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É uma gestora reconhecida pelo seu trabalho em diversas organizações.
Fez um MBA em Londres e trabalhou muitos anos na banca de investimentos.
O seu interesse por história de arte levou-a até à Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, à Christie’s Education London e ao Sotheby’s Institute London,
Em 2010, o seu caminho leva-a até Serralves, instituição que ainda hoje faz parte da sua vida.
Em 2017, foi homenageada com o Prémio Consagração de Carreira da 30ª edição dos Prémios Dona Antónia Adelaide Ferreira.
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Victor Machado

Victor Machado

“Ser uma Ferreirinha é ousar, sempre, desde o início”

Ana Pinho dedica grande parte do seu tempo à Presidência da Fundação de Serralves. Em 2018, o seu percurso de excelência fá-la vencer a 30ª edição dos Prémios Dona Antónia, promovidos pela Sogrape.

Se o exterior da Fundação de Serralves, no Porto, é capaz de captar a atenção de quem lá entra, o seu interior não lhe fica nada atrás. Depois de uma pequena viagem pelo espaço, ficando a conhecer a zona da biblioteca, e passando por uma instalação artística mesmo ao lado das escadas, é no gabinete da administração que Ana Pinho nos recebe, instalando-se com a familiaridade e confiança que aquele espaço já lhe oferece. Ainda assim, na hora de nos contar quem é Ana Pinho, o riso não deixa de surgir, acompanhado de “essa pergunta é um bocadinho difícil de responder”. Contudo, rapidamente surgiram palavras suficientes: “Acho que sou uma pessoa que, em geral, estou bem comigo mesma. Tenho sorte, tenho uma vida feliz, acho que nunca me arrependi de nada do que fiz. Tudo o que faço, e que tenho feito, é sempre a pensar que estou a fazer o melhor naquelas circunstâncias. Acho que sou uma pessoa com vontade de fazer coisas, muito curiosa, sou interessada por muitos temas diferentes e sou muito entusiasmada por fazer coisas diferentes e entusiasmar outros a participarem nesse caminho”.

E porque o pontapé de partida de todos os caminhos é a família, Ana Pinho não hesita em reforçar a importância da sua no percurso que tem traçado até então. “No meu percurso a minha família teve, e tem, um impacto enorme. Os meus pais tiveram, e têm, um impacto absolutamente fundamental na minha vida. Foram eles que me educaram e os valores que me transmitiram, e que me acompanham, são fundamentais para aquilo que faço. Tive a sorte de sempre me ser transmitido que há valores e objetivos fundamentais na vida”, começa por dizer, acrescentando: “Da minha mãe tive uma pessoa sempre muito interessada por tudo e por todas as pessoas, em especial as que a rodeiam, e que sempre nos acompanhou muito, mas que também soube sempre ensinar-nos a movermo-nos por nós próprios e a sermos independentes. O meu pai é um exemplo enorme, é uma pessoa muito positiva – é a pessoa mais positiva que eu conheço -, que não se deixa abater por nenhuma contrariedade e já teve muitíssimas. É uma pessoa que me transmitiu uma energia enorme e uma vontade, um entusiasmo pelos projetos e por realizar coisas. Os meus pais têm realmente um papel fundamental na minha vida, ensinaram-me e cultivam muito o amor pela família. A minha família próxima é de facto um pilar fundamental na minha vida e isso veio deles”.

Vencedora do Prémio Carreira, na 30ª edição dos Prémios Dona Antónia, é impossível falar-se com Ana Pinho sem nos focarmos no seu percurso. Depois de ter optado por Economia na faculdade, uma escolha que assume que foi feita sem “qualquer pressão por parte da minha família”, o seu trajeto passa pela Schroder Securities, em Londres, pelo Banco Português de Investimentos, no Porto, pela Direção da Associação Comercial do Porto, pela Oporto British School, pela Direção da Associação de Turismo do Porto, pela TAP SGPS, até Serralves. Chega a esta Fundação em 2010 e, nas suas palavras, isto acontece na altura certa. “Eu trabalhei 17 anos em instituições estrangeiras e em 2009 foi a altura em que decidi que queria mesmo viver no Porto, viver de facto. Porque eu tinha um filho, com sete anos, e não estava com ele sempre que queria, não o acompanhava como eu achava que devia fazê-lo e, portanto, decidi que devia ficar no Porto. E por isso, nessa altura, dediquei-me mais a projetos pessoais e coisas da família.”

