Uma pessoa que ganhe 1.200€ líquidos por mês, ganha 54€ por dia. Se for comer o pequeno-almoço no Saldanha gasta 4,30€ por um galão e um croissant misto, e se for “atrevido” e beber uma Água das Pedras depois do almoço, gasta mais de 10% do seu rendimento diário. Digam-me vocês, mas parece-me que comer o pequeno-almoço fora de casa não seria um luxo há 5 ou 6 anos atrás. Agora parece que o é, e achamos isso normal.

O cidadão comum está sempre a pagar a subida dos custos operacionais, é mais fácil aumentar o valor dos produtos do que aumentar a eficiência operacional, porque esta última leva mais tempo e muitos empresários nem sabem como prestar o mesmo nível de serviço mas diminuindo os custos. Chegámos ao ridículo de limitar bastante o nosso estilo de vida como se estivessemos imigrados no nosso próprio país. Pessoas com 1, 5 ou 10 anos de experiência profissional estão a passar por dificuldades, sentem um peso crescente sobre os ombros porque não conseguem viver com liberdade financeira para comprar uma casa, por exemplo.

Estas pessoas estão “entregues”, por um lado, à lei da procura e da oferta dos mercados, e, por outro lado, à máquina estatal de impostos e mais impostos. Vivem numa ansiedade crescente porque lhes foge das mãos a sensação de segurança financeira que podiam sentir há um tempo atrás. As pessoas trabalham horas e horas por aumentos salariais que tardam em acontecer, e, quando acontecem, ficam desapontandas porque o valor líquido adicional é marginal. Os liberais dirão “arrisca, investe no próprio negócio porque trabalhas muito e ganhas pouco por causa dos impostos”, os socialistas/comunistas dirão “reivindica, trabalhas muito e ganhas pouco porque os empresários querem maximizar os lucros”.

E o cidadão comum, que está algo distante das lutas ideológicas, o que deve fazer? Certamente comer o pequeno-almoço em casa não lhe resolve o problema de fundo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR