Os produtores de leite da Leicarcoop querem ser recebidos “com urgência” pelo ministro da Agricultura para alertarem para a “situação de emergência” vivida devido à queda do preço do leite e “erros de gestão” na cooperativa.

Em comunicado, a comissão de gestão em funções na cooperativa sediada em S. Pedro de Rates, na Póvoa de Varzim, diz pretender também “dar a conhecer a verdadeira dimensão do problema” à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e às câmaras municipais do Entre-Douro-e-Minho, “no sentido de delinear um plano estratégico e encontrar soluções para a Leicarcoop e para o setor na região”.

Segundo explica, dado o agravamento da situação vivida pelos produtores no último ano devido à “queda do preço do leite, erros de gestão [na Leicarcoop] e atraso de três meses do pagamento”, decorreu a 11 de julho uma assembleia-geral extraordinária da cooperativa que culminou na demissão da direção e na constituição de uma comissão de gestão.

“A nova equipa em funções deparou-se com graves dificuldades financeiras, elevadas dívidas, bem como um pedido de Processo Especial de Revitalização [PER], o que traduz a dificuldade da anterior direção em encontrar um novo rumo e estratégia para a Leicarcoop”, lê-se no comunicado emitido pela comissão de gestão.

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Salientando ter já retomado “relações comerciais com antigos parceiros” e renegociado preços de leite e prazos de pagamento, a comissão de gestão diz também ter já assegurado “uma antecipação de fluxo financeiro para os produtores, possibilitando que pagamentos semanais resolvam problemas prementes e urgentes”.

Contudo, refere, “nos últimos dias a anterior direção deu entrada de vários procedimentos cautelares em tribunal no sentido de impedir que a comissão em gestão possa tomar decisões”, tendo-se gerado uma situação que “é uma questão de emergência social e colapso do setor na região”.

“Não há dinheiro para pagar a fornecedores de fatores de produção, eletricidade e Segurança Social, encerrando explorações de forma consecutiva, criando desemprego e falências das empresas e das famílias, num quadro de dificuldade económica gritante”, sustenta a comissão de gestão.

“Em causa”, alerta, estão 60 explorações agrícolas das quais depende “a sobrevivência de centenas de pessoas, entre familiares e funcionários dos produtores de leite”.