Depois de um almoço com Ferro Rodrigues, foi a vez de Assunção Cristas. A presidente do CDS esteve cerca de uma hora reunida com o Presidente da República para se queixar “a viva voz” das “restrições inadmissíveis” que o CDS tem sido alvo nos trabalhos parlamentares. No final, Cristas disse apenas que conversaram, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu atentamente, e agora o CDS confia que “fará o melhor uso da informação”.

Mas que consequências espera o CDS desta audiência? Não disse. “Quisemos deixar o registo do que nos preocupa”, disse apenas.

“O CDS quis manifestar a sua preocupação em relação ao funcionamento do Parlamento, pelas restrições inadmissíveis dos direitos da oposição e pela opressão da maioria das esquerdas unidas”, disse Assunção Cristas à saída da audiência em Belém, acompanha do líder parlamentar Nuno Magalhães. Além dos “obstáculos” e “bloqueios” de que o CDS tem sido alvo nomeadamente nos trabalhos parlamentares da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, Cristas disse ainda que falou com Marcelo sobre outras questões de política nacional, da agenda do CDS e da “agenda autárquica”.

Questionada sobre o seguimento das queixas feitas pelo CDS à mais alta figura do Estado, Cristas limitou-se a dizer que Marcelo “ouviu atentamente” a sua preocupação e “fará o melhor uso da informação”. “Nós temos sido claros no que têm sido as restrições inadmissíveis do normal funcionamento do Parlamento, mas era importante dizê-lo de viva voz”, vincou.

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Sobre a nova comissão de inquérito às condições negociadas entre o Governo e a então administração da Caixa Geral de Depósitos, cuja proposta de objeto foi anunciada hoje pelo PSD e CDS, Assunção Cristas limitou-se a lembrar que se trata de uma comissão potestativa, pelo que a sua constituição do inquérito é um “direito que cabe ao PSD e ao CDS”. Antes da líder do CDS, Marcelo tinha falado com Ferro Rodrigues e, à saída, o presidente da Assembleia da República disse mesmo que, à partida, não via “problemas” na constitucionalidade da nova comissão de inquérito.

Ferro aceita novo inquérito à Caixa

Por isso Assunção Cristas mostrou-se convicta de que o CDS vai poder fazer na nova comissão de inquérito aquilo que não pôde fazer na anterior. “A comissão de inquérito só tem lugar porque o trabalho do CDS foi bloqueado na outra comissão”, disse Cristas. E questionada sobre o desconforto que possa ter sentido quando se soube que o Presidente da República ia almoçar com Ferro Rodrigues (que era um dos alvos da queixa do CDS) imediatamente antes de receber a delegação do CDS, Cristas recusou a ideia. “De forma alguma [me senti desconfortável]. Não me compete comentar os convites da almoço nem as opções de agenda do Presidente da República”, disse.