O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, João Almeida, disse esta segunda-feira não haver alternativa à pesca da sardinha para as embarcações do cerco e exortou o secretário de Estado do Mar a ouvir os pescadores.

O secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, lembrou, domingo, aos pescadores, em entrevista à agência Lusa, que existem outros peixes no mar para além da sardinha, salientando que os barcos que continuaram a pescar arranjaram alternativas para manter uma atividade económica sustentável. Em declarações hoje à agência Lusa, João Almeida, do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, disse não haver alternativa à sardinha para as embarcações do cerco, mesmo a cavala ou o carapau.

“Outras espécies não são sustentáveis para a pesca do cerco. As embarcações do cerco sempre pescaram sardinha, representa 80 ou 90%% das suas capturas, o que é um valor muito considerável”, salientou. João Almeida chamou também a atenção para as dificuldades vividas no setor e realçou a “situação difícil” em que vivem os pescadores. “Não há preocupação com os pescadores. Esta interdição foi imposta sem qualquer tipo de apoio aos pescadores, como aconteceu em setembro do ano passado. Neste momento, os pescadores não têm qualquer tipo de rendimento, nem como viver”, vincou.

O sindicalista salientou que a arte do cerco está a ser posta em causa, porque fica parada oito a nove meses por ano. “Afeta a economia que gira à volta desta pesca, como a lota, os trabalhadores de terra, tudo o que gira em torno dos portos de pesca, que neste momento estão parados porque não há frota de cerco”, argumentou.

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Das 207 embarcações licenciadas para a pesca de cerco afetadas pela suspensão temporária de pesca da sardinha, decidida no ano passado pelo Governo, cerca de metade (94) continuaram a pescar. A gestão da pesca da sardinha em Portugal é feita em gestão partilhada com a Comissão de Acompanhamento da Sardinha, que integra pescadores, indústria de conservas e administração pública.

A Comissão de Acompanhamento da Sardinha decidiu, em 2011, em função da escassez do peixe, aprovar um plano de gestão de quatro anos (entre 2014-2015) e a adoção de um defeso biológico, fixado em 2015 em 60 dias.

Em declarações à Lusa, João Almeida defendeu que o Governo tem de ouvir todas as partes interessadas.

“Os pescadores não são ouvidos. A comissão que gere a pesca da sardinha foi criada pelo ministério. Os grandes armadores do cerco são ouvidos, mas os pescadores estão a ser postos de parte”, considerou.