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“A empresa do meu pai foi das empresas fundadoras de Serralves e, portanto, Serralves sempre esteve muito presente na minha vida”, partilha, relembrando como tudo começou: “Integrei o conselho presidido pelo Luís Braga da Cruz, em 2010, depois integrei a Comissão Executiva em 2013, quando ela foi criada, juntamente com o presidente da altura e o vice-presidente, na altura representante do Estado, Rui Guimarães. E a partir daí comecei a ter um contacto bem mais próximo. Porque nos primeiros três anos vinha ao Porto uma vez por mês, não tinha uma relação muito próxima. A partir do momento que integrei a Comissão Executiva, e que ela foi criada, aí sim”. E ainda que nunca lhe tivesse passado pela cabeça vir a assumir, um dia, a Presidência, acredita que poderá ter sido um processo natural. “É preciso alguém que tenha disponibilidade para o fazer. Acredito que o Luís Braga da Cruz e o Rui Guimarães, que eram os elementos da Comissão Executiva, e os outros elementos do Conselho, acharam que o passo natural era convidarem-me para assumir a Presidência, e foi assim que aconteceu. E eu aceitei com todo o gosto”, remata.

O que eu tenho tentado fazer é dar o meu melhor. Sempre na convicção de que Serralves é uma instituição que continuará depois de mim e que deve ser vista assim por quem passa por aqui.

Com o cargo de Presidente desde 2016, o caminho tem sido longo e muito trabalho tem sido feito até então. Quase a completar 35 anos de existência, a Fundação de Serralves assume-se como uma instituição de renome, reconhecida pela sua importância nacional e internacional. Fazendo parte daquilo que é a sua existência, Ana Pinho fala-nos do seu trabalho como Presidente com bastante assertividade e paixão pelo que faz. “O que eu tenho tentado fazer é dar o meu melhor. Sempre na convicção de que Serralves é uma instituição que continuará depois de mim e que deve ser vista assim por quem passa por aqui. Acho que é fundamental que isso esteja sempre na nossa mente”, reforça.

Falando em seguida de alguns marcos naquilo que tem sido o trabalho desenvolvido desde o momento em que assumiu a Presidência, refere que “A estratégia que temos seguido, desde 2016, é a de abertura de Serralves em várias áreas. Desde logo, tentando que Serralves seja visitado por mais público e seja usufruído por mais pessoas, não apenas em quantidade. E isso verificou-se. Nós, em 2015, tínhamos cerca de 520 mil visitantes anuais, e este ano devemos ter 1 milhão e 100, ou mais. A quantidade é importante porque acho que isto é uma instituição que tem um trabalho fundamental e devemos preocupar-nos em que ele possa ser usufruído por muita gente, mas também em diversidade de públicos, e isso foi uma coisa em que nós nos empenhámos em particular, trazendo cá pessoas de backgrounds muito diferentes – sociais, económicos, culturais, etários, geográficos… Temos tentado trazer pessoas de todo o país, e também muitos estrangeiros. Queremos ter uma abrangência grande em termos de público. Houve uma grande vontade de democratizar mais aquilo que fazemos, a cultura e aquilo que aqui é feito”, partilha.

A lista de objetivos cumpridos é longa, mas Ana Pinho faz questão de reforçar que, no que diz respeito à estratégia de abertura, o processo de alargar o âmbito da atuação de Serralves foi igualmente fundamental, fazendo com que esta não esteja “só centrada na arte contemporânea e na atividade do Museu da Arte Contemporânea. Por exemplo, criámos a Casa Do Cinema Manuel Oliveira, que abriu ao público em 2019, e que trouxe uma nova vertente de atuação, que hoje faz uma impressão muito forte na área do cinema. Não só do Manuel Oliveira, mas o cinema de autor em geral. Abrimos com exposições, com ciclos de conversas, com muitas publicações, com serviços educativos, portanto, trabalhámos muito nessa vertente também. Depois o próprio parque. Nós aumentámos muito a sua importância e programação nos últimos anos, bem como investimos na sua recuperação. Hoje em dia está completamente recuperado, mas há sempre coisas a fazer, por exemplo, este ano vamos fazer uma intervenção no lago e nos jardins das aromáticas, mas estamos constantemente a conservá-lo. Atualmente o parque, com 18 hectares, pode ser usufruído de uma forma total.”

