No vasto universo da educação e das figuras educativas de relevo, a figura do professor emerge como uma personagem muitas vezes incompreendida. Inicialmente concebida como uma mera fonte de conhecimentos cuja transmissão é necessária para a manutenção cultural e epistemológica, quem teve bons professores facilmente compreende que um professor é (ou deve ser) muito mais que um papagaio que se limita a transmitir factos de uma forma algo mecânica. E quem já teve o prazer de dar aulas facilmente notará que ser professor é abraçar a responsabilidade de moldar mentes e inspirar paixões, numa tarefa que tem tanto de nobre como de desafiadora e que, como tal, demanda a participação de um indivíduo extraordinário, de alguém que não deve ser qualquer um, porque o professor não pode nunca ser um Homem comum.

Ora, porque muitas vezes, enquanto sociedade, somos incapazes de compreender isto, frequentemente também subestimamos o papel do professor, desvalorizando-o social e profissionalmente, precisamente porque relegamos os professores à posição de meros transmissores de conceitos e fórmulas. Acontece que um professor, ou melhor dizendo, um verdadeiro professor, é aquele que entende que o seu papel e a sua vocação ultrapassam as fronteiras da sala de aula, ainda que sem nunca entrar nos domínios da privacidade e da intimidade dos seus alunos, permeando os corredores da vida dos alunos. E é por isso que qualquer um pode ser professor (porque todos podemos ser incomuns), mas não podemos dar esse papel a um qualquer.

Aquele que se limita a fórmulas e teorias não está realmente a ser professor: está a ser um leitor despreocupado de manuais que julga que a aprendizagem se limita ao ensino e que não gosta de perder tempo com os seus alunos. O professor na verdadeira aceção do termo vai além disso: é aquele que procura oportunidades de impactar e moldar o futuro, num desejo genuíno de ver os seus alunos a prosperar académica, social e moralmente, de forma a que alcancem o seu potencial quase ilimitado. Portanto, um professor deve ser um Homem incomum: um Homem que permite que os sonhos ganhem asas e as ideias floresçam; um Homem com uma verdadeira visão a longo-prazo, que se deve preocupar mais com o futuro dos seus alunos do que com o seu próprio futuro; um Homem que tem um impacto duradouro e permanente na vida dos seus alunos e, consequentemente, na sociedade. Definitivamente, um professor é alguém responsável e dedicado, sábio no sentido socrático e humilde, curioso e desejoso; é alguém que não pode ser comum sob pena de banalizar a educação e a condenar para sempre.

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