A velocidade a que surgem as notícias de novas tecnologias nos últimos anos e meses tem sido estonteante. Desde as tecnologias conversacionais, como o Chat GPT, à inteligência artificial aplicada aos motores de busca, dos universos virtuais à robótica ligada à inteligência artificial, o desenvolvimento tecnológico parece imparável. E esta é apenas a face mais visível e mediática das alterações tecnológicas que têm tido desenvolvimentos importantes na indústria, mas também em setores como a medicina e a justiça.

Mas a rapidez a que surgem as inovações não nos deve fazer esquecer que o que mais interessa é que elas tenham de facto um efeito na produtividade, isto é, que aumentem o valor acrescentado e o rendimento, com uma utilização mais eficiente dos recursos.

Com efeito, as novas tecnologias têm efeitos diferentes na produtividade, e uma parte importante do nosso futuro vai depender das escolhas que fazemos hoje. Para citar um exemplo do novo livro de Acemoglu e Johnson Power and Progress: Our Thousand-Year Struggle Over Technology and Prosperity, a tecnologia de “self check-out” nos supermercados simplesmente transfere o custo da pessoa que está na caixa para o próprio consumidor, que passa a fazer o registo. Os custos para a empresa desceram, mas a produtividade para a economia não mudou significativamente. Também uma empresa que deslocaliza a sua produção para outro país mais barato não afetará significativamente a produtividade global, embora os seus custos possam diminuir.

As novas tecnologias têm efeito na produtividade quando libertam recursos para outras atividades com maior valor acrescentado, isto é, se implicarem que mais horas do nosso dia possam ser dedicadas a atividades mais produtivas, que apoiem as escolhas que fazemos, ou, por fim, que impliquem a criação de novos postos de trabalho com valor acrescentado mais elevado.

A preocupação que existe na Europa em regular as novas tecnologias é compreensível, considerando o impacto que podem ter sobre o mercado de trabalho, especialmente para os trabalhadores menos qualificados ou com qualificações médias. Mas o verdadeiro desafio das políticas públicas nos próximos anos será o de criar as condições para que as empresas possam inovar com um impacto relevante na produtividade, incentivando o aumento da escala das empresas, a transferência de conhecimento através de instrumentos como as patentes, e assegurar que os jovens adquirem as competências para os novos empregos do futuro.

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