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Montenegro travou desde logo o Chega
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Montenegro travou desde logo o Chega

PEDRO PINA/RTP

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PEDRO PINA/RTP

Um expulso, um não militante e o padrinho de Ventura. Quem assina o manifesto que pressiona Montenegro a acordos com o Chega

Entre os sete subscritores há quem já tenha sido expulso do partido, quem não tenha as quotas em dia, quem nunca tenha sido militante e um ex-ministro do PSD que é padrinho de casamento de Ventura.

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O manifesto que exige que Luís Montenegro faça acordos com o Chega está a ser desvalorizado pela direção do PSD, que decidiu ignorar olimpicamente o apelo. Ao Observador, fonte social-democrata adverte que se trata de nomes “irrelevantes” e que não têm qualquer influência na vida interna no partido. Entre os sete subscritores há quem já tenha sido expulso do partido, quem não tenha as quotas em dia, quem nunca tenha sido militante e um ex-ministro do PSD que é padrinho de casamento de Ventura. Tudo isto são, no entender dos montenegristas, razão para deixar “os sete” a falarem sozinhos.

Mas quem são afinal os subscritores do manifesto que pressiona Montenegro a fazer acordos com o Chega?

O ex-ministro de Santana crítico de Montenegro

O nome mais sonante é o de Rui Gomes da Silva que foi ministro dos Assuntos Parlamentares de Pedro Santana Lopes e é padrinho de casamento de André Ventura. Antigo deputado social-democrata, já durante a campanha eleitoral tinha sido referenciado por Ventura como sendo uma das “forças vivas” do PSD que o contactaram e que desejavam um acordo entre sociais-democratas e Chega – conversas que confirmou, ao contrário dos outros referidos, como Ângelo Correia ou Miguel Relvas, por exemplo, que desmentiram prontamente Ventura.

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É há muito um crítico de Luís Montenegro. Em maio de 2023, em entrevista ao Observador, defendia que o presidente social-democrata não era “um líder carismático” e que teria “muitas dificuldades”. Já nessa altura, de resto, Rui Gomes da Silva defendia uma aliança com o Chega. “O grande problema do PSD é que não se vê um discurso, uma praxis e um exemplo, um apelo para votar. O problema não é a aliança com o Chega; é as pessoas perceberem que o PSD, só por si, não chegará a lado nenhum. O PSD devia assumir um nível de rutura muito maior se quer ser Governo”, defendia.

Antigo dirigente do Benfica (perdeu a corrida para a presidência em 2020), afastou-se progressivamente da vida interna do PSD desde a queda do governo de Pedro Santana Lopes. Enquanto ministro protagonizou um momento polémico com Marcelo Rebelo de Sousa: em 2004, o então comentador da TVI demitiu-se por alegadamente ter sido “pressionado” pelo presidente da TVI, Miguel Pais do Amaral, a moderar os seus comentários sobre o Governo de Pedro Santana Lopes. Rui Gomes da Silva, braço direito de Santana Lopes, tinha dito que “nem o PS, o PCP e o BE juntos conseguem destilar tanto ódio ao primeiro-ministro e ao Governo como esse comentador, que, sob a capa de comentário político, transmite sistematicamente um conjunto de mentiras com a desfaçatez e sem qualquer vergonha”.

Jorge Sampaio, então Presidente da República, terá forçado Pedro Santana Lopes a fazer uma remodelação e a afastar Gomes da Silva do cargo, que seguiu para o cargo de ministro-Adjunto, despromovendo Henrique Chaves, outro santanista dos sete costados, que acabaria por se demitir mais tarde alegando falta de “lealdade e de verdade”.

A alegada pressão do governo sobre a TVI para calar Marcelo tornou-se no principal tema da política durante dias e a Alta Autoridade para a Comunicação Social abriu um processo. Jorge Sampaio, então Presidente da República, terá forçado Pedro Santana Lopes a fazer uma remodelação e a afastar Gomes da Silva do cargo, que seguiu para o cargo de ministro-Adjunto, despromovendo Henrique Chaves, outro santanista dos sete costados, que acabaria por se demitir mais tarde alegando falta de “lealdade e de verdade”.

[Já saiu o quarto episódio de “Operação Papagaio” , o novo podcast plus do Observador com o plano mais louco para derrubar Salazar e que esteve escondido nos arquivos da PIDE 64 anos. Pode ouvir o primeiro episódio aqui, o segundo episódio aqui e o terceiro episódio aqui]

O caso de Miguel Côrte-Real é diferente, uma vez que tem mantido uma intervenção ativa na vida interna do PSD. Líder da bancada municipal do PSD no Porto, o social-democrata ocupou cargos de responsabilidade na estrutura do partido até há bem pouco tempo – chegou a ser vice-presidente da concelhia do Porto e conselheiro nacional – e tem tido um papel ativo nas várias disputas internas do partido. Foi opositor de Rui Rio e foi apoiante desde o primeiro minuto da candidatura de Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto, em 2013.

