Uma publicação partilhada no Facebook diz que o apresentador de televisão Jorge Gabriel foi processado pelo Banco de Portugal por declarações que fez na televisão. O método multiplica-se no Facebook, numa fraude que envolve supostas plataformas de criptomoedas sem habilitação para exercer em Portugal que usam entrevistas reais e manipulam imagens de sites de órgãos de comunicação social para se promoverem. Desta vez, a figura pública referida é Jorge Gabriel.

A informação partilhada no Facebook em publicações que envolvem diversas figuras públicas segue um modelo muito semelhante. Neste caso, surge uma fotografia do apresentador e a informação com a seguinte afirmação: “Banco de Portugal processa Jorge Gabriel pelo que disse ao vivo na TV.” São-lhe também atribuídas declarações que terão sido feitas numa suposta entrevista conduzida por Cláudio Ramos, mas uma pesquisa pelas mesmas citações atribuídas a Jorge Gabriel devolve vários resultados com referências a outros entrevistadores. Neste caso concreto, consta na publicação que Jorge Gabriel terá dito: “Vou dizer-lhe isto: para ser rico, não tem de trabalhar, de todo. Portanto, quando começa a entender este conceito, começa a associar-se com dinheiro mais facilmente.”

O esquema é semelhante a outros que já surgiram no Facebook, envolvendo outras figuras públicas, e que já foram analisados pelo Observador diversas vezes, como pode ver aqui ou aqui. A quase totalidade dos casos acaba mesmo por reencaminhar quem acede a links associados para páginas falsas de órgãos de comunicação social que, por sua vez, reencaminham para plataformas de critpomoedas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Banco de Portugal (BdP) já foi confrontado pelo Observador com estes casos que surgem de forma recorrente nas redes sociais e que referem a instituição para negar qualquer interferência em entrevistas televisivas, tal como aquilo que é referido na publicação em análise. E alertou ainda para a possibilidade de estas publicações poderem “integrar-se num esquema de natureza fraudulenta, dirigido a obter ganhos patrimoniais de potenciais clientes que julgam (erradamente) estar a investir em ativos virtuais”.

O BdP avisa que tem “tido conhecimento de situações similares à relatada, envolvendo outras figuras públicas” e “supostas entidades/plataformas que afirmam dedicar-se a atividades com ativos virtuais, quando, na realidade, desenvolvem apenas esquemas fraudulentos”.

Conclusão

Trata-se de uma publicação com alegações falsas. O Banco de Portugal não processou Jorge Gabriel por declarações feitas na televisão e o apresentador também não disse nada do que lhe é atribuído nesta publicação. Trata-se de um esquema que está a ser usado repetidas vezes, através de partilhas no Facebook, e para o qual o Banco de Portugal já tinha deixado um alerta, em anteriores fact checks do Observador.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge