A “taxa rosa” é uma expressão que denuncia a disparidade de preços entre produtos destinados a diferentes géneros, sendo que produtos dirigidos para as mulheres frequentemente têm preços mais elevados relativamente aos seus equivalentes masculinos. Esta prática, que inicialmente pode parecer inofensiva, reforça a existência do problema da desigualdade económica entre géneros.

A “taxa rosa” manifesta-se de várias formas, desde os preços mais elevados em serviços de cuidados pessoais até diferenças subtis nas embalagens de produtos, muitas vezes sem qualquer justificação objetiva nos seus custos de produção.

Esta prática discriminatória tem sido criticada por perpetuar estereótipos de género tal como a ideia de que os produtos femininos devem ser mais esteticamente atraentes e, portanto, mais caros.

Ao cobrar mais por produtos destinados a mulheres, a sociedade está a reforçar a ideia de que as mulheres devem gastar mais para atender às expectativas e estereótipos sociais. Este fenómeno, para além de ser economicamente injusto, perpetua estereótipos que limitam a liberdade, autonomia e tomada de decisão das mulheres.

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Ao focar na vertente económica, ao aumentar os preços de produtos destinados a mulheres, cria-se uma barreira financeira adicional que afeta o acesso a produtos e serviços essenciais. Em muitos casos, as mulheres desempenham um papel significativo nas decisões de compra familiares, o que torna essas disparidades de preços reflexivas nas próprias finanças familiares.

Além disso, não se pode dissociar da realidade desigual da própria disparidade salarial entre géneros, na qual as mulheres, frequentemente, ganham menos do que os homens pelo mesmo trabalho.

Geralmente, o argumento empresarial baseia-se na suposta diferença ao nível dos custos de produção, contudo, estudos internacionais revelam que, na maioria dos casos, essa justificação não é verídica, uma vez que produtos que são essencialmente idênticos em termos de funcionalidade e qualidade, muitas vezes diferem apenas na embalagem ou na cor, sem justificação lógica para a discrepância de preço.

Concluindo, a “taxa rosa” não é apenas uma questão de preços, bem como um reflexo de desigualdades profundamente enraizadas na sociedade. Criticar e abordar essa disparidade é tanto uma questão de justiça económica como uma luta pela igualdade de género, partindo de uma base na qual a sociedade deve ter noção de que as mulheres são, assim, duplamente penalizadas economicamente.