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Donald Trump esteve no Town Hall da Fox News, enquanto Ron DeSantis e Nikki Haley estiveram no debate da CNN
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Donald Trump esteve no Town Hall da Fox News, enquanto Ron DeSantis e Nikki Haley estiveram no debate da CNN

Donald Trump esteve no Town Hall da Fox News, enquanto Ron DeSantis e Nikki Haley estiveram no debate da CNN

Trump jogou em casa na Fox News, enquanto rivais tiveram debate quente na CNN

A mesma cidade, dois debates republicanos. De um lado, Trump respondeu a perguntas, muitas delas de apoiantes, na Fox News. Do outro, Nikki Haley e Ron De Santis em debate duro com direito a insultos.

Era uma pergunta sobre o direito ao aborto, um tema fraturante para a maioria dos eleitores do Partido Republicano. Dana Bush, pivô da CNN, perguntava à candidata das primárias republicanas, Nikki Haley, se considerava que o seu adversário, Donald Trump, tinha uma posição pouco firme relativamente à proibição da interrupção voluntária da gravidez. A resposta foi curta e em jeito de desabafo: “Não sei, tem de perguntar isso a Donald Trump. Ele devia ter estado aqui”.

Na Universidade de Drake, na cidade de De Moines localizada no estado do Iowa, Nikki Haley e Ron DeSantis enfrentaram-se num debate para as primárias republicanas, transmitido pela CNN. O antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) também foi convidado. Jake Tapper, o pivô que esteve ao lado de Dana Bush, clarificou que Trump não “tinha aceitado o convite”. Em vez disso, o candidato às primárias republicanas decidiu participar no formato Town Hall — emitido pela Fox News —, que também teve lugar em De Moines.

Durante os 50 minutos do programa, uma duração muito inferior às três horas do debate da CNN, Donald Trump parecia estar como peixe na água. O magnata estava numa televisão com um alinhamento tradicionalmente favorável ao Partido Republicano e várias perguntas que recebeu foram feitas por apoiantes do Iowa, estado que deu a vitória ao ex-Presidente nas eleições de 2016 e 2020.

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Donald Trump no programa Town Hall

AFP via Getty Images

Por isso, Donald Trump falou em temas que ecoam junto das bases do Partido Republicano, como as migrações, a inflação e as guerras que assolam o mundo. Contudo, o antigo Presidente também foi confrontado com os processos judiciais de que foi alvo e também sobre a incerteza que paira sobre o seu próximo mandato. Respondeu que não vai “ter tempo para retaliações”, pois “a única retaliação é o sucesso”.

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Por seu turno, Nikki Haley e Ron DeSantis tiveram uma tarefa bem mais complicada. Contaram não só com o contraditório dos dois jornalistas, como também com as constantes interpelações — e insultos — do seu rival. Logo no início do debate, o governador da Florida acusou a adversária de ser “mole” e de ser uma “política que diz o que a população quer ouvir”. Não ficou sem resposta; a antiga embaixadora das Nações Unidas classificou-o como um “mentiroso”, tendo anunciado inclusivamente a criação de um site — que mencionou várias vezes durante o debate — para compilar as alegadas mentiras de Ron DeSantis.

A desistência de um candidato horas antes

O principal crítico de Donald Trump nestas primárias, Chris Christie, desistiu da corrida horas antes do Town Hall e do debate. A pergunta sobre como é que esta decisão poderá reconfigurar o curso das eleições republicanas foi logo o primeiro tópico a ser abordado nos dois programas.

Eleições EUA 2024. Chris Christie desiste da corrida às primárias do Partido Republicano

Donald Trump não se mostrou nada preocupado, dizendo que as sondagens lhe dão uma “vantagem tremenda” em vários estados. No entanto, o antigo Presidente aproveitou este momento para atacar Nikki Haley, evocando uma gravação tornada pública, em que Chris Christie sugere que a antiga embaixadora da ONU não tem chances — “nem tem o que é necessário” — para conseguir vencer as primárias republicanas. “É uma das poucas coisas em que ele esteve certo”, atirou.

Por sua vez, Ron DeSantis, abordando a desistência de Chris Christie e respondendo à pergunta por que motivo é que é o melhor candidato, chamou a adversária de “mole” e afirmou que Nikki Haley era arrogante. “Não precisamos de uma candidata que vai olhar de cima para baixo metade da América. Já tivemos suficiente disso”, afirmou o governador da Florida, para logo depois acusar a antiga diplomata de que apenas está na corrida pelos “interesses dos doadores” da sua campanha.

Em resposta, Nikki Haley disparou que Ron DeSantis “está zangado”, porque os “doadores” estavam anteriormente com o governador e agora abandonaram-no. “A sua campanha está a rebentar”, ripostou a candidata, lamentando novamente a ausência de Donald Trump. Colocando-se como a sua principal adversária, a antiga governadora defendeu que é contra o ex- Chefe de Estado que ela está.

