A oposição venezuelana anunciou para esta quinta-feira uma manifestação de apoio à procuradora-geral, Luísa Ortega Dias, ameaçada por ter criticado o poder do Presidente Nicólas Maduro.

No âmbito da marcha, os manifestantes vão tentar chegar ao Ministério Público, no centro de Caracas, disse na quarta-feira em conferência de imprensa o deputado Simon Calzadilla, em nome da Mesa da União Democrática (MUD), a coligação da oposição.

Até à data, sempre que as manifestações da oposição tentaram entrar no centro da capital, foram bloqueados pelas forças de segurança. Nas últimas semanas, Ortega afirmou-se como uma voz dissidente no campo chavista (do nome do falecido Presidente Hugo Chavez (1999-2003).

Antes considerada uma fiel do poder, é agora vista pelos chavistas como uma “traidora” depois de ter multiplicado as críticas, nomeadamente contra o projeto de assembleia constituinte de Maduro.

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Ortega Dias fez frente a duas instituições de peso: O Supremo Tribunal de Justiça (STJ), acusado pela oposição de servir os interesses do Presidente, e o exército, que dá o seu apoio inconstitucional a Maduro.

O Supremo Tribunal autorizou na terça-feira a abertura de procedimentos contra Ortega por “falhas graves”. A oposição anunciou que vai apoiar Ortega e que vai exigir a abertura de uma investigação contra o ministro do Interior, o general Nestor Reverol, por “crimes contra a humanidade”, alegando terem sido cometidos por militares e polícias durante as manifestações anti-Maduro.

Desde o lançamento a 1 de abril de uma campanha de manifestações quase diárias contra o poder, 74 pessoas foram mortas e 1.500 ficaram feridas.

A manifestação desta quinta-feira em Caracas será acompanhada por mobilizações em toda a Venezuela num dia que deverá abrir a “fase decisiva” da campanha de manifestações contra Maduro, disse o deputado Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, onde a oposição é maioritária.