Eu bem que fui avisando, em 2017, aqui, posteriormente voltei a avisar, aqui, e mais recentemente, juntamente com o meu irmão, que é membro da Associação “Pro Vita e Famiglia” e da Agesc – Associazione Genitori Scuole Cattoliche, aqui. Eu como outros tentámos trazer à discussão o que se preparavam para fazer nas escolas portuguesas. Hoje, como habitualmente em Portugal, corremos atrás dos prejuízos e desejamos que mais uma vez a lei seja declarada inconstitucional, esperando, para isso, que o Presidente da República a envie para o Tribunal Constitucional.

A recente aprovação da lei destinada a implementar direitos de autodeterminação de género nas escolas está a levantar ondas de controvérsia e preocupação. Naturalmente. Esta lei é considerada uma violência normativo-burocrática contra os direitos fundamentais por todos aqueles que conseguem abstrair-se de uma linha do pensamento tresloucado. Esta lei foi sorrateiramente aprovada no último dia de governação plena do atual Governo, o que mostra bem a má-fé com que nos querem impor determinadas ideologias. Se o Governo quisesse ser sério, algo que foi provando que é valor que desconhece, devia ter promovido um amplo debate sobre esta questão, uma vez que entre aquilo que deve ser o respeito por qualquer um que sofra de disforia, e a manipulação da verdade e imposição ideológica no espaço educativo, vai um passo de gigante.

A peça legislativa, fruto da colaboração entre várias forças políticas à esquerda e uma escassa proatividade à direita, levanta uma questão crucial: a mentira fundamental por detrás da expressão “sexo atribuído à nascença”. Como assim? Mas alguém com dois dedos de testa pode aceitar que nós à nascença somos presenteados com a atribuição do nosso sexo? Creio que não será preciso ser-se extraordinariamente inteligente para perceber que esta afirmação é desfasada da realidade e só por isso devia ser o suficiente para inviabilizar a lei. No entanto uma quantidade enorme de deputados, supostamente pessoas informadas, achou que estava bem assim, corroborando com a afirmação. A lei, que mergulha num labirinto de termos e conceitos, baseia-se nessa frase, falsa, para promover a ideologia de género. Mas a realidade científica, como defendem muitos, não suporta esta afirmação.

No cerne deste debate está a batalha entre aquilo que é natureza e aquilo que não passa de ideologia, onde se procura substituir a verdade inquestionável da biologia pela subjetividade da ideologia. Só não consigo perceber o propósito desta ideologia para além de semear confusão e desordem na sociedade.

A lei não apenas introduz a falsidade na educação, mas também se lança num terreno perigoso ao impor a doutrinação ideológica desde tenra idade, interferir em questões desportivas, redesenhar as infraestruturas escolares e minar a autoridade dos pais no processo educativo. É mesmo isso que queremos para a Educação? Saberão os senhores deputados que aprovaram esta lei que nem sequer para fazer face às necessidades de inclusão, seja de alunos com necessidades específicas de aprendizagem, seja ao nível do PLNM (Português Língua Não Materna), há recursos humanos, quando mais para apoiar estes alunos, perspetivando o aumento de casos que nada têm a ver com problemas reais de disforia?

Por este motivo, o apelo à resistência surge como uma necessidade crucial. Professores, como intelectuais, são instados a levantar a voz contra esta imposição ideológica nas escolas. Mais do que operários que seguem ordens, devem ser guardiões do conhecimento científico rigoroso, rejeitando devaneios ideológicos que comprometam a educação.

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