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O confronto entre Nikki Haley e Ron DeSantis

AFP via Getty Images

Trump é “ameaça para a democracia”? DeSantis e Haley deixam críticas, magnata defende-se

Durante a transmissão do Town Hall, uma republicana indecisa questionou se os processos pendentes na Justiça não poderão condicionar o mandato de Donald Trump. Este reiterou a ideia de que existe uma “caça às bruxas” por parte do atual Presidente norte-americano, Joe Biden. “Quando se olha para o que estamos a fazer, estamos a fazer um grande trabalho. Estou a liderar as sondagens”, frisou, acrescentando que acredita que — após a votação no Iowa — Ron DeSantis vai desistir por não estar a obter sucesso.

Confrontado pelo pivô da Fox News Bret Baier sobre como Donald Trump reage ao facto de ser considerado uma “ameaça para a democracia” pelos democratas, o antigo líder norte-americano apontou que isso faz parte de um “plano” para associarem a sua imagem à de um “ditador”.

E depois assinalou que os “democratas estão atrás de si”, com uma “narrativa” de que Donald Trump será um “ditador”. “Não têm mais nada”, lamentou, para logo depois elogiar o que foi feito durante o seu mandato: “Não tínhamos caos na fronteira. Não participei em nenhuma guerra. Fizemos um bom trabalho na Covid. Tivemos a melhor economia de sempre: não tínhamos inflação e tínhamos autonomia energética”. O ex-Presidente aproveitou ainda para troçar de Joe Biden, dizendo que não “consegue nem articular duas palavras”.

"Não tínhamos caos na fronteira. Não participei em nenhuma guerra. Fizemos um bom trabalho na Covid. Tivemos a melhor economia de sempre: não tínhamos inflação e éramos independentes energeticamente"
Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América

Já no debate, Nikki Haley foi particularmente dura com Donald Trump, recordando o que aconteceu a 6 de janeiro de 2021, quando apoiantes do antigo Chefe de Estado invadiram o Capitólio. “Trump disse que o 6 de janeiro foi um dia bonito. Eu penso que o 6 de janeiro foi um dia terrível e nós nunca deveríamos querer que aconteça outra vez”, sublinhou, criticando ainda as alegações de fraude eleitoral por parte do rival. Para a antiga embaixadora, o que aconteceu nas presidenciais de 2020 é claro: “Joe Bideu venceu”.

E Ron DeSantis garantiu que vai sempre respeitar a Constituição, acusando Donald Trump de fazer declarações “erráticas” e de “vomitar palavras” sobre o fim da lei máxima do país.

A política externa: a “paz através da força” e a divisão entre Haley e DeSantis sobre a Ucrânia

Criticando duramente a política externa norte-americana sob a administração Biden, Trump vincou que mudará o paradigma se chegar à Casa Branca, passando a adotar o lema “paz através da força”. Se esta doutrina tivesse sido aplicada mais cedo, Donald Trump disse que a Rússia “nunca teria invadido a Ucrânia”, “nunca teria havido ataques em Israel” e a China nem sequer cogitaria “invadir Taiwan”.

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Trump nos backstages do Town Hall da Fox News

Getty Images

Aliás, ao longo das suas intervenções, Trump usou todas as ocasiões possíveis para frisar que retirou tropas norte-americanas de países como o Iraque ou a Síria. “Não devemos estar em países que não querem que estejamos lá”, indicou ao mesmo tempo que, criticava duramente a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, em agosto de 2021, que levou os talibã ao poder naquele país.

Donald Trump deixou ainda uma mensagem aos aliados da NATO. Questionado sobre como vai gerir a aliança atlântica, o ex-Presidente respondeu apenas com um “depende”. “Depende se eles nos tratam bem”, continuou, acusando os aliados “de tirarem proveito” dos investimentos da defesa norte-americana. Quando era Chefe de Estado, recordou, apenas “oito países (de 28)” cumpriam com a meta de investimento de 2% do PIB.

Se chegar à Casa Branca, Donald Trump deixou no ar a possibilidade de os Estados Unidos “não protegerem nenhum país” se não houver financiamento para a NATO de outros Estados-membros. Aliás, o antigo Chefe de Estado reivindicou que os mil milhões de dólares que a aliança transatlântica está a enviar para a Ucrânia se devem à forma como geria os assuntos da aliança durante o seu mandato.

Antiga embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley frisou, no debate, outro ponto: que os Estados Unidos devem apoiar a Ucrânia, um “país amigo que ama a liberdade”. Já Ron DeSantis, tem uma opinião distinta, defendendo que “já morreram muitas pessoas” no decorrer do conflito e que é preciso “terminá-lo”. “Pessoas como a Nikki Haley importam-se mais com a Ucrânia do que com a fronteira sul”, atirou o governador da Florida, classificando a adversária de “globalista”.

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Nikki Haley e Ron DeSantis entraram em confronto por causa do apoio à Ucrânia

AFP via Getty Images

Sobre a guerra no Médio Oriente, a posição dos dois candidatos é mais parecida. Ambos acreditam que os Estados Unidos devem apoiar Israel. Ron DeSantis chegou a criticar Joe Biden por colocar em causa o apoio a Telavive. Interrogado sobre como vê a deportação de palestinianos da Faixa de Gaza — um objetivo que parte do governo israelita quer seguir — o governador da Florida disse apenas que, se chegar a Presidente, “não vai dizer [aos israelitas] para fazer isso”. Mas manteve a tese de que “confia em Israel para tomar decisões”. “Eles são um bom aliado e devemos confiar neles.”

