Diversos vídeos e publicações nas redes sociais sugerem que um estudo nos EUA provou “a vitória de Bolsonaro e a fraude dos esquerdopatas [Lula da Silva]” nas eleições presidenciais do Brasil. Os internautas escrevem que com “provas científicas o Presidente da República [do Brasil] é Jair Bolsonaro”.

Ainda que refiram “provas científicas”, as publicações não trazem qualquer referência a estudos, afirmações ou algo que possa comprovar a teoria amplamente partilhada. E todas as informações oficiais conhecidas até então desmentem as afirmações.

Em primeiro lugar, o Presidente dos EUA referiu num pequeno comunicado partilhado pela Casa Branca que as eleições no Brasil tinham sido “livres, justas e confiáveis”. Mais ainda: Joe Biden disse até estar “ansioso” para que os chefes de Estado começassem a trabalhar juntos e dessem continuidade à “cooperação” entre Brasil e os EUA.

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Antes, a Embaixada dos EUA tinha revelado numa nota que as eleições europeias serviam de “modelo para as nações do hemisfério e do mundo” e deu garantias de confiança no ato eleitoral: “Como já dissemos anteriormente, as eleições do Brasil são para os brasileiros decidirem. Os EUA confiam na força das instituições democráticas brasileiras. O país tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores.”

No mesmo sentido, questionada pelo jornal brasileiro “Agência Lupa”, a Embaixada dos EUA no país confirmou que a informação é falsa: “A Embaixada e Consulados dos EUA informam que a informação publicada é falsa. Ressaltamos também que os EUA reafirmam o seu respeito pelas instituições democráticas brasileiras.”

Outro dos pontos da argumentação das publicações é a utilização da Lei de Benford, usada para provar manipulação de valores. A questão já tinha sido levantada em circunstâncias anteriores e diversas entidades independentes esvaziaram a tese, desde o Conselho Europeu (que referiu que resultados legalmente confirmados podem distanciar-se de números baseados na Lei de Benford “por outros motivos que não sejam irregularidades”) ao Carter Center (que concluiu que a lei em causa “parece ser um instrumento muito fraco para detetar fraudes eleitorais”).

Conclusão

Do Presidente dos EUA à embaixada do país no Brasil, não há ninguém que confirme a tese que está a circular as redes sociais. Pelo contrário: todas as entidades oficiais dão como “livres, justas e confiáveis” as eleições brasileiras, pelo que não confiam nas sugestões de que há razões que levem a crer que as mesmas não tiveram base legal e elegeram Lula da Silva com base numa fraude. Além disso, a ideia de que há “provas científicas” cai por terra quando não há referências concretas a qualquer estudo.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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