“Uma obra invisível”, mas com um custo que não passa despercebido. Uma promessa que se prolongou durante 18 anos até que deixou de fazer parte do imaginário de alguns e atingiu a maioridade, sendo já poucos os que não ouviram falar dela nos últimos dias.

O Plano Geral de Drenagem de Lisboa começou a ser pensado em 2008, mas só na passada semana foi elevado a “salvador” da cidade, perante as ruas alagadas, as escolas fechadas, os comércios da parte ribeirinha com água “até ao pescoço”, já quase uma centena de pessoas desalojadas e tantas mais rotinas interrompidas por estes dias.

A obra que inclui a construção de bacias de retenção/infiltração e dois túneis que farão os percursos: Monsanto – Santa Apolónia e Chelas -Beato custará 250 milhões de euros. Debaixo de terra só estará a “Oli” – uma máquina tuneladora que veio da China e vai avançar 10 metros por dia, até atingir a zona perto do rio em 2025.

E se “para baixo, todos os santos ajudam”, não esperemos que daqui saia um milagre. É que o Plano de Drenagem não contribui para a prevenção das alterações climáticas, mas apenas minimiza as suas consequências. O maior esforço orçamental de sempre da Autarquia de Lisboa não resolve de forma definitiva este problema, e não nos esqueçamos que só na construção dos túneis já se calcula um desvio orçamental de 30 milhões de euros em revisão de preços.

É preciso mudar a estratégia, é urgente uma inversão na forma de construir, apostar na reabilitação do edificado, promover a infiltração da água nos solos, criar parques e lagos artificiais, apoiar soluções construtivas com sistemas de recolha e aproveitamento das águas pluviais!

Um investimento desta envergadura deveria afirmar-se como um verdadeiro plano de gestão do ciclo da água em Lisboa!

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