Nikki Haley manteve igualmente o tom elogioso para Telavive, descrevendo o país como um “sítio luminoso num contexto complicado”. “Nunca foi Israel que precisou da América. Foi sempre a América que precisou de Israel”, lembrou.

As migrações, o muro e as deportações

A situação na fronteira com o México, sendo um dos temas que mais preocupa e mobiliza os republicanos, foi um dos tópicos abordados quer no Town Hall, quer no debate. No primeiro caso, Donald Trump frisou que a chegada de cerca de 18 milhões de pessoas aos Estados Unidos enquanto migrantes “não é sustentável”, alegando que muitas das pessoas que entram no país vêm de “prisões, manicómios, asilos” e algumas delas são “terroristas”.

epa10877631 Migrants camp next to the US border wall in Tijuana, Baja California, Mexico, 22 September 2023. The variety of nationalities of migrants who cross through Mexico to reach the United States is increasing because more people are leaving their countries after the covid-19 pandemic, which has caused a new wave of migration in the region, indicated the International Organization for Migration (IOM).  EPA/JOEBETH TERRIQUEZ

A fronteira entre os EUA e o México foi um dos tópicos abordados

JOEBETH TERRIQUEZ/EPA

Puxando dos galões sobre a construção do muro na fronteira, Donald Trump autoelogiou-se pelo que “conseguiu”, esperando aumentá-lo quando chegar à Casa Branca. Planeia ainda levar a cabo a “maior deportação de sempre”.

O governador da Florida assume ainda uma posição mais dura e inflexível neste tópico, garantindo que os Estados Unidos vão completar o “muro” na fronteira e vão “conseguir que o México pague por ele”. Ron DeSantis criticou ainda a adversária pela sua tolerância com os migrantes ilegais, lembrando que Nikki Haley já se manifestou contra a construção do muro.

A candidata rebateu as acusações, lembrando que, enquanto foi governadora da Carolina do Sul, tomou várias medidas contra a imigração ilegal, que originaram inclusive cisões com a administração, na altura, de Barack Obama. Segundo o ponto de vista de Nikki Haley, os Estados Unidos não podem apenas construir o muro; têm de contratar mais agentes e adotar uma política de “deter e deportar”, em vez “de deter e libertar”.

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Ron DeSantis prometeu que México vai pagar muro, Nikki Hailey diz serem precisas mais medidas

AFP via Getty Images

A economia. Trump aposta na energia, Haley quer “contabilista” e DeSantis “líder”

“A economia está horrível.” Donald Trump repetiu por várias vezes esta frase ao longo do programa televisivo, acusando o Presidente norte-americano de colocar o país à beira da recessão. O único indicador que o magnata vê positivo consiste no nível de investimento nas bolsas, “que está a subir”. Mas isso não é mérito de Joe Biden. É antes por sua causa, uma vez que as “sondagens dizem” que vai “ganhar” as presidenciais, sendo que os investidores confiam nesse cenário e que, se o antigo Presidente for eleito, as coisas melhorarão.

Na ótica de Donald Trump, os problemas económicos do país resolvem-se principalmente com a venda de gás natural e petróleo, dois recursos que os Estados Unidos têm “muito”. A decisão de Joe Biden de apostar nas “energias renováveis” foi errado — e gerou problemas geopolíticos, argumenta o antigo líder.

Segundo o raciocínio do ex-Presidente, como os Estados Unidos deixaram de vender tanto petróleo e gás natural, o seu preço aumentou no mercado global. E isso fez com que o Presidente russo, Vladimir Putin, “ficasse rico” e “invadisse a Ucrânia”.

epa10960620 Former US president Donald J. Trump sits in the courtroom before testifying in the ongoing civil fraud trial being litigated in New York State Supreme Court in New York, New York, USA, 06 November 2023. Trump, his adult sons and the Trump family business are facing a lawsuit by the State of New York accusing them of inflating the value of assets to get favorable loans from banks.  EPA/EDUARDO MUNOZ / POOL

Trump insistiu que a economia norte-americana está "horrível"

EDUARDO MUNOZ / POOL/EPA

Já Nikki Haley, quer assumir o papel de “contabilista” se chegar à Casa Branca, responsabilizando “democratas e republicanos” por “gastos excessivos”. “Vou cortar cartões de crédito e respeitar os dólares de quem paga impostos”, assegurou a ex-diplomata, acrescentando que vai vetar todas as propostas que aumentem a despesa.

“Não precisamos de uma contabilista na Casa Branca. Precisamos de um líder”, ripostou Ron DeSantis, que também apostará, se vencer as eleições presidenciais, no setor energético e na flat tax. Além disso, tal como a adversária apontou, o governador reconheceu que existe um “problemas nos gastos” no país. Para atingir esse objetivo, tem uma estratégia diferente: “diminuir o tamanho” do governo.

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