Imagine uma garrafa de champanhe. Agora imagine uma cerveja. Se acha que uma acompanha o fim de ano e outra acompanha tremoços, a sua opinião está prestes a mudar. Uma família luso-belga com passado em hotelaria e cozinha, e uma veia empreendedora, juntou-se à La Binchoise, uma cervejeira artesanal que tem um dos melhores mestres cervejeiros belgas, e juntos criaram a Golden Queen Bee, uma cerveja que é literalmente o pólen dos deuses.

A ideia surgiu como resposta à pergunta: se gosta de cerveja, porquê festejar com champanhe? Sílvio Lemaître de Freitas, fundador da Aurum Drinks, inspirou-se no seu percurso de partilha de conhecimentos com vários chefes de cozinha detentores de estrelas Michelin, no facto de estudar em Bruxelas e na “frequente confrontação” com a cerveja belga, que é tida como um orgulho nacional, e lançou-se na criação desta cerveja concebida para o mercado de luxo.

Questionado pelo Observador sobre o porquê da cerveja não ser feita em Portugal, o luso-belga foi peremptório: “Se queres fazer vinho Madeira tens de estar na Madeira. Se queres fazer a melhor cerveja do mundo, tens de estar na Bélgica.”

O processo de fabrico da chamada Rainha das Cervejas é longo e demorado. O mentor do líquido dourado revelou ao Observador que a bebida passa por dez etapas: “Começa com uma mistura de malte e água, essencialmente, passa por fases de filtração, ebulição — é nesta fase que o mel é adicionado –arrefecimento e clarificação.” A fermentação é feita com adição de leveduras, a uma temperatura relativamente elevada, daí que se trate de uma cerveja de fermentação alta. Após um período de maturação, a cerveja é engarrafada em garrafas de 75 centilitros – não há minis – e só depois se acrescentam os 24 quilates de ouro, o grau máximo de pureza do ouro alimentar.

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A maior parte deste processo é feito manualmente, recorrendo a artesãos específicos. Ainda antes de serem vendidas, as garrafas passam por uma fase de polimento manual e são rotuladas e adornadas com papel de alumínio em torno do gargalo, tal e qual uma garrafa de champanhe.

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A cada 150 garrafas, uma é aberta para aferir da qualidade do produto.

Mas esta não é a única semelhança com a bebida francesa. O sabor ligeiramente adocicado, a espuma consistente e regular, o gás persistente e o “barulho” que a rolha faz ao sair, torna estas bebidas parentes próximos.

Se está a questionar o porquê da combinação mel e ouro, a justificação é simples: “o mel porque confere um sabor característico à cerveja, tornando-a mais ligeira. O ouro porque contribui para o apelo visual do produto, além de ser uma adição ‘exclusiva’”, diz Sílvio Lemaître de Freitas. De salientar que as finas lâminas de ouro em nada alteram o sabor da cerveja.

A Golden Queen Bee é vendida na Holanda, na Bélgica, no Reino Unido, na Austrália, no Luxemburgo, no Vietname, na Rússia, no Japão e no Brasil (sendo este o maior mercado), a um preço que varia entre os 45 e os 70 euros. Até ao fim do ano espera-se que chegue ao mercado norte-americano, chinês e macaense.

Portugal ainda não consta desta lista, mas os contactos já existem, até porque o objetivo da empresa é “disponibilizar a Golden Queen Bee em todos os mercados internacionais”, sem com isso “sacrificar a excelência do produto em virtude de mais volume”.

Sílvio de Freitas ressalva que esta bebida, “apesar de herdar a qualidade e a tradição desenvolvidas durante mais de 150 anos, não deixa de ser uma cerveja do século XXI, onde podemos encontrar a autenticidade, mas também a inovação e a exclusividade exigidas pelo mercado atual”. Defendendo que esta é a “cerveja ideal para todos os momentos de celebração, seja em casa com os amigos e familiares, seja nos restaurantes, bares ou discotecas de mais requinte”.

Ou seja, esta não é uma cerveja para acompanhar um jogo de futebol, mas é, certamente, uma cerveja para festejar um campeonato. Numa flûte, é claro.