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Vasco Vilaça venceu a recente Taça do Mundo de Roma, que se seguiu à sétima e última etapa do Campeonato do Mundo de triatlo
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Vasco Vilaça venceu a recente Taça do Mundo de Roma, que se seguiu à sétima e última etapa do Campeonato do Mundo de triatlo

Vasco Vilaça venceu a recente Taça do Mundo de Roma, que se seguiu à sétima e última etapa do Campeonato do Mundo de triatlo

"Tinha medo da água. Superei e não voltei atrás. Além de gostar muito, é perceber que sou bom": entrevista ao triatleta Vasco Vilaça

Faz parte da geração inspirada por Vanessa, tornou-se um caso sério no triatlo, sonha com pódio em Paris. Entrevista a Vasco Vilaça, entre medo da água, viver na Suécia e o ataque de um leão-marinho.

Tem apenas 23 anos, já conhece um pouco dos quatro cantos do mundo. Por “decisão” dos pais, que devido à crise financeira no país na primeira década do século decidiram ir viver para a Suécia quando tinha apenas 13 anos (sendo que as primeiras viagens que se recorda foi Viena e Disneyland, aos cinco anos). Por “culpa” do triatlo, modalidade que o faz competir por vários países ao mais alto nível. Vasco Vilaça tem 23 anos mas é mais um daqueles atletas nacionais que sonham com o pódio olímpico após a melhor participação de Portugal numa edição dos Jogos em Tóquio com quatro medalhas entre o ouro de Pedro Pablo Pichardo, a prata de Patrícia Mamona e os bronzes de Fernando Pimenta e Jorge Fonseca. Até pode ser um outsider mas nem por isso desliga de uma ambição que em pequeno podia parecer impossível mas para a qual também tem cartas na manga – ou não fosse ele também um talentoso aprendiz de truques de magia nas horas vagas.

[Ouça aqui a entrevista de Vasco Vilaça no “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador]

“A 5km do final era campeão mas a bolha rebentou”: entrevista ao triatleta Vasco Vilaça

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É verdade, quando era era mais novo Vasco tinha medo de água. Quando os miúdos de cinco/seis anos só querem agarrar na bicicleta e dar voltas sem destino certo, encontrou no duatlo que fazia com a irmã Vera um caminho para competir quando todos olham só para a vertente de lazer. Foi também a corrida e a bike que o levaram a superar esses receios da água, juntando então a parte na natação. Quando era pequeno ainda via a possibilidade de, meio do nada, aparecer um tubarão ou um crocodilo para um encontro imediato não desejado. Nunca aconteceu. No entanto, nem tudo foram “facilidades” e entre lesões normais dos atletas (em específico uma no tendão de Aquiles) ou quedas no asfalto que deixam marcas, chegou a ser mordido por uma foca nas águas da Califórnia. Nada que afetasse “Vasquinho” ou “Vils”, como lhe chama a ex-campeã Vanessa Fernandes, o atleta que tem de ouvir sempre o “We Are the Champions” dos Queen antes das provas.

Após ter entrado na última prova do Campeonato do Mundo de triatlo, em Pontevedra, com possibilidade de chegar ao título, Vasco Vilaça ainda sonhou com algo mais ao entrar no percurso da corrida no primeiro lugar mas o desgaste físico do risco que assumira na natação e na bicicleta foi uma fatura que acabou por pagar na parte final da prova. Ainda assim, fechou o Mundial na quarta posição, já depois de ter sido campeão europeu e vice-campeão mundial de juniores em 2017 e vice-campeão mundial num ano de 2020 marcado pela pandemia. A vitória na Taça do Mundo de Roma há três semanas apagou essa desilusão e foi quase uma rampa de lançamento para um 2024 que terá como ponto alto os Jogos de Paris, onde participou num test event para conhecer o percurso e acabou na segunda posição. Em entrevista ao “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador, Vasco Vilaça, atleta do Benfica desde 2017, analisou toda a época e o percurso na modalidade à luz daquilo que é o ponto alto de qualquer atleta mundial: alcançar a “glória olímpica”.

Vasco Vilaça fez o test event de Paris que "recria" aquilo que será a prova nos Jogos Olímpicos, terminando com a medalha de prata

SOPA Images

Acabaste o Campeonato do Mundo de triatlo deste ano no quarto lugar, sendo que na última prova em Pontevedra tinhas condições para ganhar o título e até entraste no último setor da corrida no primeiro lugar. O que é que faltou aí e qual foi a importância para os Jogos?
A qualificação olímpica está a correr muito bem, mas só em maio é que fica fechada. Mas está encaminhada, está no bom caminho, ainda faltam uns meses. No triatlo, o Campeonato do Mundo são sete etapas durante o ano inteiro e é bastante difícil chegar à Finalíssima – a última prova de todas, a mais importante e que dá mais pontos – numa posição de realmente lutar pelo título, porque é fácil que alguma prova das outras possa correr mal. E eu estava nessa luta, pela primeira vez. Foi uma época espetacular, a minha melhor época de sempre. Cheguei à Finalíssima em terceiro e à minha frente estavam dois rapazes que, muito provavelmente, seriam quem ia levar o título. Sabia o que tinha de fazer, já tinha estudado as diferentes táticas, qual era a melhor e a pior situação. O que eu queria era estar num grupo da frente onde não estivessem o primeiro e o segundo e foi exatamente isso que aconteceu. Estava ter a prova dos meus sonhos. Estava a lutar contra atletas com quem podia lutar, provavelmente iria ganhar. Mas tudo isto aconteceu depois de uma noite com febre, a suar, sem dormir. Foi uma luta manter-me lá na frente. Infelizmente, embora tenha estado muito perto, porque a cinco quilómetros da meta era o campeão, a bolha rebentou e acabei por perder essa luta.

Logo a seguir ganhaste a Taça do Mundo de Roma. Foi um resultado importante para esqueceres esse dia menos conseguido em Pontevedra e ao mesmo tempo projetares 2024?
Essa foi uma das razões pelas quais quis fazer Roma depois da Finalíssima. A época correu muito bem mas acabar a última prova tão mal deixava um sabor amargo, deixava algumas dúvidas sobre se o trabalho estava a ser bem feito. Ir a Roma e acabar a época com um ouro… Eu já tinha quatro pódios durante a temporada, mas faltava-me o ouro. Acabar ali e vencer em Roma soube muito bem e deu um motivação extra para o próximo ano, deu confiança no trabalho que tenho feito.

2024 é um ano obrigatoriamente marcado pelos Jogos, onde Portugal já teve alguns bons resultados no triatlo como aquela medalha de prata da Vanessa Fernandes em 2008 entre outras presenças em lugares de diploma ou perto disso. É esse o grande objetivo do ano ou existem mais metas a alcançar antes e depois de Paris?
Claro que os Jogos Olímpicos, sendo algo que só acontece a cada quatro anos, são o mais importante. Cada Campeonato do Mundo, todos os anos, tem pontos que só contam para esta qualificação. Esse é objetivo mais importante. Ainda assim, e tal como já aconteceu este ano, só posso continuar a lutar pelo Campeonato do Mundo. Temos as sete etapas e essas etapas ainda vão ser muito importantes para a qualificação olímpica no início, até maio. A partir daí, vou focar-me bastante nos Jogos, é o mais importante e sou capaz de falhar uma etapa do Campeonato do Mundo para fazer aquele treino extra, para estar realmente na minha melhor capacidade física em Paris. Depois dos Jogos, vou voltar então a focar-me nas duas etapas que ainda existem, porque quero voltar a lutar pelo Campeonato do Mundo.

Fizeste uma prova de reconhecimento do percurso em Paris onde até conseguiste uma medalha de prata. Como foi esse teste? Pode aproximar-se do que haverá nos Jogos, não tanto a nível de percurso, mas sobretudo de concorrência entre os melhores do triatlo? Serviu para perceber, por exemplo, como são as correntes do rio Sena?
Foi uma experiência espetacular. Foi a primeira vez que estive tão perto de uma experiência semelhante aos Jogos Olímpicos. Não são os Jogos, mas é uma prova a que chamamos evento teste e que conta para o Campeonato do Mundo, foi uma das etapas. Foi no mesmo percurso dos Jogos, à mesma hora que será nos Jogos e com a mesma organização dos Jogos. Numa prova normal, nós estamos bastante à vontade com os horários, com a hora a que temos de pôr a bicicleta no parque de transição, os sapatos de corrida e o percurso está bastante aberto até à hora de começar. Nos Jogos Olímpicos é tudo muito mais a sério, há muitos procedimentos de segurança. Temos de chegar à prova muito tempo antes, há muitas coisas diferentes e foi exatamente isso que fizemos tal e qual como será no próximo ano. Foi tudo igualzinho ao que vai ser no próximo ano. Para nós podermos adaptar a nossa prova, mas também para quem organiza a prova poder adaptar se alguma coisa não correr bem. Do meu lado, acabei a prova com uma medalha de prata.