O militante expulso, o que não tem as quotas em dia e o que nunca foi

Paulo Ramalheira Teixeira foi, além de vice-presidente do FC Porto, presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva durante 12 anos e é um antigo dirigente social-democrata. Em 2017, no entanto, candidatou-se pelo CDS à autarquia de Marco de Canaveses – tendo sido derrotado, o que lhe valeu a expulsão do PSD. Já não é, por isso, militante do partido. Quatro anos depois, em 2021, voltou a Castelo de Paiva para ser candidato à presidência da Assembleia Municipal pelo movimento independente Um Concelho Para Todos (UCPT) liderado por Ricardo Jorge, antigo vereador e militante do PSD durante quase 20 anos. Perdeu e lidera agora a oposição ao PSD na Assembleia Municipal.

Outro dos subscritores, Paulo Jorge Teixeira, nem sequer é militante do PSD. O presidente da cooperativa do Povo Portuense e coautor do livro “Abril pelas Direitas” é deputado municipal do Porto e foi presidente da Assembleia de Freguesia de Paranhos, mas na lista do Movimento Independente de Rui Moreira. Ou seja: não só não é militante como nem sequer foi eleito pelo PSD. É só alguém do movimento de Rui Moreira que quer que Montenegro faça um acordo com o Chega.

João Saracho de Almeida é militante do PSD, mas não terá integrado os últimos cadernos eleitorais, uma vez que não tem as quotas em dia. Não era, no momento em que subscreveu o manifesto, um militante com funções plenas. Mas teve de facto ligações ao PSD: foi autarca e dirigente nacional da JSD e do PSD. Atualmente vive na Suíça é diretor para a Europa da Solida Capital, uma empresa de private equity. Antes disso, trabalhou sete anos na Mota-Engil, em particular no ramo do imobiliário.

O médico chegou a contar ao Observador que ficou “radiante” e “todo babado” quando Rui Rio confessou publicamente que seguia os seus conselhos. Beber água do mar, estar ao sol nas horas de maior calor sem protetor solar ou seguir a “dieta do Paléo” eram alguns dos conselhos mais polémicos do livro que tem sido a “bíblia” do bem-estar de Rio no último ano e meio, segundo o próprio.

O médico que inspirou Rio e a ex-autarca

O médico Manuel Pinto Coelho também chegou a ser apresentado pelos promotores do manifesto como um “militante histórico” do PSD, mas o Observador sabe que só se tornou militante no tempo de Rui Rio. O número de militante (nº 260.582), comprova que tem pouco tempo de militância. Manuel Pinto Coelho começou a ser associado ao PSD quando Rui Rio disse que seguia as suas dicas para “chegar novo a velho”. Fê-lo ao mesmo tempo que anunciou que era candidato à liderança do PSD e, durante a campanha das diretas, fez mesmo uma pausa para ir à apresentação do livro Colesterol – Mitos e Realidade no Norteshopping, em Matosinhos.

O médico chegou a contar ao Observador que ficou “radiante” e “todo babado” quando Rui Rio confessou publicamente que seguia os seus conselhos. Beber água do mar, estar ao sol nas horas de maior calor sem protetor solar ou seguir a “dieta do Paléo” eram alguns dos conselhos mais polémicos do livro que tem sido a “bíblia” do bem-estar de Rio no último ano e meio, segundo o próprio.

Manuel Pinto Coelho. O guru santanista que Rui Rio segue para “chegar novo a velho”

D. R.

Por ironia, Manuel Pinto Coelho era amigo de Rio, mas ainda mais amigo de Pedro Santana Lopes, que vê como um “irmão”. Na altura chegou a confessar ao antigo autarca do Porto que estava a torcer por Santana Lopes, mas Rio reagiu com fairplay e “uma nobreza de caráter tremenda”, dizendo que ficaria preocupado era se o tivesse escolhido a ele. Agora, Pinto Coelho volta a dar nas vistas para pressionar a um acordo com o Chega.

Assina ainda o manifesto, Susana Faria que foi presidente da JSD/Felgueiras, dirigente local e distrital do partido, e esteve sempre ligada à política de Felgueiras. É militante ativa do partido e dirige o semanário do concelho – em 2022, foi notícia por ter usado o jornal que dirige para fazer manchete com o seu despedimento da Caixa Agrícola (CCAM TSABT) que atua nos concelhos de Felgueiras, Guimarães, Fafe, Lousada, Amarante, Vizela e Celorico.

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