“Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, e com a passagem dos dias tudo se transforma numa realidade mais ou menos previsível conforme o cenário que outrora nos era apresentado. Mas existem momentos de reviravolta, e os eventos ora eufóricos, ora angustiantes dos dias que temos vivido são resultado da crise política que ninguém fora capaz de prever.

O mundo segue e transforma-se, e a figura arrogante e imponente de António Costa transformou-se em espuma que na água se diluirá até que, como a natureza em si, se transforme noutra coisa qualquer. Mas tal como a natureza, a política segue a mesma metamorfose e, por isso, o que estes últimos oito anos políticos têm tido de domínio de esquerda, espero eu, em breve transformar-se-ão num domínio da Direita – espero, democrática, mais Liberal, que cerque o extremo político e deixe-o encurralado entre a sua própria hipocrisia que o viu nascer e que será também a sua própria sentença.

Volvidos oito longos e tenebrosos anos de caos puro, acho que é hora de encarar o país de frente e construir as bases para ir mais além e para conseguir cumprir a promessa de um Portugal verdadeiramente Europeu, liberal e competitivo que há demasiado tempo nos tem vindo a ser negado. Imbuído do desejo de metamorfose política neste país que vive cansado, agastado, sem esperança e sem rumo, não posso, ainda assim, negar que as esperanças para que aconteça ainda esta década sejam, para mim, poucas. Mas não deixo esta oportunidade passar para demonstrar o que Portugal pode e deve ambicionar ser passados os próximos oito anos.

Hoje temos a oportunidade de ouro nas nossas mãos de trabalhar para construir um país mais próspero em toda a linha, mas só o conseguimos fazer se fomentarmos o nosso capital interno a crescer e acumular-se e se formos lá fora atrair o capital necessário para permitir mais competitividade empresarial essencial para gerar mais e melhores salários, afinal, o maior problema não é o aumento generalizado de preços, mas antes o poder de compra pífio generalizado.

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Precisamos de fomentar o nosso capital humano, deixando de criar portugueses de primeira e portugueses de segunda no que ao ensino diz respeito. Como tal, devemos investir muito mais na formação dos nossos universitários para que estes estejam entre os melhores do mundo. Não podemos satisfazer-nos com o top 100 de melhores universidades do mundo quando temos parceiros europeus muito mais acima. Da mesma forma, devemos procurar não demonizar o ensino profissional, encarando-o como uma verdadeira escola de formação essencial para a vida de todos. É nesta base que estamos a assegurar um futuro humanamente mais próspero, quer intelectual, quer profissional, quer economicamente.

Precisamos de fomentar o nosso parque habitacional público, sem ceder a loucuras como o pacote martelado à pressa do Mais Habitação, levantando sim propostas sérias e já testadas em países Europeus. Devemos olhar, sem dogmas ideológicos, para as boas experiências de habitação pública dos Países Baixos, da Áustria ou da Finlândia (só para dar alguns exemplos) e compreender quais se podem ajustar à nossa realidade de forma a praticamente resolver o problema que temos e que deixa milhões vulneráveis na hipótese de poderem perder a sua casa porque o seu salário caso não chega para pagar a renda caso esta aumente no semestre vindouro.

Temos de melhorar e reformar o nosso sistema público de saúde, educação e segurança garantindo a dignidade dos nossos profissionais e das suas carreiras que, diria, já valorizamos mais. Urge uma reforma no SNS de forma a garantir o uso total do nosso Sistema de Saúde, fomentando uma distribuição das listas de espera de forma a garantir o rápido atendimento do utente, bem como a vida pessoal do profissional. Urge uma reforma da Educação de forma a garantir que os alunos estão nas escolas que melhor se adequam às suas necessidades educativas, que garanta a dignidade dos docentes e o bom uso de todo o capital humano docente de forma a diminuir significativamente o número de turmas sem professores efetivos nas aulas. Diria, face a estes dois, que é insustentável termos médicos a fazer mais de 150 horas extraordinárias anuais e professores sem casa para onde ficar quando são deslocados, pelo que é do mais elementar bom senso fomentar a criação de habitação própria para estas classes profissionais para que possam viver com a sua família perto de onde é o seu local de trabalho, garantindo assim as suas necessidades pessoais e profissionais, sempre e quando o Estado entende deslocar os próprios da sua área de residência primária… afinal de contas, todos trabalhamos para viver confortáveis e satisfeitos e não o contrário.

Da mesma forma, urge a melhora de condições para os nossos agentes de segurança e militares que recebem miseravelmente e que têm equipamento pouco ajustado às suas necessidades oficiais.

Encarando outro ponto que a mim muito me diz, fruto das circunstâncias da minha idade, precisamos de transformar Portugal num país para jovens, porque hoje, manifestamente, não o é.

É lamentável, deprimente e profundamente angustiante saber que para me concretizar pessoal e profissionalmente terei de ir para fora do meu país. Não teremos aqui um salário verdadeiramente comparável aos salários europeus ocidentais tão cedo, não teremos aqui uma casa nossa tão depressa quanto desejaríamos, não temos uma perspectiva de subir na vida a trabalhar tão depressa quanto ambicionaríamos — isto tendo plena consciência de que “a melhor política pública é um emprego”, como diria Reagan e, acrescento eu, bem pago.

É esta a pobre perspectiva da juventude portuguesa que quer mais, que é ambiciosa, que é dinâmica, mas não consegue ir mais além porque vive pobre e na presença sufocante de uma grande força de bloqueio que manifestamente não nos deixa vingar na vida, deixando-nos sim entregues a um país de salários precários e com a promessa nunca cumprida na totalidade de ter “a casa, o pão, a habitação, saúde, educação” e que faz com que não vejamos futuro aqui quando Portugal ainda tem tanto para dar. Mas as coisas podem ser diferentes e podemos, ao sabor desta metamorfose que se faz sentir na espinha de todos nós, ambicionar mudar o rumo a caminho de um futuro mais amigo do ambiente, dos trabalhadores, das empresas , mais favorável ao desenvolvimento do país e de todos nós, mais favorável ao exterior e ao que de melhor a liberdade e a globalização nos podem oferecer.

Temos hoje a possibilidade de romper com o conformismo, a estagnação e o imobilismo social de António Costa e de um PS perdido e fechado no seu próprio castelo, focado apenas na sua arrogância e falsa moral. Podemos hoje ser os motores da mobilidade social e de um país genuinamente próximo e forte perante os nossos parceiros Europeus e mundiais, em todos os domínios. Nós, os Liberais, estamos prontos para lutar por esse país de futuro que Portugal ainda vai a tempo de se tornar. Resta saber se o maior partido da oposição estará também pronto para, connosco, ajudar a construir esse caminho, longe do que foi o legado de António Costa que, felizmente, nos deixa.