro Semedo está no Zalaegerszegi TE. Ou seja, que o contingente está a crescer — ainda que, segundo Rui Pedro, pudesse ser muito maior. “Acho que deviam existir mais portugueses a jogar cá. Lembro-me de que quando cheguei a Hungria não estava cá nenhum português, eu fui o primeiro da altura. Não havia ninguém. Há três anos, já havia dois. Há dois anos, tivemos três ou quatro. E agora já temos cinco, seis, já temos mais. Está a notar-se um crescimento grande, o que me parece ótimo, parece-me que é um bom mercado para jogadores portugueses. Está em crescimento mas acho que podíamos ser mais. É um campeonato apelativo e aquilo que eu espero é ver cada mais portugueses”, indica o jogador, que associa o crescimento progressivo do contingente português na Hungria à melhoria do nível do futebol húngaro.

Soccer - UEFA Under 21 Championship Qualifying - Group Nine - England v Portugal - Wembley

O jogador foi internacional Sub-21, integrado numa geração que também incluía Adrien, Castro, Bruno Pereirinha e Daniel Carriço

PA Images via Getty Images

“Eles olham mais para nós agora e reconhecem a nossa qualidade. Eles têm um futebol mais físico, mais agressivo, privilegiam os jogadores com esse estilo e fazem uma busca ali mais no mercado dos países de Leste. Mas agora, quando querem um jogador mais técnico, vão para países como o nosso. Comparando o meu primeiro ano na Hungria ao último, notei um desenvolvimento enorme no futebol. Desde logo, todas as equipas da primeira divisão têm novos estádios. O presidente da Hungria [János Áder] investiu muito no futebol, é um apaixonado, investiu muito para agradar à população e isso criou novas condições para todas as equipas. Existiu um crescimento enorme de alguns jovens que estão a ser vendidos para os Estados Unidos ou para a Alemanha. Notei um desenvolvimento enorme. Ficaria surpreendido se, nos próximos anos, não continuassem a crescer. Vão continuar a evoluir e vão aparecer ainda melhores jogadores húngaros. É um país a ter em atenção, até pela estrutura e pela organização que têm relativamente ao futebol”, detalha Rui Pedro.

Sobre o Euro 2020, o jogador português garante que não ficou surpreendido com o nível de entusiasmo dos adeptos húngaros nas partidas contra Portugal e França, em Budapeste. “São apaixonados, são fanáticos por futebol. Têm três desportos pelos quais são obcecados, que são o futebol, o andebol e o pólo aquático, mas o futebol está num patamar acima. São fanáticos, principalmente quando joga a seleção”, conta, deixando depois uma antevisão à última jornada do Grupo F, onde Portugal defronta França para tentar garantir a passagem aos oitavos de final e a Hungria joga contra a Alemanha para ainda tentar sonhar com a qualificação para a próxima fase.

"Comparando o meu primeiro ano na Hungria ao último, notei um desenvolvimento enorme no futebol. Desde logo, todas as equipas da primeira divisão têm novos estádios. O presidente da Hungria investiu muito no futebol, é um apaixonado pelo futebol, investiu muito para agradar à população e isso criou novas condições para todas as equipas. Existiu um crescimento enorme de alguns jovens que estão a ser vendidos para os Estados Unidos ou para a Alemanha."
Rui Pedro

“Em relação à Hungria, parece-me que vai ter algumas dificuldades. Se tivesse a oportunidade jogar em casa, poderia até fazer alguma coisinha de diferente. Jogando na Alemanha, não me parece que vá acontecer. Em relação a Portugal, acho que tudo é possível. Já ganhámos uma vez a França, podemos ganhar outra vez. Temos esta boa oportunidade de, mesmo perdendo, poder passar, graças aos resultados de ontem [segunda-feira]. Por isso, acho que se não passássemos era uma hecatombe, um desastre. Mas, com qualquer que seja o resultado, acho que temos uma grande chance de passar”, diz o jogador, que vai assistir ao duelo entre Portugal e França “em casa, com a família”. A família que, durante ano e meio e devido à pandemia, não conseguiu ver.

Já a acabar a conversa e na hora das despedidas, surge um tema final: a possibilidade de, devido ao aumento do número de casos de Covid-19 no Reino Unido, a final do Euro 2020 passar para Budapeste, a única cidade que garante a lotação máxima do estádio. Apesar de a organização britânica já ter dito que conta ter 60 mil pessoas em Wembley nas meias-finais e na final e de a UEFA ter afastado um cenário de alteração de planos, Rui Pedro defende que a capital húngara seria a melhor opção. “Já tiveram a oportunidade de jogar dois jogos com mais de 60 mil pessoas. Se há país que está preparado e que tem organização para isso, neste momento, é a Hungria. É Budapeste. Não tenho qualquer dúvida. Já temos uma demonstração dos jogos que passaram e dos jogos que fizeram e, por isso, parece-me lógico. Seria muito bom para o país e seria muito bom para a UEFA, que poderia ter o jogo em segurança”, termina.

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