Enquanto um pouco por toda a Venezuela decorriam manifestações (como a de Barquisimeto, onde duas pessoas perderam a vida) contra Nicolás Maduro, o presidente do país viajou até Cuba para participar numa reunião do conselho político da Aliança Bolivariana para os Povos da América. Mas voltaria. E voltaria para, em San Félix, no estado de Bolívar, discursar nas comemorações da Batalha de San Félix — que em 1817 libertou a região de Guayana do jugo colonialista espanhol.

Nada decorreu como Maduro esperaria. E o presidente esperaria que o discurso e, antes, o cortejo decorressem serenos — ou não tivesse sido sempre a cidade de San Félix um bastião do chavismo. Mas serenidade foi tudo quanto não se viu. O cortejo estava a ser transmitido pela televisão estatal até que a emissão foi abruptamente interrompida. Ainda assim, percebia-se que algo não correra bem. Uma perceção que se tornou certeza quando as imagens do local gravadas com smartphone mostraram que Nicolás Maduro foi agredido com arremesso de ovos e outros objetos, enquanto se escutavam palavras de ordem: “Maldito!… Maldito…”

O carro descapotável onde Maduro seguia acelerou prontamente por entre a multidão, enquanto a segurança tentava a todo o custo, saltando para o interior do carro, envolver e proteger o presidente. Cinco pessoas foram detidas.

Mas esta não é a primeira vez que Maduro é surpreendido numa manifestação. Em setembro, na cidade de Villa Rosa, estado de Nueva Esparta, o presidente venezuelano foi, tal como em San Félix, rodeado por manifestantes de um momento para o outro. Porém, são poucas as imagens desse dia. A polícia trataria, pouco depois, de exigir que os manifestantes apagassem as gravações. O diretor do site Reporte Confidencial, Braulio Jatar, e quase sete meses depois, continua preso por ter autorizado a transmissão de algumas das imagens recolhidas pelos manifestantes anti-Maduro.

Esta quinta-feira santa há nova manifestação agendada para Caracas. A oposição, que continua a exigir ao Conselho Nacional Eleitoral a convocação de eleições gerais no país, vê nesta uma antecâmara para a “mãe de todas as manifestações”, agendada para 19 de abril.

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