No dia 29/10 passou na TVI um debate sobre a educação da ideologia de género nas escolas públicas. Este debate deixou-me revoltado e preocupado. A facilidade como se discute a intenção do Estado se tornar educador, se tornar “pai”, é revoltante.

Sou pai de 4 filhos, 3 raparigas e 1 rapaz. Aos meus filhos ensino que quem nasceu rapariga é rapariga e quem nasceu rapaz é rapaz. Que ser rapariga é diferente de ser rapaz e que isto se materializa não apenas nos órgãos sexuais, mas também no tipo de comportamentos que são próprios de cada um (nesta fase é a brincar que expressam a sua personalidade, a título de exemplo não deixaria o meu filho usar vestidos de “princesa”). Que o facto de serem raparigas ou rapazes é uma realidade da sua substância que não é alterada por outras realidades acidentais, tais como os seus sentimentos ou pensamentos.

A educação dos meus filhos não se limita a isto. A educação dos filhos não é um processo programático composto por módulos, mas sim um processo integral. Ensinar que são raparigas ou rapazes independentemente da sua vontade não é o mesmo que ensinar que podem tratar mal todas as pessoas que pensam de maneira diferente. A base da educação dos meus filhos é a matriz cristã que pressupõe o amor como ponto de partida e de chegada para tudo. Ou seja, tudo o que fizerem na sua vida tem de ser por amor e com amor. Por isso, se algum dos meus filhos tratar mal outro que pensa de forma diferente será recriminado, pois aí não está o amor.

Dito isto, a nenhum dos meus filhos será ensinado que respeitar a visão do outro significa ter de a aceitar como uma realidade alternativa. O outro que acredita que existem géneros, que acredita que a relação homossexual é moralmente igual à relação heterossexual, que acredita que ter relações sexuais antes do matrimónio é bom, deve ser respeitado e amado como pessoa, mas as suas ideias combatidas. E isto sempre fez parte das sociedades livres.

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O problema é quando o Estado, neste caso materializado na escola pública, quer tomar o papel de educador dos meus filhos nestas matérias.

Esta pretensão é um ataque ao meu direito Constitucional de educar os meus filhos. Este direito é pré-existente à Constituição e esta apenas pretende garantir que não é desrespeitado. Por isso qualquer movimento neste sentido é um ataque à Constituição. Para além disso, o Estado que tem como função legislar para um conjunto de indivíduos no abstrato, não pode chamar a si a função de educar no particular. Ou seja, na maior parte dos casos, quem conhece o que é mais conveniente para a formação dos seus filhos são os pais. Eu sei como eles são diferentes, como as suas maturidades são diferentes e como as suas sensibilidades são diferentes. O Estado conhece os meus filhos no abstrato. Não sabe que um deles é tímido e obediente, e que o outro é desafiador e orgulhoso e que por isso precisam de ser tratados de forma distinta. Para o Estado são apenas crianças de uma determinada idade e, por princípio, iguais às restantes.

Assim, a escola pública não pode ser ideológica. O foco da escola pública deve ser a instrução dos alunos. O foco das famílias deve ser a educação dos filhos. Alunos e filhos são conceitos completamente diferentes. O Estado é fundamental para garantir a instrução a todos os alunos, as famílias são fundamentais para garantir a educação dos seus filhos. O amor, a educação para a sexualidade, a visão antropológica da pessoa são valores que devem ser ensinados pela família.

Para demonstrar que estas preocupações não se tratam de excesso de zelo, veja-se a disciplina obrigatória Cidadania e Desenvolvimento que tem na sua componente de Educação para a Sexualidade como referencial um documento redigido pela associação rede ex aequo (denominam-se de jovens LGBTI) que contém extraordinárias sugestões para os professores deste tipo: “Mostre à turma filmes com personagens gays, lésbicas, ou bissexuais seguros de si ou convide pessoas que sejam lésbicas/ gays/ bissexuais assumidos para falarem à turma”; “Prepare uma lista de perguntas do tipo “Quem…” (por exemplo, (…) Quem é que entraria num café para lésbicas? Quem é que iria a uma discoteca gay?”; “Mães e pais não têm influência na orientação sexual dos seus filhos ou filhas (…)”; “Tente integrar nas suas aulas (Matemática, História, Geografia, Literatura, Ciências Sociais, Saúde…) exemplos de vivências homossexuais”; “Conte a seguinte história aos seus alunos: “A Cristina é católica e muito praticante. Simultaneamente, sente-se atraída por mulheres (…) Decidiu então escrever anonimamente para a coluna de Perguntas & Respostas de uma revista: Os meus pais e a Igreja a que pertenço condenam as relações lésbicas. Mas li que, em algumas igrejas protestantes, as lésbicas podem casar. Que devo fazer?”; “O sexo e género são conceitos distintos, distinguindo-se ambos de orientação sexual” etc etc. Infelizmente a lista de exemplos não tem fim. Isto é pura ideologia de género, é propaganda LGBT. Esta associação tem um relatório onde indica ter realizado 315 sessões nas escolas entre Janeiro 2016 e Dezembro de 2018 no âmbito do projeto Educação LGBTI. Estão a usar as nossas escolas e os nossos filhos para disseminar a sua visão do mundo, a sua ideologia e nós não podemos aceitar.

Aproveito para agradecer à Maria Helena Costa e ao Tiago Aragão que tiveram a coragem de enfrentar os defensores da ideologia de género e do papel do Estado num ambiente totalmente adverso. Estamos no meio de uma guerra cultural feroz. Bem hajam pelas lutas que travam em nome dos nossos filhos.