epa08649306 Vasco Vilaca from Portugal celebrates his second place in the Men’s Elite race of the Hamburg Wasser World Triathlon event in Hamburg, northern Germany, 05 September 2020.  EPA/FOCKE STRANGMANN

Atleta do Benfica, que também já foi vice-campeão europeu em estafetas mistas pelos encarnados, quebrou na parte da corrida e terminou em quarto o último Mundial

FOCKE STRANGMANN/EPA

Se também for igual no próximo ano…
Era muito bonito, estava bastante bem. Mas diria que foi algo que me mostrou que o trabalho tem sido bem feito, porque a maior parte dos países tem a qualificação olímpica nessa prova. Quem faz uma boa prova lá é quem se dá bem naquele percurso, naquelas condições, e os melhores atletas estão lá todos e estão lá todos nas melhores condições físicas para conseguir essa qualificação. Porque se a conseguirem já este ano podem estar muito mais calmos e relaxados para o próximo ano, não estar a tentar estar no topo de forma na qualificação e apontar o topo de forma para os Jogos Olímpicos. Para mim, foi muito especial nadar no rio Sena, que tem correntes muito fortes. Uma das aprendizagens foi mesmo nadar com correntes tão fortes. Partimos a favor da corrente e chegámos num instante à primeira boia, todos ao mesmo tempo, porque não deu tempo para separar e toda a gente foi muito rápido com a corrente. Embrulhei-me um bocadinho e tentei ir pelo caminho mais direto na volta seguinte, para sair da água, e tentar ganhar uns lugares. Mas os outros deram uma volta mais longa para fugir à corrente, tentei ser o esperto e ir pelo caminho mais curto mas levei com a corrente toda sozinho e ainda perdi mais uns segundos. Mas é esse tipo de aprendizagem que é muito importante para o próximo ano e foi por isso que foi tão importante ir a Paris fazer esta prova.

E os Campos Elísios?
O empedrado dos Campos Elísios também é um bocado complicado, foi outra aprendizagem. Lembro-me de que a corrente da bicicleta saltou duas vezes durante a prova e perdi completamente o controlo. Vou ter de adaptar a forma como entro e saio das curvas, o momento em que começo a pedalar para a corrente não sair, falar com o mecânico para adaptar as mudanças. Na corrida o percurso é muito parecido, mas corremos também no empedrado, que é algo que normalmente não estamos habituados a fazer. Sei que saí da prova cheio de dores nos pés porque os pés vão todos tortos no empedrado. Aproveitámos para aprender essas coisas todas.

O gosto pelo triatlo chegou muito cedo. Como é que um miúdo com seis anos, que é uma idade onde todos querem só andar de bicicleta, decide que quer começar a entrar em provas deste tipo?
Comecei a fazer triatlo com seis anos mas a escolha não foi minha. Eu gostava muito de andar de bicicleta, gostava muito de correr… Nadar não era aquilo que eu queria fazer mas foi a forma que os meus pais encontraram para eu me interessar por aprender a nadar e juntar as três coisas. Felizmente, tal como eu fui influenciado pela Vanessa [Fernandes], também muitas outras crianças o foram e criou-se um grupo no Belenenses, que foi o clube onde ela também começou e onde eu também comecei. Juntei-me a eles e com seis anos não estava sozinho, entrei no grupo que tinha mais dez ou 15 crianças dos seis aos dez anos. Comecei a ir aos treinos não para treinar, mas porque tinha lá os meus amigos. Divertíamo-nos muito, os treinos não eram propriamente sérios, eram brincadeiras uns com os outros. Uns tempos depois já nem queria estar com os amigos da escola, queria estar com os amigos do triatlo.

