A equipa de futebol do Benfica tem feito uma época notável.

Notável do ponto de vista dos resultados, nomeadamente no Campeonato e Liga dos Campeões, e notável do ponto de vista das exibições.

A equipa com Schmidt tem apresentado um futebol moderno, intenso, de pressão alta, de ataque permanente e como muitos golos para gáudio dos adeptos.

Para o adepto do Benfica, ganhar é importante mas jogar bem também o é e ninguém fica contente no Estádio da Luz com tácticas defensivas e com vitórias de 1-0 ou 2-1 .

Consequentemente o Estádio da Luz tem estado permanentemente cheio como um ovo, seja com o Arouca, seja com o PSG e com um ambiente absolutamente fantástico a recordar tempos áureos.

Mas as épocas só acabam no fim e para um clube como o Benfica terminar a época sem títulos, por muito bem que a época esteja a correr, é um fracasso total.

E a realidade dos factos é que o Benfica esta época falhou no momento decisivo da Taça da Liga, falhou no momento decisivo da Taça de Portugal e nunca poderia ter falhado no último SLB-FCP que era o jogo que sentenciava o título de Campeão Nacional com empate ou vitória.

As épocas e os títulos decidem-se em momentos decisivos e os momentos decisivos têm de ser preparados com a importância do momento, que é decisivo.

Este jogo deveria ter sido preparado como se fosse o último jogo da vida daqueles jogadores e daquele treinador, como um jogo de vida ou de morte.

E não o foi.

Bem pelo contrário.

Para além dos seis dias de férias dado aos jogadores nas vésperas de um jogo importantíssimo, não foram convenientemente refreadas as expectativas altíssimas que existiam legitimamente na mente de todos, dirigentes, adeptos, imprensa e obviamente na dos jogadores, que num clube como o Benfica são naturalmente multiplicadas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Conclusão, o Porto entrou no jogo para ganhar e nós entramos no jogo para cumprir calendário com o resultado final conhecido.

E fomos surpreendidos.

A diferença de atitude decidiu o jogo.

Poderíamos também falar de más opções nas substituições do treinador, que também seriam justificações válidas, mas não foi o problema de fundo.

A diferença esteve na preparação para um jogo que era decisivo.

E mais uma vez ressuscitamos o moribundo.

E depois das derrotas importantes e decisivas, como esta, num clube avassalador e mediático como é o Benfica, os efeitos são devastadores na confiança da equipa e dos jogadores, que agora a direcção e o treinador estão com dificuldades em inverter.

Ganhar jogos ou ganhar títulos são coisas diferentes.

Para ganhar títulos é preciso “estofo” dentro e fora de campo.

É preciso “killing instinct” nos momentos decisivos e é preciso readquirir essa cultura, com mais ambição, mais “fome”, outra agressividade, maior coragem, se queremos voltar a ambicionar uma sequência de títulos e não contentar-mo-nos com um título de vez em quando.

Por outro lado, numa Liga em que tanto se decide fora de campo e em que os diversos agentes são altamente pressionáveis, nesta fase decisiva os pequenos detalhes contam muito e não é possível uma postura perfeitamente passiva fora de campo, aceitando todas os erros grosseiros, provocações, pressões permanentes sobre os árbitros, calados e complacentes .

É preciso ter consciência de que competimos com um adversário directo que joga permanentemente sujo, fora e dentro de campo.

Precisamos de liderança forte, que defenda o clube energicamente a todo o momento e que contagie a equipa de futebol com a mesma assertividade.

Muita coisa tem sido bem feita nesta época e o mandato do Presidente Rui Costa tem sido melhor do que muita gente previa, inclusive eu.

Mas tem que perceber que, como Presidente do SLB, não pode manter a postura do “social porreirismo” que sempre adoptou enquanto Director Desportivo de LFV, quando aceitou tudo e todos em silêncio, ou então vai ter muitos dissabores, agora com outra responsabilidade, como Presidente.

Se perder este título os problemas que vai enfrentar vão ser sérios.

No entanto, com quatro pontos de vantagem, ainda estamos muito a tempo para sermos Campeões e só dependemos de nós próprios, mas para isso acontecer temos que acordar para a vida, o treinador tem de deixar de andar em negação e começar a rodar o plantel e atirar-mo-nos a este título, fora e dentro do Campo, como se fosse o primeiro título da história do Clube ou então a história vai acabar mal.