Não deve haver qualquer dúvida de que a educação é um dos aspetos mais cruciais de uma sociedade, na medida em que molda o futuro de uma nação inteira e dos seus cidadãos. Ao funcionar como um verdadeiro elevador social, a educação formal é um autêntico mecanismo de equidade e justiça, ao não abandonar aqueles que acolhe no seu sistema à sorte ou azar dos seus talentos naturais, ou mesmo ao acaso das suas circunstâncias. Ao fomentar, na maioria das vezes, uma aprendizagem séria e adequada, a educação converte-se realmente na chave que abre novas janelas de oportunidade e constrói um futuro melhor para todos. E é por isso que temos que questionar: o que justifica o desinvestimento constante a que temos assistido?
Esta questão não é feita à toa, porque não se baseia na mera opinião: é, pelo contrário, factual; recordar-se-á, quem não tem memória curta, que nos momentos de crise económico-financeira, a primeira vítima dos cortes orçamentais é sempre a educação e que nos momentos de prosperidade, ou, pelo menos, de crise menos acentuada, nunca se reinveste o que se desinvestiu. A consequência: o progressivo decréscimo da qualidade de ensino, que é facilmente detetável em todos os âmbitos laborais, apesar dos chavões e slogans pomposos que falem da geração melhor preparada de sempre, apenas porque é aquela que mais títulos universitários ostenta. E, estatisticamente, até pode ser, mas esse crescimento de oferta de títulos universitários deve-se, não a uma melhor preparação dos alunos nem a um aumento considerável das suas capacidades, mas a uma corrente de facilitismo que trava as reprovações, que não permite a retenção por faltas e que generalizou a frequência universitária para profissões que até então não a requeriam.
Tudo isto causa um desalento na classe docente que se vê incapaz de dar a volta ao texto e voltar a introduzir uma cultura de exigência que possa realmente melhorar a qualidade de ensino. Os governos com tendências pró-marxistas que temos tido não o permitem: preferem jovens impreparados e incultos que se julgam livres e doutos por terem o canudo na mão (se bem que, em rigor, temos que dizer que pensamos que esta é a vontade de todas as correntes ideológicas pró-ditatoriais). Mas esta é apenas uma hipótese que justifica o desinvestimento e o desinteresse no setor da educação: a outra alternativa é, pensamos, já não acreditarem na educação e nas suas potencialidades presentes e futuras, porque já não veem um futuro para o qual valha a pena ser educado.
É triste e lamentável que assim seja. Negligenciar desta forma o sistema educativo só pode ser capricho ideológico, incompetência ou desejo de destruir o presente e o futuro. Não podemos deixar que o sistema educativo falhe ou seja corrompido: a vida de todos e a vida de uma nação inteira depende disso.