O Presidente norte-americano, Donald Trump, instou o seu homólogo mexicano a parar de dizer publicamente que o México não pagará a construção do muro fronteiriço prometido pelo multimilionário na campanha eleitoral, noticiou o Washington Post.

Segundo o diário, que cita a transcrição de uma chamada telefónica de 27 de janeiro, Trump disse a Enrique Peña Nieto: “Você não pode dizer isso à imprensa”.

Tenho que fazer com que o México pague o muro. Ando a falar disso há dois anos”, prosseguiu o Presidente dos Estados Unidos.

Dando-se conta das dificuldades políticas nacionais que acarretaria para o seu interlocutor garantir um tal financiamento, Donald Trump, que iniciou o mandato a 20 de janeiro, acrescentou: “Deveríamos dizer os dois ‘Vamos encontrar uma solução'”.

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“Isso funcionaria de uma forma ou de outra como uma fórmula, em vez de você dizer ‘Nós não pagaremos’ e de eu dizer ‘Nós não pagaremos'”, argumentou.

Mas “se você diz que o México não vai pagar o muro, então eu já não quero reunir-me com nenhum de vós, porque não posso viver com isso”, advertiu Trump.

Do outro lado da linha, o Presidente mexicano rejeita essas considerações, frisando que se trata de um problema “relacionado com a dignidade do México e o orgulho nacional” do seu país.

“A minha posição tem sido e continuará a ser muito firme, declarando que o México não pode financiar o muro”, disse Peña Nieto, aceitando “parar de falar do muro” e salientando que está “ansioso por falar de forma criativa para resolver o problema”.

O jornal norte-americano publicou também a transcrição integral de uma conversa telefónica ocorrida no dia seguinte, 28 de janeiro, entre Trump e o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull.

Depois de ter feito uma campanha assumidamente anti-imigração, o Presidente dos Estados Unidos expressou o seu descontentamento com um acordo concluído pelo Governo Obama que se comprometia a acolher refugiados retidos em centros de detenção australianos.

“Isso vai matar-me. Sou o melhor do mundo a querer impedir as pessoas de entrar no país e agora aceito receber 2.000 pessoas”, observou.

Turnbull respondeu: “Não há nada mais importante nos negócios e na política que reconhecer que um acordo é um acordo. Você pode, com certeza, dizer que é um acordo que não teria feito, mas vai respeitá-lo”.

“Já estou farto disto”, comentou Trump, após uma discussão acalorada. “Passei o dia todo em chamadas assim e esta foi a mais desagradável de todas”.

Em contraste, a conversa telefónica com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, “foi agradável”, acrescentou. De acordo com a imprensa, esta invulgar publicação de conversas presidenciais surge na véspera de uma conferência de imprensa do ministro da Justiça, Jeff Sessions, sobre a forma de acabar com as fugas de informação do Governo norte-americano.