A Iniciativa Liberal vai a eleições domingo próximo, e não podemos em circunstância alguma esquecer aquilo que levou à demissão de João Cotrim de Figueiredo. O diagnóstico é acertado e a necessidade de afirmar a IL em todo o país é fulcral para, mais do que a fazer crescer, afirmar esta casa como a base política de um Liberalismo verdadeiramente popular.

A posição que hoje temos no panorama político não foi conquistada sozinha ou apenas por obra e graça de Deus, mas sim com a força de todos na IL que através da sua convicção levaram a que tivéssemos representação nas juntas de freguesia, nas Câmaras Municipais e nas suas assembleias, na Assembleia Legislativa dos Açores através do grande Nuno Barata e na grande casa da democracia nacional, o Parlamento, com 8 deputados e um programa eleitoral cheio de propostas concretas e capazes de, se devidamente implementadas, elevar Portugal e a sua voz no quadro da União Europeia.

Mas isto é apenas e tão somente o início de uma história que já muito nos honra, mas que pode ser mais e deve ser maior. O patamar em que estamos é bom, mas manifestamente não chega e devemos ambicionar mais.

O crescimento da IL ao longo do tempo tem sido maioritariamente urbano e no litoral do país; a nossa comunicação tem se tornado cada vez mais monotemática – focando apenas na TAP ou na fiscalidade – quando temos uma vastidão de propostas que nos devem orgulhar e que devemos publicitar e chegados a este ponto (que ainda não é um ponto de não retorno) devemos tentar perceber porque é que crescemos no litoral mas não no interior.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Há uns meses, conversava com um grande amigo meu do Alentejo e após algum debate concluímos o que para mim foi uma evidência que me leva a entender que temos de mudar a estratégia. A mensagem da IL não chega à Maria e à sua família que vivem num qualquer bairro inseguro; a mensagem da IL não chega ao Senhor Manuel que se levanta com o nascer do sol para lavrar a terra e promover a agricultura local e que sofre com a falta de água no alentejo; a mensagem da IL não chega à dona Raquel que recebe 300 euros de reforma e que tem que viver com a escolha de comprar medicação para a sua bronquite ou comprar algum bem que falte em casa; a mensagem da IL não chega aos que vivem isolados numa aldeia algures no alto minho ou em trás-os-montes porque só têm autocarro de 2 em 2 horas ou a linha férrea não passa lá. Ou seja, neste momento a IL começa e acaba no meio litoral e urbano, quando o seu programa mostra que tem capacidade para se estender a todo o país e fazer da IL o mecenas daquilo a que chamo de liberalismo popular. Eu quero poder dizer à Maria, à Raquel e ao Manuel que a IL tem respostas concretas para os seus problemas, que não têm de se preocupar mais com a seca, ou com a escolha entre medicação e bens essenciais, nem com a segurança do seu bairro porque nós estamos lá e porque a nossa Iniciativa Liberal trabalha todos os dias para eles. Eu quero que a nossa Iniciativa Liberal chegue a todos os portugueses, independentemente da sua área geográfica, faixa etária e rendimento. Eu quero que os portugueses vejam na IL a sua candidata, seja ela em Lisboa, no Porto, em Trás-os-montes ou na Vidigueira e que reconheçam na nossa Iniciativa Liberal a sua própria voz.

O nosso programa legislativo prima pela riqueza das suas propostas e é para mim estranho, para não dizer incompreensível, como é que com propostas como a da promoção do regadio ou do plano de ferrovia não chegam às pessoas. Como é que com 600 páginas de propostas, apenas duas são “a cara” da IL?

Esta ideia de Liberalismo Popular tem duas vertentes que se complementam uma à outra; A primeira parte passa pela capacitação dos membros, envolvendo-os em debates com as respectivas coordenações locais para chegar às conclusões e meios necessários para levar o liberalismo a todos, sendo que daí resultará a proximidade às pessoas fazendo dos membros porta-vozes ativos do partido junto das populações.

Só conseguimos chegar à Maria, à Raquel ou ao Manuel se formos falar com eles e mostrar que temos as propostas para melhorar as vidas deles. Por isso, é preciso uma maior autonomia dos núcleos e uma verdadeira estratégia de campanha porta-à-porta para que consigamos trazer este ideal que é o Liberalismo a todos os concelhos do país.

Para concretizar essa ideia a Iniciativa Liberal precisa de uma presidência e de uma equipa que saiba como fazer chegar o programa às pessoas, que saiba como adequar as propostas à realidade em que nos encontramos e que, tendo coordenado o programa e trabalhado proximamente com os membros, consiga ativamente implantar esta estratégia e conseguir influenciar a vida das pessoas, primeiro localmente e, mais tarde, no governo. Para mim não há dúvidas de que a pessoa capaz de liderar esse percurso é a Carla Castro e a sua equipa.