"A Suécia tem uma cultura viking e existe triatlo, mas é um triatlo diferente. É o chamado triatlo de longa distância, aquelas coisas tipo Ironman, não é o triatlo que eu faço e que tem como objetivo ser o mais rápido e ganhar. O objetivo é acabar a prova, uma prova especial e muito longa e que quem acaba é porque é forte, porque é um viking (...) Tive momentos em que foi complicado encontrar motivação até entrar numa escola que é uma espécie de Escola Secundária de Triatlo."
Vasco Vilaça, triatleta português

Ainda assim, tinhas medo da água e não gostavas de nadar. Como é que isso deixou de ser um problema?
Em Portugal começamos no duatlo, muitas vezes, porque no inverno fica muito frio para ir nadar. Eu tinha medo de nadar, sempre que via alguma coisa a boiar na água achava que era um crocodilo ou um tubarão, os medos aparecem e custou um bocadinho. Houve uma altura em que ia às provas de triatlo e recusava-me a nadar. Depois houve uma prova qualquer em que os meus pais disseram que não iam levar-me, porque era triatlo e eu não queria fazer. Não iam obrigar-me. Mas aí fui eu que disse que queria, prometi que daquela vez ia para a água. Foi no Cartaxo e como a distância a nadar nos escalões mais jovens era muito curta nem sequer fomos para uma zona sem pé, que era o meu medo, ficar sem controlo. Foi pela margem. Nadei o caminho todo porque sabia que, se precisasse, podia parar e sair. E a partir daí, por ter percebido que não havia problema nenhum, nunca mais olhei para trás.

Em 2013 vais para a Suécia com os teus pais. Como é que correu a ida para um país diferente, até em termos de meteorologia, e onde tiveste de aprender uma língua tão diferente?
Foi uma bela aventura. Nunca tinha visto neve, achava que os flocos mais finos eram mosquitos… Os meus pais decidiram ir para a Suécia por motivos profissionais e eu fui com eles. Na altura foi um bocadinho complicado, deixar tudo aquilo que conhecia, deixar os meus amigos, mas eu sinto que estava muito aberto à nova aventura. Gosto de conhecer pessoas novas, de conhecer sítios novos, de fazer amigos novos. Mas sempre fui muito mau a línguas e de repente fui obrigado a falar inglês, que era uma língua que eu mal conseguia falar, e depois disso ainda tive de aprender sueco. Acho que essa mudança fez com que evoluísse muito mais do que tinha acontecido até aí, num ambiente controlado, num ambiente confortável.

Continuaste a treinar na Suécia? É um país com tradição no triatlo?
A Suécia tem uma cultura viking e existe triatlo, mas é um triatlo diferente. É o chamado triatlo de longa distância, aquelas coisas tipo Ironman, não é o triatlo que eu faço e que tem como objetivo ser o mais rápido e ganhar. O objetivo é acabar a prova, uma prova especial e muito longa e que quem acaba é porque é forte, porque é um viking. Foi um bocadinho complicado encontrar um grupo de treino onde eu pudesse divertir-me como divertia em Portugal, porque aqui não ia para o treino treinar, ia para o treino para estar com os meus amigos. Demorou uns anos, tive alguns momentos em que foi complicado encontrar motivação. Mas quando comecei o ensino secundário entrei numa escola que é uma espécie de Escola Secundária de Triatlo, uma escola especial que junta os melhores triatletas adolescentes do país inteiro. É uma escola normal, mas o nosso treinador trabalha como professor na escola e temos as condições todas, piscina, ginásio, acesso a tudo aquilo de que precisamos para treinar. E temos os melhores atletas à nossa volta. Ajudou-me muito a ganhar responsabilidade, porque tive de sair de casa para ir para lá, e pela primeira vez estava perto de pessoas que não só gostavam de fazer aquilo como queriam obter os melhores resultados possíveis. Levaram-me a entender o lado mais sério do triatlo.

epa08649402 France's Vincent Luis (L-R), Leo Bergere from France and Vasco Vilaca from Portugal compete in the running portion of the Men’s Elite race at the Hamburg Wasser World Triathlon event in Hamburg, northern Germany, 05 September 2020.  EPA/FOCKE STRANGMANN

Vasco Vilaça teve o ano de "boom" em 2017, quando foi campeão europeu e vice-campeão mundial de juniores, antes de ser vice-campeão mundial sénior em 2020

