A retirada militar dos Estados Unidos da América do Afeganistão tem feito correr muita tinta na imprensa internacional. A par disso, as redes sociais têm estado muito atentas ao desenrolar dos acontecimentos, especialmente agora que os talibã estão no poder. No passado dia 16 de agosto, um dia depois dos talibãs terem entrado no palácio presidencial em Cabul, uma publicação de Facebook vinha acompanhada por uma imagem, onde se vê uma mulher coberta por um véu e acorrentada. Na legenda lê-se o seguinte: “A derrota da humanidade numa fotografia. Tudo isto graças à ação e colaboração dos arautos dos ‘direitos humanos’, EUA, UE, Reino Unido e NATO”. Chegou às 74 mil partilhas. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral garante que mulher foi acorrentada por talibãs após a queda de Cabul. É falso.

Ora, fazendo uma procura pela fotografia em diferentes ferramentas como a Google Images, chega-se à conclusão de que sim, a fotografia é verdadeira, mas pertence a um protesto que decorreu em Londres, decorria o ano de 2014. Já a AFP, que também verificou a publicação, descobriu artigos noticiosos sobre o tema, como o que foi publicado pelo Newsweek. O jornal The Telegraph, tal como referido pelo fact-checker brasileiro Aos Fatos, partilhou a mesma imagem referida pela publicação original.

A 15 de outubro de 2014, decorreu um protesto curdo na capital inglesa contra o Estado Islâmico — em jeito de “leilão de escravas” –, para chamar à atenção em relação ao tratamento das mulheres por parte daquele grupo terrorista. O protesto chegou a passar por Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro britânico ou pelo parlamento britânico.

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Apenas cinco dias depois, tal como referido pela AFP, outro órgão de comunicação social (neste caso a BBC), publicou uma entrevista a um dos presentes na manifestação, o ativista e realizador Ari Murad. Na página oficial de Facebook daquele realizador, é possível encontrar imagens reais do protesto, planeado pelo Compassion 4 Kurdistan, que decorreu em Londres. “Algumas das histórias são terríveis, tínhamos de fazer algo. Penso que o público terá empatia, mas não sabem o que se passa”, garantiu Ari Murad à BBC naquela altura.

O vídeo também podia ser encontrado no Youtube, contando já com milhares de visualizações, mas foi entretanto apagado.

ISIS Sex Slave Market in London (Protest)

Since its inception The Islamic State has been capturing all the consider infidels and selling them in make shift sex markets all across Syria and Iraq. Their brutality is so overwhelmingly shocking that most testimonies only result in broken down tears.I and political activists have set one very such makeshift camp, the horrors of ISIS and their crimes against humanity was put on public display all across London. Members of the public were shocked most were speechless as we live in a civilized society. Yet the barbarity of these camps remain, please share and like to all so that our cause can be spread across the world.Main Performer Karam Kurda Haz Babataher Arwin BaniardCamera: Anil Elbistani Ari Murad Hoshmand JaffActress: Zeynep Polat, Berfin Erdogan, Silan Akgul, Elif Ozkan.Special Thanks to: Arman Banirad and Hana Abid

Posted by Ari Murad on Tuesday, March 1, 2016

Conclusão

Não é verdade que uma fotografia partilhada nas redes sociais mostre uma mulher afegã acorrentada por um talibã, no decorrer da tomada de poder dos talibãs no Afeganistão. A imagem é, de facto, verdadeira, mas pertence a um protesto curdo que decorreu em Londres em 2014. O objetivo era chamar a atenção para o tratamento indigno do auto-proclamado Estado Islâmico às mulheres. Esta publicação foi entretanto desmentida um pouco pelo mundo inteiro, desde o Brasil à Europa.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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