Vivemos numa época onde as alterações climáticas se tornaram um dos maiores riscos para a saúde. Sendo já quase impossível controlar os efeitos do clima, e até por isso mesmo, temos o poder (e o dever) de influenciar a forma como respondemos e nos adaptamos às suas novas variações.

Face a este crescente problema, e segundo o estudo ”Riscos Climáticos e a Saúde dos Portugueses”, o terceiro do Projeto Saúdes, a Sociedade tem procurado desenvolver soluções inovadoras, tais como a criação de novas lideranças que ajudem no planeamento e preparação das cidades para um futuro mais quente.

Um bom exemplo é a origem de um novo cargo, denominado por Chief Heat Officer (CHO), que vem responder à intensificação das temperaturas extremas, tendo como objetivo não apenas combater os efeitos do calor, mas também  estabelecer um padrão de liderança climática.

Miami foi a primeira cidade a nomear um CHO, em junho de 2021, para assegurar uma maior segurança aos cidadãos quando impactados por ondas de calor. Seguiram-se vários países, sendo o Bangladesh, mais propriamente a cidade de Dhaka, o mais recente a fazê-lo, em maio de 2023.

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Num mundo (e no universo do Linkedin) onde abundam “Chiefs” de tudo e de nada, muitos perguntar-se-ão sobre a legitimidade ou a utilidade deste cargo. Na verdade, são vários e muito necessários os desafios que devem gerir: a sensibilização das Pessoas para os riscos e as soluções do calor extremo; a identificação das  comunidades mais vulneráveis ao aquecimento climático; planeamento de respostas mais eficazes às vagas de calor; coordenação e gestão das várias partes interessadas e afetadas; e, ainda, implementar projetos de longo prazo, com vista à  redução do risco de calor e de arrefecimento.

Como também mostra o referido estudo, as entidades e empresas públicas (nacionais e locais) desempenham um papel fundamental na resposta às mudanças climáticas.  Os líderes do setor publico têm de desenvolver estratégias eficazes, envolver a comunidade e colaborar com outros setores para criar cidades mais resilientes. Por isso mesmo, integrar, aí, este tipo de chefia uma medida crucial para melhor enfrentar e lidar com o impacto das ondas de calor.  Fundamental é também apostar em grupos de trabalho multidisciplinares, que possam identificar as condições e vulnerabilidades existentes e que arquitetem formas de lidar com os impactos atuais e futuros do calor extremo na saúde humana, nas vidas e nos meios de subsistência.

Mais do que uma resposta pontual às mudanças que vivemos, o CHO é um investimento na segurança e bem-estar das comunidades. Afinal, como tão bem nos ensinou Darwin, perante um novo (ou transformado) meio ambiente, impõem-se a evolução da espécie: a começar por aquela que nos lidera.