FOCKE STRANGMANN/EPA

Chegaste a pensar em desistir ou optar por outra modalidade que tivesse mais tradição na Suécia, como o esqui ou o snowboard?
Aconteceu, sim. Nos primeiros dois anos na Suécia, antes de me juntar à tal escola secundária, estava mais sozinho. Perdi ali um bocadinho o interesse, deixou de ter piada, deixou de ser uma coisa que fazia só por gosto e passou a ser um bocadinho por obrigação. Tive vários momentos em que pensei nisso e cheguei a falar com os meus pais, disse-lhes que estava na altura de deixar porque já não tinha o gosto que tinha. Mas foi numa altura dessas que tive a oportunidade de participar numa competição internacional, qualifiquei-me pela Seleção, e quando fui lá fora voltei a ganhar esse gosto. E foi aí que encontrei esse grupo, a Escola Secundária de Triatlo, o que me fez olhar para a frente e pensar que só tinha de esperar mais um ano e podia entrar lá. Vi-os numa prova e eram super divertidos, tinham aquilo que eu tinha em Portugal, e isso ajudou-me a não deixar. Faço triatlo desde os seis anos, não conheço bem o que é uma vida sem triatlo.

Vasco Vilaça falha título por dois segundos e sagra-se vice-campeão do mundo de triatlo

Foste campeão europeu e também vice-campeão mundial de juniores em 2017, antes de seres vice-campeão mundial sénior em 2020. Que impacto é que esses resultados tiveram na tua carreira nessa fase, até porque apanharam também a altura da pandemia?
A pandemia acabou por não ser propriamente negativa para mim, em termos desportivos, porque foi mesmo em 2020 que fui vice-campeão do mundo. Em 2016 fui campeão jovem da Europa, no escalão mais novo que existe, e esse foi o primeiro passo para pensar que até era bom e até gostava da competição, estar ali para ganhar e aprender a lidar com os nervos. Em 2017 dei o salto para júnior, onde já apanhei pessoas com 18, 19 anos, já são atletas com muito mais treino e muito mais capacidade física. E voltei a lutar pelas medalhas, no Europeu consegui ganhar uma e depois fui vice-campeão do mundo. E sim, isso foi o início da ideia de que queria mesmo ser atleta profissional, de que queria mesmo que isto fosse o meu trabalho. Não é só gostar muito, é perceber que sou bom. Funciona bem.

"O leão-marinho veio contra mim, assustou-se e mordeu-me o braço. Ficou muito agitado, eu fiquei muito assustado e tudo o que consegui fazer foi pôr a outra mão entre o meu braço e a boca dele e abrir a boca até conseguir controlá-lo para não me morder em mais lado nenhum. No meio dessa luta acabei por virá-lo de barriga para cima e só soube depois que eles ficam paralisados de barriga para cima, como os tubarões."
Vasco Vilaça, triatleta português

No ano passado tiveste também um susto numa praia da Califórnia, quando estavas a treinar e foste mordido por um leão-marinho. Foi o maior susto que tiveste ao longo da carreira?
Foi um susto muito grande. Estava numa prova em Malibu e no dia antes toda a gente foi treinar para a piscina, mas eu estou sempre a treinar na piscina e pensei que estava ali naquele sítio e queria era ir para o mar. Fui com um grupo de outros atletas e fomos para a praia. Eles ficaram na zona de rebentação a aprender a entrar e a sair das ondas, mas eu cresci em Portugal e estou habituado a fazer isso, sei lidar com as ondas e ganhar tempo com isso. Eles ficaram ali e eu fui dar umas braçadas mais à frente, uns 50 metros para lá da costa. Fiquei só a nadar paralelamente à praia. Fui para um lado e comecei a ficar cercado por alforrecas, a ser picado, então nadei para o outro lado. Mas depois vi uma sombra enorme e logo aí foi um susto muito grande, porque ali há tubarões. Parei, olhei debaixo de água e vi que era um leão-marinho.

E o que aconteceu?
Fiquei parado, sem saber o que podia fazer, porque dentro de água não consigo fugir. Tentei não fazer nada que o assustasse e ele veio cheirar-me, como um cão, com aqueles bigodes grandes. Comecei a afastar o focinho muito devagarinho, parecia tudo controlado, mas tive o azar de sermos apanhados por uma onda. O leão-marinho veio contra mim, assustou-se muito e mordeu-me o braço. Ficou muito agitado, eu fiquei muito assustado e tudo o que consegui fazer foi pôr a outra mão entre o meu braço e a boca dele e abrir a boca até conseguir controlá-lo para não me morder em mais lado nenhum. No meio dessa luta acabei por virá-lo de barriga para cima e só soube depois que eles ficam paralisados de barriga para cima, como os tubarões. Mas não queria largar, porque tinha medo de que ‘acordasse’, então fui a nadar até à praia com um leão-marinho agarrado e são e salvo.

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