A Volkswagen decidiu refrescar o seu modelo mais popular, dotando-o com novos argumentos para continuar a cativar clientes e permanecer na liderança entre os modelos mais vendidos na Europa. E, entre as novidades, há mais motivos de interesse por dentro do que por fora, nesta que continua a ser considerada a sétima geração do Golf.

Estética com ligeiros retoques

Quando a nova versão do modelo alemão chegar ao nosso país, dentro de um mês, não vai ser fácil distingui-lo do Golf que ainda está à venda, pois além dos faróis por LED em algumas versões, as diferenças limitam-se aos novos e mais volumosos pára-choques, à frente e atrás, além de jantes de novos desenhos e farolins, também por LED, na retaguarda.

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Fiel ao princípio de “em equipa que ganha não se mexe”, a Volkswagen optou por não operar grandes alterações naquilo que já agradava aos clientes, preferindo introduzir um número restrito de retoques destinados a distinguir este que já conhecido como o Golf 7.1.

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Para começar, um motor já conhecido

Numa época em que todos os clientes parecem querer motores que dão mais potência a troco de uma menor quantidade de combustível, o construtor alemão decidiu agradar a gregos e a troianos, de uma assentada. O novo Golf vai começar por oferecer o 1.0 TSI de 110 cv como o motor mais acessível da gama, uma unidade turbo a gasolina que não sofre alterações, mas que continua a debitar uma potência que lhe permite chegar aos 196 km/h e passar pelos 100 km/h ao fim de apenas 9,9 segundos, anunciando um consumo médio de 4,8 litros aos 100 km.

Se o motor não é novidade, já o facto de poder estar acoplado à nova caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades é (proposta por 1.700€), sendo uma agradável alternativa à caixa manual de seis relações, tanto mais que a nova DSG é mais leve, reduz o consumo em 0,3 litros e é mais rápida, uma vez que as embraiagens são agora a seco, em vez das anteriores banhadas a óleo. E o preço desta versão de acesso promete ser uma surpresa. Mas disso falaremos mais à frente.

Motor 1.6 TDI ganha 5 cv

O motor mais requisitado no nosso país é o turbodiesel 1.6 TDI, que agora surge na sua versão mais recente, passando a debitar 115 cv, ou seja mais 5 cv do que anteriormente. A diferença não é grande, tal como acontece com a variação nas prestações, o que não impede o modelo de anunciar 198 km/h e um consumo de apenas 4,1 litros.

Se o ganho de potência se agradece, já a permanência da caixa manual de cinco velocidades ninguém vai aplaudir, uma vez que não ajuda nos consumos nem na rumorosidade. A isto, os técnicos da Volkswagen respondem que “esta motorização é importante para um número reduzido de países, mas não se justifica a inclusão de uma caixa de seis relações”.

Um novo 1.5 TSI

A principal novidade mecânica do novo Golf prende-se com a estreia do novo motor 1.5 a gasolina, uma unidade sobrealimentada que deriva do 1.4 TSI, cujo curso foi incrementado para optimizar a turbulência no interior da câmara de combustão e, como ela, a queima da gasolina. De caminho, optimizou-se a capacidade do motor para o colocar mais de acordo com um escalão fiscal chinês, pois é até aos 1500 cc que os motores pagam menos taxas no país que já é o maior mercado do mundo.

Mas o interesse do 1.5 TSI vai muito para além das curiosidades associadas à sua cilindrada. É que motores 1.5 há dois, um mais normal com 150 cv e outro muito mais sofisticado com 130 cv. Confuso pelo facto de a unidade mais complexa fornecer menos potência? A razão tem a ver com a vontade de limitar o consumo e as emissões.

O 1.5 TSI de 150 cv, que tivemos oportunidade de conduzir, debita uma potência interessante, mas isto não é tudo, pois foi concebido para ter força numa faixa de utilização tão larga quanto possível, assegurando uma condução rápida, ou não atingisse 216 km/h, mas simultaneamente relaxada, fruto de fornecer a máxima força (250 Nm) entre as 1.500 e as 3.500 rpm.

Mas os truques desta versão não se ficam por uma resposta pronta ao acelerador, uma vez que, sempre que não se necessita de muita potência, o motor de quatro cilindros anula dois deles para poupar combustível, regressando ao activo assim que se pressiona um pouco mais o acelerador. Experimentámos manter uma velocidade de 90 km/h num estrada secundária, com ligeiros declives e o motor continuou com apenas dois dos cilindros a funcionar – tecnologia que a marca apelida de cylinder on demand. E mesmo quando elevámos a fasquia para os 120-140 km/h, circulámos com informação “2 cylinder” no painel de instrumentos, recordando-nos que estávamos a utilizar apenas meio motor, pois sem esta informação é virtualmente impossível dar pela alteração. Enquanto isto, conseguíamos consumos reais de 5,7 litros, ligeiramente acima dos 4,9 reivindicados pelo fabricante, mas ainda assim um bom valor.

