Já não se pensa noutra coisa em Espanha. Com a data limite para a formação de governo a aproximar-se, os partidos já se posicionam para as mais do que prováveis eleições. Esta quarta-feira, o Podemos assumiu implicitamente que as negociações para uma solução governativa não vão dar resultado. No partido de Pablo Iglesias já se assume que, quando houver nova chamada às urnas, o Podemos vai coligar-se com a Izquierda Unida — partido que, em dezembro, só conseguiu eleger dois deputados.

As negociações formais entre os dois partidos ainda não começaram, até porque só a 3 de maio se saberá com certeza se há eleições ou não, mas no Podemos há consenso sobre o acordo, escrevem a agência Efe e o El País. Até as fações do partido mais críticas da liderança de Pablo Iglesias — como a encabeçada pelo secretário político, Iñigo Errejón — concordam que a aliança com a Izquierda Unida pode ajudar o Podemos a alcançar melhores resultados eleitorais.

Quatro meses depois das eleições legislativas (foram precisamente a 20 de dezembro de 2015), o Podemos afundou nas sondagens e algumas até já colocam o Ciudadanos à frente nas intenções de voto. Em contrapartida, a Izquierda Unida tem vindo a subir. Nas urnas obteve 3,7% de votos, agora as sondagens dão-lhe perto de 8%. Além disso, enquanto a popularidade de Pablo Iglesias junto dos espanhóis tem vindo a cair a pique, a de Alberto Garzón (líder da Izquierda Unida) tem aumentado.

Por esse motivo, e apesar de ambos os partidos admitirem que a coligação é natural, a Izquierda Unida tem trunfos para conseguir um acordo mais favorável do que à partida seria expectável. De acordo com o El País, Pablo Iglesias é mais favorável a uma espécie de fusão entre os dois partidos, mas nem Alberto Garzón nem o grupo de Iñigo Errejón estão interessados nisso. Garzón quer manter a Izquierda Unida como um partido independente para poder receber subvenções estatais e ter direitos de antena próprios, por exemplo. Iñigo não quer a identidade do Podemos confundida com a do partido de Garzón.

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