“Em relação à atividade do museu, nós tentamos alargá-la também, no sentido de haver um grande equilíbrio entre exposições de grande público, que voltaram a acontecer, mas por outro lado, tendo sempre exposições mais experimentais, que é também fundamental para a nossa missão nacional e para o nosso reconhecimento internacional”, afirma, concluindo: “Tudo isto faz parte desta nossa estratégia de abertura. Por outro lado, nós tentámos, e conseguimos, sair de portas e ter uma atividade muito grande fora do país. E nós fizemos isso atraindo novos municípios fundadores, porque só fazemos estas exposições itinerantes, e outras atividades, com os nossos municípios fundadores. E isso foi fundamental também na nossa estratégia de abertura e foi muito eficaz em termos de comunicação de Serralves e daquilo que Serralves faz. Conseguimos executar a nossa missão de uma forma muito mais completa, porque não estamos só aqui no Porto, no nosso espaço, mas estamos em muitos municípios do país. Por último, e não menos importante, foi atrair cada vez mais fundadores a Serralves, o que é fundamental para mantermos o dinamismo desta instituição. Tudo aquilo que nós temos feito é sempre, desde 2016, com a vontade de abrir cada vez mais a instituição nas várias vertentes”.

O que é certo é que ao longo do tempo os números têm falado por si e os frutos destas mudanças já estão a ser colhidos. Nas palavras da Presidente, hoje o interesse da população pela arte e pela cultura é cada vez maior e o sentimento de dever cumprido é o melhor dos reconhecimentos: “Vemos as pessoas aderirem cada vez mais e isso é algo palpável, não só através dos números, mas do entusiasmo com que isso é feito”, constata. Se a lista de feitos e medidas colocadas em ação é grande, ainda assim os olhos continuam sempre postos no futuro e a ambição mantém-se o combustível necessário para o alcançar. Para Ana Pinho, a missão para o amanhã é bastante clara: “Temos que continuar a entusiasmar as pessoas a virem cá, a participar, a trabalhar cada vez mais em parceria, talvez desenvolver mais programas na área da ciência, que temos feito cada vez mais. Mas enfim, é continuar. É continuar este caminho de abertura, que tem sempre novas vertentes”.

Depois dos feitos, o Prémio

Se ser Presidente da Fundação de Serralves é um cargo que a acompanha, ser mais uma “Ferreirinha” é também uma distinção que faz de Ana Pinho a mulher empreendedora que é. “É uma honra receber este prémio, porque acho que é inspirado numa mulher que eu considero extraordinária. Uma mulher que transformou uma região, que transformou uma paisagem agreste num negócio. Acho que é um exemplo de capacidade de trabalho enorme e de paixão pelo trabalho, muito à frente do seu tempo. É um prémio inspirado numa pessoa extraordinária e que nunca se deixava abater pelas contrariedades, portanto acho que é uma honra”, começa por dizer, sem que, de seguida, seja possível ignorar a relação que a própria Sogrape e a Fundação de Serralves têm vindo a manter ao longo dos anos: “A Sogrape é a fundadora inicial desde 89 e, na altura, o Presidente da Sogrape, Fernando Guedes, teve um papel absolutamente fundamental na criação de Serralves, porque foi ele que entusiasmou muitas pessoas, e empresas, a tornarem-se fundadores de Serralves. Portanto, teve aqui um papel absolutamente fundamental na criação e no desenvolvimento de Serralves. A ligação da Sogrape a Serralves foi sempre muito próxima desde o começo e tem-se mantido muito forte ao longo dos anos”, conta.

Todas as iniciativas que permitam reduzir ou eliminar qualquer discriminação, eu julgo que são muito louváveis e os Prémios Dona Antónia, nesse sentido, também.

Mas ser uma das impulsionadoras de Serralves não é a única missão que tem feito parte do caminho da Sogrape. Distinguir mulheres empreendedoras e cujo impacto social é de notar, também faz parte do seu percurso. É assim que nascem os Prémios Dona Antónia, inspirados numa mulher, para mulheres. E para Ana Pinho, esta é uma iniciativa, também ela, digna de distinção. “Todas as iniciativas que permitam reduzir ou eliminar qualquer discriminação, eu julgo que são muito louváveis e os Prémios Dona Antónia, nesse sentido, também”, reforça.

Sempre muita atenta ao detalhe, à precisão e ao belo que a rodeia, Ana Pinho chega ao fim da conversa com a certeza de que tudo valeu a pena até então e que, no seu percurso, não mudaria nada. E é precisamente com essa certeza que responde sem hesitar ao desafio que lhe colocamos, afirmando que para se ser considerada uma Ferreirinha – como ela -, é preciso “ter a vontade e a capacidade de transformar terreno árido e agreste em vinhas férteis. Acho que isso é ser uma Ferreirinha. Paixão pelo trabalho, a curiosidade, a vontade de fazer coisas. O inconformismo. É tentar transformar sonhos em realidade e tentar entusiasmar outros, dar o melhor de si. É tirar o melhor dos outros e entusiasmá-los nesse caminho. É ousar, sempre, desde o início”.

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