António Costa admitiu que não se expressou bem ao dizer que o país estava melhor agora do que anteriormente, mas argumentou que “perante estrangeiros” defenderá “sempre” Portugal. O líder do PS afirma que o Governo tem insistido “numa estratégia de empobrecimento” e voltou a prometer a reposição de salários, pensões e a taxa do IVA nos 13%. Sobre as restantes promessas, Costa diz que apresentará programa a 6 de junho e que fazê-lo agora, seria “pôr o carro à frente dos bois”.

Em entrevista à RTP na sede do PS, o secretário-geral do partido declarou ainda que tem uma “reação quase visceral” aos casos como os que envolveram o primeiro-ministro na semana passada, quando foi divulgado que as suas dívidas à Segurança Social tinham sido pagas com vários anos de atraso. “Há coisas em que o juízo dos políticos acrescenta pouco, acrescenta o juízo do próprio e o julgamento dos cidadãos”, disse Costa, que acusou Passos Coelho de ser “indulgente” consigo próprio, mas intransigente para o resto dos portugueses.

“O caso está bem entregue, está entregue nas mãos dos portugueses”, afirmou António Costa.

Sobre o caso Sócrates, Costa diz que o PS respeita “a separação de poderes, o funcionamento do sistema de Justiça e a a garantia de presunção de inocência”, reforçando que como “camarada e amigo” deseja o melhor ao antigo primeiro-ministro. “O PS reagiu de forma exemplar”, alega Costa.

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Quanto à apresentação de medidas, António Costa terá antecipado o lançamento do seu programa de Governo, já que há um mês dissera aos presidentes das federações socialistas que esse momento seria numa convenção do partido a 20 de junho. Esta quarta-feira, Costa assumiu que o lançamento será a 6 de junho e que até ao fim de março apresentará um estudo que está a ser elaborada por vários economistas sobre o cenário macroeconómico para os próximos quatro anos. A apresentação antecipada destas medidas seria, segundo o líder socialista, uma forma de “discutir o programa do PS em vez de discutir as medidas do Governo”.

O desempenho do PS nas sondagens também foi questionado e o líder do PS defende que o partido está a fazer o seu caminho e que a direita estagnou nos inquéritos de opinião. “Não vamos pôr o carro à frente dos bois. Não vamos fazer promessas que não podemos cumprir. Nós estamos a fazer o nosso caminho com tranquilidade, este é o caminho certo”, explicou.

Grécia, Europa e a posição incompreensível de Portugal

António Costa antevê que mudanças nos Governos europeus, como poderá acontecer em Portugal podem mudar o “xadrez político” na Europa. O líder socialista considera que “o fim da comissão Barroso veio por fim ao mito de que não era preciso investimento” e que é preciso que perante esta nova atitude de Juncker, os países têm de se bater por “uma mudança mais consistente”.

Sobre isto, Costa comentou a atitude do Governo de Passos Coelho em relação à Grécia.”A atitude do Governo é incompreensível […] Em vez do governo português ter, com inteligência, tentado beneficiar a economia portuguesa, o grande objetivo foi martirizar ainda mais a situação dos gregos”, afirmou Costa que defende agora que o Syriza está numa situação complicada por ter apostado tudo na renegociação da dívida e não ter conseguido esse objetivo. Esclarecendo a sua posição sobre a vitória do Syriza, Costa diz que manifestou grande satisfação devido ao facto de os gregos terem defendido a democracia.

António Costa diz agora estar preocupado com os embates entre os Estados-membros, estando os gregos de um lado e os alemães do outro. “Todos os Estaods-membros são iguais e é inaceitável que tentem tratar a Grécia de forma diferente. […] A Europa está a matar-se”, avisou António Costa.