A detenção de um jovem de 17 anos suspeito de planear, a partir do norte de Portugal, uma série de ataques a escolas — e não só — no Brasil foi amplamente noticiada, tendo a Polícia Judiciária prestado diversos esclarecimentos sobre a investigação: o estudante convencia, através do Discord, jovens brasileiros a levarem a cabo atentados, como o que provocou a morte de uma estudante em outubro do ano passado numa escola em Sapopemba, São Paulo. Num comunicado de imprensa, do dia 2 de maio, a Polícia Judiciária dava conta de que a investigação “visou conhecer e identificar a atividade perpetrada online pelo detido, um cidadão português que promovia o nazismo, incitando a comportamentos extremistas”. Mas, nas redes sociais, rapidamente começaram a circular informações a dar conta de que o suspeito, apesar de ser português, teria ascendência brasileira. Será verdade?

Uma utilizadora escreveu na sua página de Facebook que, “segundo a rede social X e pelos vistos confirmada, o jovem de 17 anos que comandou os crimes no Brasil e que foi detido preventivamente em Portugal, é filho de pais brasileiros a viverem em Portugal”.

Na mesma publicação, pode ainda ler-se que “a comunicação social está a esconder informação descaradamente”: “Tremenda vergonha, falarem num português várias vezes e de forma insistente, quando o puto é filho de imigrantes brasileiros. Comunicação social corrompida pela esquerda deste país. […] Quem cometeu os crimes foram brasileiros e comandados por um brasileiro”.

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Ao Observador, fonte oficial da Polícia Judiciária esclarece que não só o jovem é um cidadão nacional, como os seus pais são ambos portugueses. O Observador apurou, aliás, que o suspeito não tinha qualquer ligação ao Brasil, nem nunca sequer esteve naquele país.

É ainda importante sublinhar que os pais do menor — assim como a escola que este frequentava — nunca se terão apercebido de nada fora do normal, pelo que o seu papel ou a sua origem não terão qualquer relevância para a investigação, apurou o Observador.

Conclusão

Nas redes sociais circula a informação de que o jovem português, de 17 anos, detido pela Polícia Judiciária este mês, suspeito de planear ataques a escolas brasileiras, seria filho de pais brasileiros que vivem em Portugal. Uma utilizadora do Facebook afirmava mesmo que, por isso, “quem cometeu os crimes foram brasileiros e comandados por um brasileiro”. Mas essa informação é falsa, tanto o jovem detido como os seus pais, que nunca terão suspeitado de nada, são cidadãos nacionais, revelou ao Observador fonte oficial da Polícia Judiciária.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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