Já não acontecia desde julho do ano passado, pelo menos que se soubesse: a presença de militares norte-americanos na Líbia. Vinte soldados das Forças de Operações Especiais dos EUA terão chegado ao território na segunda-feira e isto apenas se soube porque a Força Aérea líbia, nesse dia, publicou várias imagens na sua página oficial de Facebook, mostrando os alegados militares norte-americanos, munidos com metralhadoras.
Não se sabe se a presença dos soldados chegou a ser autorizada pelas autoridades líbias, nem se eles, entretanto, já abandonaram o país, escreve esta sexta-feira o The Guardian. Os militares aterraram na base aérea de Wattiya, localizada a quase 160 quilómetros de Tripoli, capital do país.
Os militares chegaram “preparados para combater, com coletes à prova de bala e armas avançadas”, leu-se nas publicações feitas pela Força Aérea líbia. Esta informação fez com que alguns responsáveis do exército dos EUA já confirmassem a presença, nos últimos tempos, de militares no país onde, em 2011, os norte-americanos intervieram para ajuda a depor Muammar Kadafi. “[Os soldados] têm entrado e saído da Líbia já há algum tempo”, reconheceu um oficial do exército, não identificado, à NBC News.
A presença dos soldados norte-americanos em Wattiya pode ter consequências, suspeitou o jornal britânico. Isto porque, na quinta-feira, chegou-se por fim a um acordo político para formar um governo de unidade nacional que termine a guerra civil em que a Líbia está mergulhada desde 2011. Há quatro anos que o país assiste a conflitos armados entre uma coligação rebelde, sediada em Tripoli, e um governo provisório, baseado em Tobruk. E a base aérea de Wattiya é utilizada pelas forças do governo.
O acordo assinado na quinta-feira na Líbia prevê que os rebeldes e o governo trabalhem, em conjunto, para redigirem uma nova Constituição para o país, que a população votará depois num referendo. O plano é que tudo isto dê a base para, no prazo de um ano, serem agendadas eleições legislativas.