Uma mecânica surpreendente

Mais interessante ainda promete ser o 1.5 TSI de 130 cv, que estará disponível no nosso país a partir de Junho. Essencialmente o mesmo motor, mas com um conjunto reforçado de truques para optimizar o funcionamento, esta unidade começa por utilizar um turbocompressor variável, recorrendo a uma tecnologia que, até aqui, era específica do Porsche 911 Turbo. Em vez da wastegate a regular a pressão do turbo, este motor faz alterar o ângulo das alhetas que dirigem o ar para a turbina, optimizando o rendimento para as baixas rotações, para no instante seguinte realizar a mesma operação para os altos regimes, o que assegura o melhor dos dois mundos.

Além do turbo variável, o 1.5 TSI de 130 cv conta com o cylinder on demand, mas complementa esta tecnologia com uma outra, que é conhecida como “andar à vela” e que consiste em desligar o motor sempre que se retira o pé do acelerador. Mais uma vez, reduzindo o consumo e as emissões. É claro que para isto ser realizado sem riscos para o condutor, a Volkswagen teve de montar uma segunda bateria (igualmente de 12 V, mas mais pequena e de iões de lítio) e um sistema para fornecer energia à assistência à travagem e à direcção enquanto o motor está parado.

E os motores mais potentes?

As motorizações mais desportivas não foram esquecidas, com o GTI de 220 cv a passar a fornecer 230 cv e o GTI Performance – o único que vamos ter em Portugal, a partir de Maio – a debitar agora 245 cv (mais 15 que anteriormente). A versão R, a mais possante ao serviço do Golf, passará a debitar 310 cv, um dos melhores valores do segmento.

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Para os amantes dos turbodiesel com músculo, continua a estar disponível o GTD, com motor 2.0 TDI de 184 cv, que alia 219 km/h de velocidade máxima com a possibilidade de atingir 100 km/h ao fim de apenas 7,8 segundos. E tudo isto com um consumo médio de 5,2 litros.

Lá dentro, o gesto é tudo

Uma vez sentado ao volante, é evidente que não houve alterações no espaço e muito menos nos materiais, que continuam a ser a referência do segmento. As novidades mais evidentes estão a cargo do Active Info Display, ou o painel de instrumentos digital, similar ao do Passat e que transforma as 12” em frente aos olhos do condutor numa área onde pode aparecer de tudo, desde o sistema de navegação às opções multimédia, passando pelos dados da viagem. E, claro está, no painel também aparece aquilo que é prioritário, ou seja, a rotação do motor e a velocidade a que circulamos, que surgem em dois mostradores circulares que mudam de dimensão à medida do programa de condução que utilizamos, entre o mais desportivo ou o mais confortável.

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Igualmente novo é o ecrã no topo de consola, que agora possui 8” na versão mais simples (discover media) e 9,5” na mais complexa (discover pro). Ambos os ecrãs são tácteis e oferecem as últimas soluções de entretenimento e associação a smartphones, sejam eles Android ou IOS. Mas o mais curioso é que permitem controlar uma série de funções através do movimento da mão próximo do ecrã, uma tecnologia estreada recentemente nas Série 7 e 5 da BMW. Só que a Volkswagen utiliza um sistema mais simples (com sensores de infravermelhos colocados na zona inferior do painel em vez da câmara de vídeo da BMW), que continua a permitir controlar o sistema sem desviar a atenção da estrada. De seleccionar a estação de rádio preferida a escolher os ecrãs do menu, tudo é possível com apenas um gesto.

Quando chega e por quanto?

O novo Golf, em versão de três portas, cinco portas e carrinha Variant, chega a Portugal na segunda semana de Março, sendo a versão mais competitiva a que surge equipada com o motor 1.0 TSI de 110 cv a gasolina, que, apesar de um preço ligeiramente superior a 24 mil euros, será proposta, nesta fase de lançamento, por 22.900€.

Em Março está igualmente disponível o 1.5 TSI de 150 cv, com a versão de 130 cv a chegar três meses mais tarde. As versões GTI Performance de 245 cv, GTD de 184 cv e 1.6 TDI de 115 cv estarão igualmente à disposição dos clientes a partir de meados de Março.

O Golf Variant (que passa a usufruir da garantia de cinco anos, até agora reservada apenas para a berlina) vai ser disponibilizado inicialmente exclusivamente com motores turbodiesel, o mesmo acontecendo com a versão mais radical Alltrack, que arranca com o 2.0 TDI de 150 cv em Março e é reforçada com o GTD de 184 cv em Maio.

Golf 1.0 TSI 110 cv Trendline Pack 22.900€
Golf 1.6 TDI 115 cv Trendline 27.300€
Golf 1.6 TDI 115 cv Comfortline 29.300€
Golf 1.5 TSI 150 cv Comfortline 29.000€
Golf GTI Performance 245 cv 50.700€
Golf R 310 cv 56.700€
Golf GTD 184 cv 47.000€
Versão Variant +1200€

E são mais caros do que anteriormente? Sim, mas pouco. Incluindo mais equipamento e, em alguns dos casos, mais potência, o Golf vai ser proposto ligeiramente acima dos preços anteriores ao restyling, com a versão Trendline a exigir mais 100€ e a Comfortline mais 300€, enquanto a Highline é proposta por mais 500€.