A última edição da revista Española de Defensa, editada pelo ministério da Defesa espanhol, publicou um artigo em forma de apelo, com o objetivo de chamar a atenção das empresas para a contratação dos soldados que já se retiraram das Forças Armadas. “Contrata um herói do Afeganistão”, assim se chama o artigo escrito pelo Coronel de Infantaria Juan Antonio Casado, que dá destaque às qualidades e ao trabalho dos soldados que passaram pelo exército e que agora estão fora de funções, dá conta o El Español.

“Para as empresas é um orgulho contratar estes militares que deram tudo de si para cumprir as missões que lhes foram confiadas, enfrentando todo o tipo de perigos e em qualquer lugar do mundo para preservar os interesses do seu país. Eles já viram a morte, os seus companheiros mutilados ou feridos, comeram o que conseguiram quando a missão assim o exigiu, já dormiram sobre chão duro e experimentaram sensações únicas que transportam agora na mochila da sua consciência”, pode ler-se no último número da revista Española de Defensa.

Os ingressos para o exército e para a marinha ocorrem entre os 18 e os 29 anos, mas a carreira destes soldados é curta. Logo a partir dos 45 anos têm a vida dificultada, altura em que passam para a reserva militar – são apenas convocados em caso de guerra ou situação urgente -, o que, apesar de receberem um subsídio, acaba por se equiparar ao desemprego. Surge depois a dificuldade de voltar a procurar um novo emprego e de encarar uma nova experiência laboral.

“Os soldados serviram o Afeganistão num inverno com 30 graus abaixo de zero, o Iraque num verão com 50 graus e chegaram a tomar comprimidos diários que os protegiam contra o paludismo no Mali que, consequentemente, reduziam as suas faculdades: alguns têm-se preparado para enfrentar os novos desafios da vida civil, outros nem tanto, mas em função da sua preparação, as empresas devem estar preparadas para recebê-los, ajudá-los e formá-los se assim for necessário”, escreve ainda Juan Antonio Casado.

Dados apresentados em congresso de deputados, e citados pelo El Español, revelam que cerca de 59 mil soldados do exército e da marinha encontram-se em “situação urgente”, devido aos seus contratos de longa duração estarem em risco de expirar. Apesar do exército oferecer vagas de trabalho em diversos postos – 65 vagas como praças, 737 como suboficiais e ainda vagas para aceder a lugares na Guarda Civil e Polícia Nacional – os números demonstram ser insuficientes para todos os soldados, pelo que surge a necessidade de procurarem emprego no setor privado.

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