O ministro da Defesa disse esta segunda-feira que Portugal está disponível para integrar uma força da NATO na coligação internacional que combate o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque, na vertente da formação e treino.

“Portugal já mostrou disponibilidade em tempo para assumir que, se fosse necessário, poder reconfigurar o seu empenhamento de forma crescente. Essa disponibilidade mantém-se. Isto pressupõe a definição clara por parte de todos os elementos da Organização. Quando essa definição foi mais clara, estarei em condições de dizer o que convirá ao Estado português”, afirmou Azeredo Lopes.

O ministro da Defesa Nacional falava à agência Lusa durante uma visita de três horas à força portuguesa destacada no Iraque, 30 efetivos da Brigada de Intervenção do Exército na operação Inherent Resolve, proporcionando treino e formação às forças iraquianas na base militar “Grã Capitan”, no campo de treino de Besmayah, a cerca de 50 km a sudoeste de Bagdade.

Na semana passada foram noticiados os progressos obtidos pelas forças iraquianas, apoiadas pela coligação internacional, contra o EI na parte ocidental de Mossul. Espera-se que o conflito “esteja realmente a aproximar-se do fim”, considerou Azeredo Lopes.

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Esses desenvolvimentos deverão ditar uma reconfiguração da organização da presença da coligação internacional no Iraque, a par com a definição dos termos em que a NATO participará, e do papel que o Iraque quererá assumir, admitiram à Lusa fontes da Defesa.

Azeredo Lopes frisou que, depois de ter sido aprovada em maio passado, ainda demorará algum tempo até serem definidos os termos em que a NATO irá participar como membro de pleno direito na coligação internacional liderada pelos EUA.

Só depois da definição dessa participação é que se poderá perceber melhor que contribuição vai ser pedida aos Estados-membros, sendo certo que Portugal reitera a disponibilidade para reforçar a sua contribuição nesta missão.

“Os países-membros decidiram que a NATO podia vir a participar como um novo membro da coligação anti-Daesh, isto implica uma promoção do empenhamento da organização, que seja realmente a 360 graus, que seja solidário com o flanco leste, mas sobretudo não esqueça a ameaça global efetiva, o flanco sul”, sublinhou.

“A defesa do presente, e que será a defesa do futuro, é impossível realizá-la sozinho”, considerou, destacando que cada vez mais é necessária “uma dimensão internacional, multinacional, aprofundada”.

A capacitação e qualificação das Forças Armadas iraquianas visam “o fim último, que todos desejam, um Iraque mais seguro e capaz, que será com certeza uma barreira mais eficiente contra o flagelo do terrorismo transnacional”, disse.

Apesar de ter durado apenas três horas, a visita à Força Nacional Destacada no Iraque serviu para o ministro da Defesa “transmitir uma mensagem de apreço” aos militares num teatro de operações “em condições exigentes e muito difíceis”.

Enaltecendo as capacidades dos militares portugueses num teatro de operações exigente, Azeredo Lopes admitiu ter ficado impressionado “com o calor”, depois de ter discursado sob o sol de 48 graus que se fazia sentir em Besmayah pelas 16:30.

Azeredo Lopes elogiou ainda a organização do centro de treino edificado pelos militares espanhóis, Grã Capitan, na base de Besmayah, onde estão os 30 militares portugueses da Brigada de Intervenção do Exército, que já é o 5.º contingente nacional naquela missão e será rendido em novembro.

Armamento, tática, viaturas blindadas, comunicações, logística, defesa nuclear e biológica, tiro, química e radiológica, topografia e navegação são algumas das capacidades de treino ministradas pelos militares portugueses.

Acompanhado pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro, e pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, o ministro da Defesa foi recebido pelo comandante da base militar Grã Capitan, general Rabadan.